Problemas fúngicos nos vinhedos: Desafio mundial
Conheça os dois dos principais e mais destrutivos fungos para os vinhedos
Problemas fúngicos são um grande desafio para produtores do mundo todo. Da Serra Gaúcha à Borgonha, o prejuízo financeiro é enorme. Dois dos principais e mais destrutivos fungos para os vinhedos vieram da América do Norte, sendo oídio e míldio os que mais tiram o sono de qualquer vigneron.
Oídio
O oídio, também conhecido como “powdery mildew” em inglês, ou míldio pulverulento, é uma doença fúngica que afeta as áreas verdes das videiras. Causado pelo fungo Erysiphe necator, o oídio apareceu pela primeira vez na Europa em 1845. A doença espalhou-se rapidamente, atingindo estufas na França e na Bélgica dois anos depois. Até 1851, o oídio havia se alastrado por todos os países produtores de uvas na Europa, causando perdas enormes, especialmente na França, onde destruiu a colheita em cerca de 75%.
O Oídio forma uma rede de esporos brancos ou acinzentados, visíveis como manchas nas folhas e uvas. As infecções prejudicam brotos e inflorescências, reduzem o tamanho das uvas, causam rachaduras e podridões, e impactam negativamente a produção de vinho. A transmissão ocorre pelo vento ou, de forma pior, sexuada, o que é mais perigoso e resistente. O oídio prefere condições acima de 25ºC, secas e sombreadas, sendo mais problemático em variedades de uvas como Chardonnay e Cabernet Sauvignon.
A prevenção e controle do oídio incluem manter as videiras com copas abertas para reduzir a sombra e a aplicação de enxofre. A prevenção é mais eficaz do que o controle após o ataque. Fungicidas sistêmicos também são usados, mas com moderação para evitar resistência do fungo.
Míldio
O míldio, ou “downy mildew” (também conhecido como peronospora), é causado pelo fungo Plasmopara viticola. Ele é aquático e vive dentro do tecido da planta, não na superfície. Introduzido na Europa na década de 1870, este fungo altamente destrutivo afeta todas as partes verdes da videira. O míldio gosta de alta umidade e temperaturas acima de 20°C, espalhando-se rapidamente durante chuvas intensas. Sinais de infecção incluem manchas amarelas, ou “manchas de óleo”, nas folhas, que evoluem para um crescimento fúngico branco.
O impacto do míldio na videira é grande, resultando na queda das folhas, redução do rendimento e teor de açúcar das uvas, e exposição dos cachos à queimadura solar. Variedades como Chardonnay e Pinot Noir são mais suscetíveis, enquanto variedades norte-americanas e híbridas mostram maior resistência.
A calda bordalesa, composta por sulfato de cobre e cal, foi desenvolvida em 1885 como uma medida preventiva eficaz contra o míldio. A aplicação desta mistura, junto com a manutenção de boas práticas de cultivo, como drenagem eficiente e copas abertas, ajuda a minimizar o risco de infecção.
Existem opções biodinâmicas para a prevenção desses problemas, como o Preparo 501 (Sílica de Quartzo) aumentando a resistência e o 508, pulverizando cavalinha, que possui capacidade antifúngica. Essas práticas, aliadas a um manejo cuidadoso e atento, são fundamentais para manter os vinhedos saudáveis e produtivos.
Com as mudanças climáticas, os problemas naturais estão gerando prejuízos milionários nas principais regiões. A boa notícia é que isso não necessariamente diminui a qualidade dos vinhos, pois os cachos que sobram podem perfeitamente gerar uma safra espetacular se as condições climáticas forem favoráveis no restante da temporada.
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Sobre o autor
Eduardo Machado Araujo
Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers
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