Clubes de Vinhos – Uma jornada que pode valer a pena, por Eduardo Araújo

Vinhos raros, educação enológica e confrarias locais criam uma nova cultura de consumo no país

Como já dizia Groucho Marx, “Eu nunca faria parte de um clube que me aceitasse como sócio”  Mas, se falarmos de alguns Clubes de Vinho a ideia de ser sócio pode ser muito interessante. 

Nos últimos anos, os clubes de assinatura de vinhos se proliferaram e facilitaram o acesso aos mais diversos rótulos dentro do mercado Brasileiro. A conveniência, a figura de uma curadoria especial, preços atrativos e a exclusividade são fatores que criam uma experiência interessante para o consumidor. Hoje os clubes se multiplicam e temos ofertas de grandes players como grandes websites e importadoras, como a Wine e Grand Cru, como também grupos de whatsapp e pequenos wine bars apostando em proximidade com o cliente e uma curadoria mais atenta, e claro, tudo o que é possível entre esses dois mundos. Como o que a Cellar faz com seu Clube Cellar Selections, transformando o acesso a rótulos de qualidade no Brasil, oferecendo curadoria especializada, mas com um tamanho limitado, permitindo receber em casa vinhos raros até mesmo lá fora. Ambientes assim combinam seleções exclusivas com uma comunidade apaixonada, atraindo para esses clubes enófilos mais exigentes, mas também apresentando desafios. 

Já ouvi de muita gente que Clubes são formas de “desovar” vinhos encalhados. Mas, quando o Clube é pensado como uma parte fundamental do seu relacionamento com o cliente, querendo manter ele no universo da empresa, isso não faz sentido, pois a qualidade percebida tem que ser acima das expectativas. Claro que Clubes enormes perdem a personalidade e muitas vezes vinhos mais genéricos, White labels, são trazidos de forma a atender milhares de assinantes. Por outro lado, esses clubes sempre têm um preço mais atrativo, sendo ideal para orçamentos mais apertados. Assim, considero opções boas para quem está começando ou querendo entender mais de vinhos, formando o paladar. Mas no fim, são claramente clubes de transição onde será necessário dar o próximo passo rapidamente. 

Em quase todos os programas vemos vantagens como materiais educativos, frete grátis e descontos fixos para sócios, brindes e até mesmo vinhos exclusivos para o Clube. Mas, ao mesmo tempo, temos dificuldades onde a maioria não permite personalização, frustrando quem prefere mais tintos ou mais brancos, por exemplo. Porém, essa é a ideia de um Clube sério, vender a curadoria, ajudar a formar paladar e adquirir conhecimento sobre o universo do vinho. Outros pontos importantes são a criação de uma comunidade, conectando apaixonados em eventos e degustações exclusivas e formando confrarias locais com membros que moram próximos, criando um network muito interessante.

Há também o risco de expectativas não atendidas, com seleções experimentais que nem sempre agradam, ou vinhos muito genéricos com preços que não condizem com a qualidade. Quanto ao estilo, sabemos que o paladar é subjetivo, mas novamente acho que isso faz parte do aprendizado e estar em um Clube é abrir seu paladar para novos sabores. 

O ideal é entender o perfil do Clube, da curadoria envolvida, buscar Sommeliers e wine hunters experientes e com vasto conhecimento das tendências mundiais e claro entender qual o orçamento e em qual clube ele se encaixa. Um bom clube de vinho pode aliar benefícios incríveis e melhorar muito sua experiência e conhecimento.

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