Tradições do Japão inspiram reflexão sobre crise climática na Udesc
Evento gratuito reúne palestras, oficinas e apresentações culturais sobre meio ambiente

O Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (Esag) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) é sede esta semana do evento “Mudanças no Clima: O Japão e sua cultura pautada nas estações bem definidas”. Em um momento em que o mundo enfrenta mudanças climáticas cada vez mais severas, um evento cultural inédito propõe uma reflexão profunda sobre os impactos dessas transformações à luz da experiência e das tradições japonesas. A abertura será sexta-feira, 26, às 14h, no auditório da Udesc Esag. A participação é gratuita e aberta ao público, mas precisa de inscrição com antecedência, através do link.
Organizado pela Nipocultura, em parceria com a Associação Sul Brasileira dos Bolsistas no Japão (ASBBJ), o evento reúne exposições, oficinas, palestras e apresentações culturais com o objetivo de conscientizar o público sobre as consequências das mudanças climáticas para o meio ambiente. A realização é possível em função de o projeto ter sido aprovado pela Lei Aldir Blanc, pela Fundação Catarinense de Cultura, em 2024. O projeto convida o público a refletir sobre a crise ambiental a partir de uma perspectiva cultural e ética inspirada no pensamento japonês, que reconhece a Natureza como parte integrante da existência humana.
“Nosso propósito é, portanto, sensibilizar professores, estudantes e comunidade acadêmica para a urgência de pensar as mudanças climáticas não apenas em termos de dados científicos, mas também em termos culturais, éticos e civilizatórios”, enfatiza a coordenadora do evento, Hisaê Kaneoya. “Quando tradições, costumes e modos de vida inteiros começam a ser ameaçados, compreendemos a real dimensão da crise climática”, aponta. O evento celebra os 130 anos do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre o Brasil e o Japão e os 45 anos do Convênio Estado Irmão Aomori Santa Catarina.
Programação inclui palestras e atrações culturais
Durante as palestras, serão discutidos temas como a alteração dos ciclos climáticos no Japão, onde o outono ainda tem temperaturas de verão e o inverno chega com atraso, afetando diretamente o cotidiano, a agricultura e até mesmo a pesca.
O professor Masato Kobiyama, Professor Titular do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) abordará os recentes desastres naturais no Brasil, como as enchentes no Rio Grande do Sul e as queimadas na Amazônia, destacando a importância da prevenção, educação ambiental e gestão da água.
A programação ainda inclui a palestra “Natureza e Xintoísmo” com Iochihiko Kaneoya, que explora a espiritualidade japonesa baseada na conexão com os elementos naturais como montanhas, rios e árvores. Ex-bolsistas da JICA (Agência de Cooperação Internacional do Japão) também compartilharão suas experiências em treinamentos sobre desastres e gestão ambiental no Japão.
Um convite à reflexão sobre a crise climática
O evento convida a sociedade a refletir: o que acontece com uma cultura milenar quando a natureza muda? E mais importante: o que podemos fazer agora para preservar tanto o planeta quanto nossa herança cultural?
O projeto parte de uma premissa presente no pensamento tradicional japonês: a Natureza e o ser humano têm a mesma origem. Esse sentimento de unidade e reverência ao meio ambiente é parte do xintoísmo, filosofia milenar que permeia a cultura nipônica. Por isso, a proposta vai além da arte e da memória cultural, trata-se de um chamado à ação e à consciência coletiva diante da crise climática global.
“Precisamos refletir sobre o que estamos perdendo com o avanço das mudanças climáticas. Tradições, alimentos, rituais e modos de vida estão sendo ameaçados. Este projeto propõe uma abordagem interdisciplinar, onde a ciência caminha ao lado da cultura”, afirma a coordenadora Hisaê Kaneoya.
Por que o Japão como referência?
O Japão, conhecido por sua forte ligação com as estações do ano, já sente os efeitos das mudanças no clima: verões prolongados, invernos instáveis, impacto na agricultura tradicional, como a adaptação do arroz Koshihikari ao aumento da temperatura, e desequilíbrios nos ecossistemas marinhos. Da mesma forma, o Brasil enfrenta desastres recorrentes, como as enchentes no Rio Grande do Sul e as queimadas na Amazônia.
Ao promover a integração entre saberes acadêmicos, culturais e tradicionais, o projeto pretende contribuir com os debates internacionais sobre o clima, alinhando-se ao Marco de Sendai, aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e ao Acordo de Paris. Porém, mais do que reforçar políticas, a proposta busca mobilizar corações e mentes.
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Da redação
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