Os impactos econômicos de uma guerra e como se proteger
Os efeitos de uma guerra são nocivos e degradantes. Em um conflito desta magnitude não existem vencedores ou perdedores, todos saem perdendo. E as consequências vão desde traumas, prejuízos sociais, ambientais, emocionais e, também, financeiros. Não importa em qual local do mundo ocorra, seus reflexos alcançam toda a sociedade de maneira direta ou indireta, principalmente a vida financeira.
Sob a ótica de investimentos, a especialista em Educação Financeira, Vívien Aucar, explica sobre as principais consequências deste conflito na economia. “Pode parecer um certo egoísmo falarmos em dinheiro quando sabemos que existem milhares de famílias pensando apenas em preservar suas vidas, no entanto, quando lembramos que o dinheiro é o principal meio de sustento da sociedade o tema passa a fazer mais sentido.”, destaca a especialista.
Pressão sobre a inflação
Uma guerra eleva a incerteza ao redor do mundo. O medo, a tensão e a imprevisibilidade, por sua vez, geram desequilíbrios entre oferta e demanda. “Um exemplo é o aumento que todos estão sentindo nos preços da energia e dos combustíveis.
Outro ponto relevante no caso da Rússia e Ucrânia é a participação destas economias na produção de comodities como trigo e milho, além de fertilizantes. O preço destes insumos no mercado internacional tem sofrido uma escalada nas últimas semanas. E por serem insumos indispensáveis para atividades como a agricultura (no caso dos fertilizantes) e pecuária (no caso da alimentação dos animais), sua falta acaba gerando uma quebra na cadeia de suprimentos, como uma bola de neve. Estes são apenas alguns exemplos de como a incerteza sobre a menor oferta global pressiona a inflação ao redor do mundo”, explica Vívien Aucar.
Vale lembrar que a pressão altista sobre a inflação é um fator de risco relevante, uma vez que os índices de preços se encontram muito acima da meta nas principais economias desenvolvidas e em desenvolvimento.
Aperto monetário e menor crescimento global
De acordo com a especialista, com a inflação global pressionada, é de se esperar que os bancos centrais atuem fortemente para conter o avanço dos preços. “Chamamos isto de política contracionista. Ela pode ocorrer de maneira fiscal com a elevação de impostos ou de maneira monetária com a elevação dos juros e retirada de estímulos. O fato é que uma política restritiva reduz as expectativas para o crescimento global”, explica.
A partir disto, é possível notar um significativo aumento no risco de o mundo entrar em um ambiente mais desafiador, com inflação persistentemente alta, políticas monetárias contracionistas (ou menos expansionistas) e um consequente impacto negativo sobre o crescimento. Este conjunto de fatores é chamado de “Estagflação”.
Olhando para o Brasil
Na economia brasileira, além dos problemas domésticos já conhecidos, como o risco político, fiscal e as incertezas inerentes a um ano eleitoral, o cenário inflacionário não é diferente do resto do mundo. “É possível que este fator inflacionário gerado pela guerra prejudique a convergência da inflação para a meta, adicionando pressão para o Banco Central do Brasil a subir ainda mais os juros ou pelo menos postergar o início do ciclo de queda para além do ano de 2022. Portanto, o que vemos pela frente é: juros em níveis elevados, economia em desaceleração e redução da confiança dos empresários”, prevê Aucar.
Apesar de todos estes fatores, os primeiros meses de 2022 foram marcados por uma forte valorização do Real frente ao Dólar.
De acordo com a gerente Vívien Aucar, a explicação está no fluxo positivo de capital estrangeiro que entrou no Brasil, superando a marca de R$ 60 bilhões desde o início do ano. E quanto mais dólares temos no país, mais barato ele fica (ou seja, o Real se valoriza). “Os investidores internacionais têm procurado proteção nas empresas brasileiras ligadas a commodities. Com isso, o principal índice do mercado acionário brasileiro vem acumulando resultado positivo neste início de 2022, enquanto as bolsas ao redor do mundo tiveram queda”, diz.
Como proteger sua carteira de investimentos dentro deste contexto de Riscos e Oportunidades
Vivien explica que a recomendação macro é manter uma boa DIVERSIFICAÇÃO, que proporcione uma exposição equilibrada e adequada ao seu perfil de risco. “Nesta análise entram ainda questões como a necessidade de liquidez e os objetivos individuais de cada investidor. Assim, o investidor poderá aproveitar o bom momento da renda fixa com a taxa de juros acima de dois dígitos (o Brasil possui um dos maiores juros reais do mundo, diga-se de passagem), além de aproveitar as oportunidades da renda variável captando movimentos de alta na bolsa e em alguns segmentos específicos, além de mesclar ativos atrelados à inflação que garantem a proteção do poder de compra do dinheiro com um prêmio adicional e até mesmo estratégias com derivativos (que podem inclusive se beneficiar com a queda de algum índice)”, conclui a especialista.
São muitas as estratégias e ativos disponíveis e, por isso, realizar uma consultoria de investimentos pode auxiliar muito na construção da carteira de investimentos mais adequada para cada um.
Fonte: Unicred
Da redação
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