Quem não se comunica, se trumbica!
A frase do velho guerreiro Abelardo Barbosa, o Chacrinha, nunca esteve tão em alta. Saber se expressar e se fazer entender é um desafio cada vez maior num mundo com menos olho no olho e muitos “whats” (mal) trocados

Todo mundo já viveu algo parecido: a pessoa mandou um email, respondeu uma mensagem ao telefone, trocou um whats, ou simplesmente publicou um comentário no Facebook e... “puxa, entenderam tudo errado o que eu disse”. Quem nunca? A grande questão é que existe uma grande diferença entre o que você fala e o que o outro entende. Um abismo, eu diria. E essa falta de entendimento reside exatamente na ausência de sinergia entre quem fala (emissor) e quem escuta (receptor). As pessoas não estão sintonizadas o tempo todo com os mesmos assuntos conjunturais, nem possuem as mesmas experiências de vida. Nem todos entendem a gíria ou o modo de se expressar do outro. Muitos não sabem se fazer entender mesmo, seja falando ou escrevendo. Outros usam a pontuação de forma equivocada e revertem completamente o significado da mensagem. Enfim, há “n” variáveis que comprometem a boa comunicação. E, infelizmente, há mais chances de erro que de acerto, na maioria dos casos.
Mas, se dizem há tantos séculos, repetida e exaustivamente, que nós, seres humanos, somos sociáveis e que dependemos da comunicação para sobreviver, já não é sem tempo que a gente aprenda a se comunicar. E vamos combinar que essa dificuldade de se fazer entender só está aumentando com as novas tecnologias. Afinal, substituímos o velho olho no olho, por mensagens escritas, de voz, emoticons, links, pensamentos de outros, frases prontas e uma série sem fim de muletas de comunicação para tentarmos dizer por aí quem somos e em que acreditamos. Exemplo? Você está lá no seu feed de notícias do Facebook e vê que aquela sua amiga de infância trocou a foto do perfil por “luto” e talvez você pense que alguém da família dela faleceu, mas uma rápida atualizada nos últimos movimentos do País vai mostrar que na verdade sua amiga é a favor do impeachment da presidente.
Quando nos apropriamos de rótulos, símbolos, ícones ou compartilhamos pensamentos de outrem, estamos assumindo características da nossa personalidade e dizendo quem somos. Cuidado. A interpretação é livre e você pode ser vítima de um grande mal entendido. Outro exemplo: um senhor, já do alto dos seus 70 anos, foi acusado no Facebook de ser pedófilo. Motivo? Estava publicando fotos de crianças, todas com pouca roupa, na praia, no banho... Por quê? Era a Semana da Criança e ele fazia homenagem saudosa aos filhos, agora já adultos. Ele só esqueceu de escrever isso.
Não há, por ora e infelizmente, uma fórmula exata para bem se comunicar. O que se sabe é que essa, definitivamente, não é uma tarefa para amadores. Talvez algumas orientações possam reduzir a chance de se meter numa fria, vamos lá:
1) Quando o assunto for emocionalmente delicado, demandar um esforço de raciocínio ou um exercício de lógica, prefira o método presencial. Nada como uma boa conversa à moda antiga.
2) Nada é mais nocivo à comunicação que o ruído. Evite falar demais, usar palavras rebuscadas ou de entendimento dúbio, dar mil voltas até chegar onde pretende. Seja direto, claro, objetivo. Menos é mais.
3) O tom da voz é mais importante que o teor da conversa. Às vezes uma boa notícia pode soar ruim se ela for dita com aspereza. E uma tragédia poderá tocar corações e desviar o foco do seu autor se for contada com palavras doces e assertivas.
4) Antes de responder, tente entender o que ouviu.
5) Cuidado com o gestual. Seu corpo fala, e muito. O que a sua boca emite não pode contradizer o que o seu corpo exprime.
6) A máxima “tudo o que você disser poderá ser usado contra você” deve ser levada a sério. Pense e repense antes de se manifestar em assuntos sérios, que possam implicar em conseqüências inadministráveis no futuro.
7) Hoje, tudo o que for digitado ou enviado como imagem ou áudio, seja qual for a plataforma de comunicação, estará registrado eternamente. Tenha isso em mente.
8) A comunicação é um talento nato para muitos. Se você não nasceu com ele, treine e cerque-se de quem sabe se comunicar.
9) Por fim, pense que o seu diferencial, seja na profissão, no amor, com os filhos, entre amigos, está justamente no seu poder de comunicação. Invista nisso. Quem se comunica bem, não se trumbica!

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