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O frescor do Mediterrâneo nos vinhos brancos
Variedades menos conhecidas surpreendem com acidez marcante

Sommeliers estão atentos às uvas brancas do sul da França que combinam frescor e elegância. (Foto: Pixabay)

Publicado em 31/01/2025

Você provavelmente nunca ouviu falar nessa variedade, mas a Piquepoul (ou Picpoul) é uma das novas queridinhas dos Sommeliers lá fora. Ela tem sua versão Noir e Rosé, mas é a Blanc principalmente na AOP Piquepoul de Pinet, no Languedoc, que chama atenção por fazer vinhos frescos e deliciosos, com sua acidez marcante ajudando a refrescar o bebedor do calor local.

Ela é cultivada há séculos no Sul da França e seu nome tem algumas origens discutidas, como proximidade de algum pico ou montanha e até mesmo que “pica o lábio”, devido à sua vibrante acidez. 

Essa sub-região do Languedoc, próxima ao mediterrâneo no Sul da França tem um clima quente, mas a proximidade do mar e algumas lagoas costeiras, aliado ao solo argilo-calcário e a característica morfológica da variedade conseguem manter essa acidez marcante, notas cítricas e minerais aos vinhos. Aliás, outro fator que percebemos é uma sensação de brisa marinha, salina, e um álcool moderado, tornando o Piquepoul de Pinet um vinho delicioso e fácil de beber.

Tal destaque para a variedade nesse local rendeu em 2013 o status de Denominação de Origem Controlada, ou a sigla AOP que usamos hoje em dia. 

Outra branca local muito importante é a Vermentino, que talvez seja mais conhecida na Itália por fazer vinhos deliciosamente frescos, mas é muito plantada no Sul da França onde é chamada de Rolle. Já no século XVI aparecia em registros escritos da Itália e chegou na Córsega aparentemente muito antes. Ela também se encontra no Piemonte com o nome Favorita, por isso mesmo, ser a favorita dos locais no Século XVII.

É no Sul da França que ela é plantada extensivamente com quase 3.500 hectares sendo recomendada em diversos departamentos para aportar aromas florais e acidez viva aos outros brancos locais. 

Não tão plantada por ser muito difícil de cultivar, mas que nos locais certos tem uma qualidade incrível é a Roussanne. Famosa por ser parceira no blend do Norte do Rhône com a mais difundida Marsanne, ela é mais complexa, tem mais aroma e acidez, fazendo vinhos mais frescos e longevos. 

Por essa qualidade ela está sendo mais plantada e é autorizada no Sul do Rhône, inclusive no blend de Châteauneuf-du-Pape, justamente por aportar esse frescor lembrando verbena. Ela se dá bem nos solos pobres e pedregosos da região, mas como disse, é difícil de produzir. 

Quando o produtor de qualidade aposta nela é recompensado por grande potencial de guarda e linda complexidade. Sua característica de maturação tardia é mais adaptada a região do Languedoc-Roussillon onde é comum ser usada no blend com Bourbolenc, Grenache Blanc e Vermentino.

E para não passar em branco ela é a uva da denominação Chignin-Bergeron na região Alpina de Savoie.

Como o mundo dos brancos não é só feito de Chardonnay e Sauvignon Blanc a dica é provar essas outras referências, a surpresa é sempre boa!

 

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Sobre o autor

Eduardo Machado Araujo

Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers


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