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Vinhos de Lisboa, por Eduardo Araújo
Do frescor atlântico aos tintos encorpados do interior, Lisboa mostra sua força no mapa do vinho

Lisboa desponta como uma das regiões mais fascinantes do vinho português, unindo diversidade e tradição em cada rótulo. (Foto: Eduardo Araújo)

Publicado em 22/08/2025

Um mundo de diversidades é o slogan dos Vinhos de Portugal.
Mas, poderia ser também da região de Lisboa. A primeira vez que estudei sobre essa região ela ainda era chamada Estremadura e a mudança foi essencial já que Lisboa é uma das capitais com maior ligação à produção de vinho e o nome é muito mais amigável. 

Menos conhecida pelo público geral quando comparada a Douro ou Alentejo, mas muito importante para Portugal quando falamos em qualidade, quantidade e história. 

Passei uma semana viajando pela região a convite da CVR Lisboa e foi uma imersão fantástica, vendo sua diversidade de estilos, terroirs e produtores. Visitamos cooperativas de centenas de famílias fazendo, com qualidade, mais vinho que o Brasil inteiro e pequenos produtores familiares produzindo vinhos de autor em quantidades muito limitadas.

Lisboa tem 9 Denominações dentro da sua extensão, da fresca Torres Vedras, passando por Bucelas que é especializada em vinhos brancos da clássica e vibrante uva Arinto, também com algumas das menores Denominações de Origem do mundo, como Carcavelos e Colares, que possuem cerca de 10 e 20 hectares aproximadamente. Tem também Lourinhã para aguardente e a mais quente Alenquer, protegida pelas Serra de Montejunto e dos Candeeiros, que produz alguns tintos mais encorpados.

A diversidade, assim como de todo o território de Portugal, é oposta ao seu tamanho. Solos arenosos, argilosos, calcários e pedregosos e mudanças climáticas bruscas. Saímos da margem do Tejo a cerca de 40 km do mar e dirigimos cerca de uma hora em direção ao litoral onde fomos visitar uma vinícola que tinha vinhas a 300 m do mar, a mudança de clima foi brusca, de um sol intenso e 37 graus no interior encontramos uma névoa baixa e 21 graus no litoral, ou seja, de um terroir apto a tintos mais robustos fomos em pouco tempo a um local que produz vinhos brancos vibrantes e cheios de acidez.

A brisa marítima do frio oceano Atlântico que banha a costa portuguesa é um remédio essencial para o forte calor da época da vindima, ajuda a criar um necessário alívio para maturação e a tão procurada amplitude térmica.

Um dos focos de alguns produtores que visitamos é a categoria “vinhos leves”. Vinhos com até 10,5% de álcool, acidez vibrante e normalmente com um certo açúcar residual que pode variar de acordo com o país de destino. Lembrando que na região é proibida a chaptalização, por isso é normal os produtores usarem um mosto concentrado retificado para adicionar a doçura e equilibrar a acidez. As uvas mais comuns são Fernão Pires e Moscatel Graúdo e para tintas eles possuem muito da variedade Caladoc, um cruzamento entre Grenache e Malbec, que produz bastante e é bem frutada.

Os caminhos entre as regiões são de paisagem ondulante cheia de colinas, por momentos me lembrou o Langhe. Saindo de Lisboa para qualquer lado temos diversas opções, principalmente na parte Oeste. 

Muitas vinícolas têm receptivo turístico e até restaurantes e a viagem pode ser rica em história visitando o Palácio de Mafra ou aprendendo sobre as Guerras Napoleônicas com a batalha do Vimeiro. 

Mas, se forem, não deixem de provar os famosos Colares, essa pequena região possui vinhos únicos, feitos de vinhedos à beira-mar literalmente plantados na areia, sobreviveram a filoxera e são feitos com uvas únicas locais como a tinta Ramisco e a branca Malvasia de Colares. E claro, termine as refeições pedindo os fortificados de Carcavelos com os doces conventuais regionais.

 

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Sobre o autor

Eduardo Machado Araujo

Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers


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