Eduardo Koerich reforça compromisso com desenvolvimento aliado ao bem-estar social
Experiência internacional do empresário inspira ideias de planejamento e inovação aplicadas à realidade local
Em sua longa jornada pelo associativismo na Capital, e depois de estar à frente da CDL Jovem, o empresário Eduardo Koerich, 34 anos, em janeiro deste ano assumiu a presidência da CDL Florianópolis. Na época, ele pontuou que uma das prioridades da gestão é a requalificação do centro da cidade, para atrair mais moradores e investimentos. As ações começaram pela limpeza, com um trabalho de retirada do lixo acumulado, e segurança - por meio da implantação de câmeras de reconhecimento facial. O próximo desafio será obter recursos para começar a tirar do papel o projeto "Da praça ao Parque", que pretende dar uma cara nova para o tradicional e efervescente calçadão da Felipe Schmidt. "Já começaram a sair alguns prédios retrofitados (o retrofit envolve a atualização da infraestrutura, como instalações elétricas, hidráulicas, sistemas de climatização, e a modernização de acabamentos, preservando as características originais) e estamos tentando encontrar caminhos para que os empresários queiram investir nos imóveis da região", afirma. Uma das ideias é sugerir ao poder público incentivos fiscais - como a recém-aprovada isenção de IPTU para empreendimentos de economia criativa na ala leste do centro histórico. Nesta entrevista, Eduardo fala também sobre moradores em situação de rua, e-commerce, China e o que ele leva do DNA da família Koerich para a liderança na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).
Imagem da Ilha: A transformação do centro histórico é uma das prioridades da sua gestão à frente da CDL Florianópolis. Qual o balanço do que foi feito até agora?
Eduardo Koerich: Iniciamos algumas ações com proprietários da região central e conseguimos viabilizar algumas melhorias. A primeira iniciativa foi relacionada à limpeza. Alugamos um carrinho elétrico para retirada do lixo na Felipe Schmidt e região, que ficava acumulado até às 20h, quando a Comcap passava. Nosso equipamento vai circulando durante o dia e, com isso, já conseguimos melhorar muito a aparência do calçadão. Na área da segurança, instalamos 24 câmeras de segurança de reconhecimento facial, interligadas ao sistema utilizado pela prefeitura. Também disponibilizamos patinetes especiais para patrulha. Emprestamos os equipamentos para uma equipe terceirizada da PMF, que fica rodando no centro. A equipe não tem poder de polícia, mas consegue rodar mais, fazendo abordagens. Quem coloca mercadorias para vender no calçadão, irregularmente, já começa a recolher quando eles passam. Há uma resposta mais rápida, com uma gestão melhor da ocupação. Além disso, a percepção do lojista é que aumentou muito a quantidade de pessoas em situação na rua na região central e, então, a gente vem trabalhando junto com o município, estendendo a mão em torno de alguma solução.
Imagem da Ilha: Sobre os moradores em situação de rua: como a CDL avalia a forma como o assunto vem sendo tratado na cidade e de que forma a entidade poderia ajudar ainda mais nessa questão?
Eduardo Koerich: Eu tenho buscado entender um pouco mais sobre o assunto, porque é algo que impacta diretamente o comércio. Eles têm café da manhã, almoço, café da tarde e janta na passarela, na Baía Sul, e durante o dia ficam na região central pedindo esmola. Aliás, a esmola que se dá em Florianópolis é bem considerável. E ainda tem o Bolsa Família. Então é difícil o pessoal querer sair dessa situação de rua. E muitos já não têm mais discernimento para decidir em função da droga, da dependência química. Então vamos buscar nos aproximar um pouco mais para entender como é que a gente pode contribuir. Talvez uma campanha de conscientização da população a não dar esmola. Pode ser um caminho. E talvez ajudando na criação de locais onde as pessoas possam realmente se tratar e se requalificar. Como lojista, a gente pode empregar esse pessoal que está em uma situação de rua. Porque nem todos estão ali por opção. Alguns estão por necessidade mesmo. A própria prefeitura, quando criou a Passarela da Cidadania, tentou qualificá-los, mas o percentual dos que buscam ajuda é muito pequeno. É uma dificuldade, porque são poucos que querem sair da rua.
O jornalista Fábio Gadotti entrevistando o presidente do CDL Florinaopolis, Eduardo Koerich.
Imagem da Ilha: Há uma discussão importante sobre a forma de ocupação do centro, não é?
Eduardo Koerich: Sim, a ideia é que os proprietários se mobilizem ainda mais. Já começaram a sair alguns prédios retrofitados* e estamos tentando encontrar caminhos para que os empresários queiram investir nos imóveis da região, com algumas sugestões de incentivo para estimular pessoas a investirem na região, especialmente em habitação. Muitos imóveis estão com os andares superiores totalmente desocupados. Porque se tivermos pessoas morando na área, a circulação será maior durante o dia, criando uma sinergia também maior para o lojista. No mês passado, foi lançado a isenção de IPTU para empresas de economia criativa instaladas no centro leste. A gente está querendo construir outros benefícios fiscais para estimular negócios na região.
