Como o brasileiro passou de apaixonado por carro a adepto de carsharing
Que o brasileiro sempre foi um dos públicos mais interessados em automobilismo, e que possui paixão por carro é fato. Todo mundo conhece aquele vizinho ou parente que tem ciúmes do seu veículo, e que trata bem dele como se fosse um filho ou um animal de estimação.
Também é fato, que as novas gerações já possuem um menor interesse nesse tipo de assunto, é comum vermos adolescentes que não tem como uma meta tirar a sua “carteira de motorista”, aos 18 anos, como era quase que uma regra há alguns anos. As novas gerações possuem um interesse diferente quando o assunto é o investimento em seu carro próprio, o que é identificado em várias pesquisas ao redor do mundo.
Levantamento da consultoria norte-americana Allison+Partners com jovens do país mostrou que a maioria deles vê os carros como um mero meio de transporte, e não como algo que define a identidade. Além disso, de acordo com estudo desenvolvido pela Bright Consulting, revela que em 2030, os jovens da geração Z (nascidos a partir de 1997), poderão deixar de comprar algo como 250 mil carros/ano.
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Outras duas pesquisas também trazem apontamentos parecidos. A World Resources Institute (WRI), apurou que anualmente, pelo menos 5 milhões de pessoas utilizam o carsharing em todo o mundo como forma de deslocamento urbano. A Shared Mobility, da Universidade da Califórnia, identificou que 25% dos usuários de carsharing venderam os seus veículos e outros 25% adiaram a compra de um novo carro, muito por conta dos custos com combustíveis.
Devemos atribuir esta mudança de hábitos e de costumes a forma como a nova geração enxerga o seu dia a dia. Com as redes sociais, o mundo se tornou mais dinâmico e prático, de forma a ser mais digital. Ou seja, passar horas dentro de um carro para ir de um local ao outro, sem poder realizar outras tarefas no período, virou algo “estranho”. Além disso, claro, as crises no setor econômico, com o aumento dos combustíveis, bem como do custo de um veículo “popular”, pesam na balança de uma geração que se tornou mais crítica ao investir o seu dinheiro em bens materiais.
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E é por isso que o carsharing ganha força nesta fatia da população. Seria impensável, até pouco tempo atrás, utilizar um veículo somente pelo tempo e distância que necessitasse, e mais, sem que o veículo fosse seu, e que pudesse ser utilizado por diferentes pessoas. Isso é parte de uma das novas tendências mundiais e de mercado, a chamada “economia compartilhada”, que nada mais é que um sistema social e econômico que se baseia no compartilhamento de recursos.
Este modelo possui um alto potencial de crescimento e pode gerar investimentos por parte de grandes players do mercado, principalmente, quando o objetivo for o de reduzir custos e, também, aumentar os benefícios oferecidos, seja para seus colaboradores ou usuários.
Outro ponto de influência para a aposta no carsharing por esta nova geração se dá pelo fato de ser um público mais ligado às questões ambientais e, de acordo com estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), os automóveis são responsáveis por 72,6% das emissões de gases efeito estufa (GEE), vilões do aquecimento global.
Ou seja, além de sustentável, também tem como benefício a diminuição na frota de veículos rodando nas ruas, reduzindo os custos com impostos, como o IPVA, e ajuda a otimizar os tempos de deslocamentos e a reduzir o fluxo de trânsito, aumentando espaços de lazer, como ciclofaixas, por exemplo. E, por isso, apesar de ainda ser um público apaixonado por carros, é muito provável que o Brasil se torne um dos países com o maior número de pessoas adeptas do carsharing, e com certeza, não levará muito tempo para isso.
Artigo escrito por Guilherme Cavalcante, CEO e fundador do app UCorp. O executivo tornou-se especialista em desenvolver modelos de negócios e produtos digitais com foco em mobilidade. Guilherme é formado em Tecnologia e Mídias Digitais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e possui pós-graduações em Design de Projetos Especiais (BAU-Barcelona) e Inteligência de mercado (Universidade de São Paulo - USP).
Da redação
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