Os encantos do vinho aqui e no exterior
Um tema recorrente nas minhas colunas ou nos meus bate-papos é a variedade de vinhos e regiões que temos disponíveis pra nossa escolha e porque sempre nos fixamos em um estilo de uva ou produtor quando temos um mundo em nossas mãos. Gosto muito de sugerir vinhos diferentes do que aqueles que os clientes mais costumeiros procuram, justamente pra instigar a curiosidade e aguçar o paladar com novidades. Uvas e regiões com perfis parecidos, porém distantes.
Como já falei sobre o tema “vinhos” e suas variedades, falo hoje sobre as regiões que podemos visitar e que são um pouco fora das rotas tradicionais e mais conhecidas pela grande maioria do público. Quando converso com amigos e clientes que viajam para conhecer os vinhos no exterior, é comum escutar: Mendoza, Maipo, Bordeaux, Champagne, Napa, enfim, as regiões mais conhecidas e tradicionais de cada país. Mas temos regiões novas ou que estão se tornando mais conhecidas hoje e que são fantásticas tanto nos vinhos que produzem quanto no que o turismo local tem a oferecer.
Alguns dos lugares mais bonitos pra se visitar na América do Sul são os glaciais da Patagônia e uma das regiões mais interessantes fica lá, no extremo sul da Argentina, próximo à latitude 40°, num clima frio, seco e com ventos intensos, criando uma maturação excelente nas uvas e mantendo seu frescor de acidez natural. Rio Negro é a sub-região mais antiga e Neuquen é a nova região que puxa água do rio homônimo para cultivar suas uvas.
A Itália é um país que poderíamos visitar todo ano durante uma década e não conheceríamos tudo. O foco fica principalmente nas regiões mais famosas da Toscana, Vêneto e Piemonte. Porém, a Ilha da Sicília, no extremo sul, produz vinhos há mais de 5 mil anos. Terra do Monte Etna, um incrível vulcão, a Sicília nessa última década está transformando sua produção massiva em vinhos de maior qualidade com intensos Nero d’Avolas e brancos mais expressivos das locais Grillo e Catarrato, além de um dos melhores vinhos de sobremesa da Itália, o Passito di Pantelleria. Os vinhedos com vista para o Mediterrâneo são lindos.
Na França temos essa mesma “dificuldade”. Champagne, Bordeaux e Borgonha dominam os roteiros, mas regiões como o Vale do Loire e a Alsácia podem trazer surpresas incríveis. No Loire, o Jardim da França, temos dezenas de castelos fantásticos misturando-se aos vinhedos de grandes terroirs seguindo o Rio Loire, brancos complexos em Pouilly-Fumé e Savenniéres, e tintos elegantes em Chinon, terra da Cabernet Franc. Na Aslácia temos uma terra que mistura pacificamente toda a influência alemã. As vilas charmosas no meio dessa região de cartão postal e do clima mais ensolarado da França são um convite a um passeio romântico provando alguns dos brancos mais expressivos do mundo.
E por fim, por que não conhecer as regiões vinícolas do Brasil? Em frequentes conversas percebo que os brasileiros acabam conhecendo dezenas de regiões mundo afora e ainda não visitaram o nosso belíssimo Vale dos Vinhedos. Lá temos dezenas de vinícolas maravilhosas e que produzem vinhos cada vez melhores, além de uma ótima estrutura turística. Uma obrigação para os amantes do vinho. Aqui pertinho, a região de São Joaquim está cada vez mais preparada para receber os visitantes com novas instalações vinícolas e restaurantes e varejos preparados.
Tem coisa melhor que viajar comendo e bebendo bem?
Sobre o autor
Eduardo Machado Araujo
Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers
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