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Champagnes de terroir: mais expressão e energia na taça
Eduardo Machado Araújo está de volta!

Foto: Reprodução

Publicado em 27/04/2021

Inevitavelmente, na medida que aprendemos mais sobre vinhos, percebemos algumas diferenças entre grandes marcas e produtores de rótulos artesanais com uma produção limitada. Sempre repito que não é uma regra ser melhor ou pior de acordo com a quantidade da produção, porém, é fácil entender que um vinho feito em grandes quantidades, com uvas vindas de diversos locais e menor controle de maturação, é um vinho que não entrega tanta tipicidade e que, provavelmente, irá precisar de mais intervenção na vinícola.

Mas, quando falamos de Champagne, não só a qualidade média já é muito boa, mas também as grandes marcas têm um trabalho de marketing incrível e que consegue sempre transmitir qualidade e exclusividade, mesmo que produzam dezenas de milhões de garrafas do mesmo rótulo.

Aqui quero falar um pouco sobre o oposto: Champagnes de pequena produção, de terroir, que são feitos por produtores novos e alguns tradicionais, e estão mudando a forma de apreciar os vinhos dessa fantástica região.

Mesmo sendo responsáveis por 70% das vendas de Champagne, as Maisons, ou "grandes casas", dependem dos produtores de uvas para suprir sua demanda: 90% dos vinhedos de Champagne estão nas mãos dos produtores (growers), que são cerca de 15.800, hoje em dia.

Quando você compra um Champagne, em algum lugar na garrafa você verá uma sigla identificando a posição desse produtor nessa cadeia de negócios.

As principais são:

NM – Négociant Manipulant: Produz seus vinhos com uvas compradas dos produtores de uvas, ou “growers” e possivelmente também uvas próprias.

RM – Récoltant Manipulant: O produtor cultiva suas uvas e produz o Champagne com no mínimo 95% delas.

CM – Cooperative Manipulant: Uma cooperativa de produtores de uvas que se juntam para produzir uma ou mais marcas coletivamente.

Tradicionalmente, esses produtores de uva vendem sua fruta para as grandes casas, e é muito comum um contrato de décadas entre uma família de produtores e uma grande Maison. Esse sistema funciona porque a propriedade geralmente é pequena, com cerca de 2 hectares em média, e o preço do quilo da uva pode chegar a €10,00 nos vinhedos mais prestigiosos. Isso faz com que a produção do próprio vinho, respeitando a legislação da região, seja economicamente inviável na maioria das vezes, e que a venda das uvas seja uma maneira mais simples de gerar renda. Ao mesmo tempo, temos o valor médio do hectare de vinhedo na região que pode ultrapassar €2 milhões, impossibilitando a compra de novas terras.
 

Visitando o Aurelien Lurquin, em Champagne (Foto: Arquivo pessoal)


Apesar de tudo isso, nos últimos anos temos visto uma onda, geralmente liderada por uma nova geração familiar, de não renovar contratos de fornecimento de uvas, e começar a produzir seu próprio Champagne com suas próprias uvas. São vinhos incríveis e muito diferentes do que a região tradicionalmente produzia, mais expressivos, refletindo a diferença de cada vinhedo e cheios de energia, são os Champagnes de Terroir, geralmente produzidos por “growers”, mas que também estão se aventurando e comprando uvas de vinhedos de prestígio, trazendo um modelo parecido com a Borgonha e seus Négociants.

O mercado interno francês sempre foi o maior destino desses pequenos produtores, pois, além de tudo, o processo de exportação é sempre custoso, mas o surgimento de importadoras com uma curadoria especializada pelo mundo afora, cria a oportunidade especial de se conseguir provar esses vinhos em diversos países, apesar da sua raridade. Alguns desses produtores chegam a produzir menos de 300 garrafas de um cuvée. A bota notícia é que hoje conseguimos encontrar em algumas importadoras especializadas no Brasil, alguns desses nomes. São eles: Remi Leroy, Charles Dufour, Thomas Perseval, Fleury e Rupert-Leroy entre outros.

Fica a dica!

Escrito por Eduardo Machado Araújo

Certified Sommelier

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Sobre o autor

Eduardo Machado Araujo

Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers


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