Imagem da Ilha: Como está o projeto "Da praça ao parque", que trata da requalificação da Felipe Schmidt, com a conexão entre a Praça XV de Novembro e o Parque da Luz?
Eduardo Koerich: Queremos tirar do papel um pedaço desse projeto, com investimentos dos empresários e também recursos da outorga onerosa, e fazer com que seja um modelo inicial. É um projeto bem bacana, da arquiteta Juliana Castro, e estamos em conexão com as secretarias de Habitação e Desenvolvimento Urbano, e da Infraestrutura. A Felipe Schmidt é a rua que tem mais circulação na região central, como mostram as câmeras: só em junho, 400 mil pessoas passaram diante dos equipamentos. A circulação de pedestres no centro é forte.
Imagem da Ilha: Como vocês têm trabalhado com os associados o assunto e-commerce, que expandiu principalmente durante e pós-pandemia?
Eduardo Koerich: Estamos com um projeto que envolve o proprietário e sempre algum vendedor ou colaborador com mais facilidade em rede social para fomentar o negócio no mundo digital. Na pandemia, muita gente que não tinha o hábito ou que tinha algum receio começou a comprar online por necessidade, foi encorajada a isso. Então, realmente aumentou a participação do online em relação à loja física. Só que com o fim da pandemia, o movimento foi contrário. A loja física voltou a crescer e crescer bem mais do que o e-commerce. As pessoas querem ter essa conexão, estar no ponto de venda, tocar no produto. Percebemos que se o estabelecimento estiver bem apresentado, se o vendedor conhecer o que estão vendendo, a loja física vai ter um papel muito importante. No segmento que eu conheço mais, o de eletromóveis, 70% da venda do Brasil acontece em loja física. Então, a participação do físico é muito forte. E esse número está estabilizado. Considerando os meses de julho e junho, o canal que vem mais crescendo é a loja física.
Imagem da Ilha: No inicio do ano você esteve na China, o que mais chamou no país asiático? E que pode ser importante para o empreendedor daqui?
Eduardo Koerich: Eu encontrei uma realidade totalmente diferente do que eu imaginava. Tinha a impressão de ser um país com muita pobreza e, no entanto, vi cidades extremamente modernas, limpas, organizadas, seguras - monitoradas 24 horas - e que funcionam. China hoje é o primeiro mundo. É um país que passou por uma transformação muito grande nos últimos 50 anos e hoje desfruta de uma economia avançada. Uma questão importante é o planejamento de longo prazo, com políticas de Estado e definição dos programas prioritários. Eles querem, por exemplo ter liderança em inteligência artificial. Então, todas as empresas que quiserem investir nisso vão ter apoio do governo para focar nessa questão. O país também pretende ter o crescimento impulsionado pela demanda doméstica e aumentar o número de smartphones. Eles definem essas metas, focam e executam. Eles pegam as maiores empresas e cada uma pega um segmento para desenvolver inovação e depois têm que compartilhar o conhecimento entre si. É tudo pensado quase como uma cooperativa, focando no crescimento da China, para que seja a maior potência mundial. No fim das contas, as empresas envolvidas acabam crescendo de forma exponencial. Enquanto isso, a gente aqui está brigando com o vizinho em vez de pensar como uma nação.
Imagem da Ilha: As empresas da sua família, onde você começou a trabalhar cedo, tem no DNA duas coisas que saltam os olhos: preocupação social e envolvimento com a comunidade. O que você traz desses pilares para o comando da CDL?
Eduardo Koerich: Acho que até a minha vinda para a CDL faz parte disso. A família sempre esteve muito presente nas entidades, com a questão de colaborar com o desenvolvimento da comunidade. A gente vê que antes de ter uma empresa forte é importante termos uma cidade desenvolvida. Então, sempre teve esse papel. E eu estou na CDL muito com esse intuito, de ajudar, trazendo esse ensinamento que já vem desde o meu bisavô, na fiambreria da Colônia Santana, em São José. Todo final de ano, ele fazia entrega de brinquedos no Natal. As famílias carentes iam lá para receber. E meu avô também sempre teve essa visão de criar uma empresa com um propósito, não somente para enriquecimento próprio, que nunca foi o nosso objetivo, mas um negócio que consiga disseminar valores e contribuir com o crescimento da sociedade.
Entrevista, decupagem e edição: Fábio Gadotti
Direção, fotos, vídeo e supervisão: Herman Byron Neto
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Sobre o autor
Fábio Gadotti
Jornalista com passagem pelos principais veículos de Santa Catarina
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