Vinhos de Lisboa, por Eduardo Araújo
Do frescor atlântico aos tintos encorpados do interior, Lisboa mostra sua força no mapa do vinho

Um mundo de diversidades é o slogan dos Vinhos de Portugal.
Mas, poderia ser também da região de Lisboa. A primeira vez que estudei sobre essa região ela ainda era chamada Estremadura e a mudança foi essencial já que Lisboa é uma das capitais com maior ligação à produção de vinho e o nome é muito mais amigável.
Menos conhecida pelo público geral quando comparada a Douro ou Alentejo, mas muito importante para Portugal quando falamos em qualidade, quantidade e história.
Passei uma semana viajando pela região a convite da CVR Lisboa e foi uma imersão fantástica, vendo sua diversidade de estilos, terroirs e produtores. Visitamos cooperativas de centenas de famílias fazendo, com qualidade, mais vinho que o Brasil inteiro e pequenos produtores familiares produzindo vinhos de autor em quantidades muito limitadas.
Lisboa tem 9 Denominações dentro da sua extensão, da fresca Torres Vedras, passando por Bucelas que é especializada em vinhos brancos da clássica e vibrante uva Arinto, também com algumas das menores Denominações de Origem do mundo, como Carcavelos e Colares, que possuem cerca de 10 e 20 hectares aproximadamente. Tem também Lourinhã para aguardente e a mais quente Alenquer, protegida pelas Serra de Montejunto e dos Candeeiros, que produz alguns tintos mais encorpados.
A diversidade, assim como de todo o território de Portugal, é oposta ao seu tamanho. Solos arenosos, argilosos, calcários e pedregosos e mudanças climáticas bruscas. Saímos da margem do Tejo a cerca de 40 km do mar e dirigimos cerca de uma hora em direção ao litoral onde fomos visitar uma vinícola que tinha vinhas a 300 m do mar, a mudança de clima foi brusca, de um sol intenso e 37 graus no interior encontramos uma névoa baixa e 21 graus no litoral, ou seja, de um terroir apto a tintos mais robustos fomos em pouco tempo a um local que produz vinhos brancos vibrantes e cheios de acidez.
A brisa marítima do frio oceano Atlântico que banha a costa portuguesa é um remédio essencial para o forte calor da época da vindima, ajuda a criar um necessário alívio para maturação e a tão procurada amplitude térmica.
Um dos focos de alguns produtores que visitamos é a categoria “vinhos leves”. Vinhos com até 10,5% de álcool, acidez vibrante e normalmente com um certo açúcar residual que pode variar de acordo com o país de destino. Lembrando que na região é proibida a chaptalização, por isso é normal os produtores usarem um mosto concentrado retificado para adicionar a doçura e equilibrar a acidez. As uvas mais comuns são Fernão Pires e Moscatel Graúdo e para tintas eles possuem muito da variedade Caladoc, um cruzamento entre Grenache e Malbec, que produz bastante e é bem frutada.
Os caminhos entre as regiões são de paisagem ondulante cheia de colinas, por momentos me lembrou o Langhe. Saindo de Lisboa para qualquer lado temos diversas opções, principalmente na parte Oeste.
Muitas vinícolas têm receptivo turístico e até restaurantes e a viagem pode ser rica em história visitando o Palácio de Mafra ou aprendendo sobre as Guerras Napoleônicas com a batalha do Vimeiro.
Mas, se forem, não deixem de provar os famosos Colares, essa pequena região possui vinhos únicos, feitos de vinhedos à beira-mar literalmente plantados na areia, sobreviveram a filoxera e são feitos com uvas únicas locais como a tinta Ramisco e a branca Malvasia de Colares. E claro, termine as refeições pedindo os fortificados de Carcavelos com os doces conventuais regionais.
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Sobre o autor

Eduardo Machado Araujo
Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers
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