Paulo Scarduelli inspira pelo exemplo dentro e fora das redações
Em tempos de ruído e velocidade, ele escolheu o caminho da profundidade, da escuta e da comunicação com alma

O nosso personagem da semana é Paulo Scarduelli, um comunicador que fez da palavra um projeto de vida. Jornalista, professor, escritor e empreendedor, ele tem mais de 40 anos de dedicação à comunicação.
Em um mundo cada vez mais acelerado, onde a comunicação se fragmenta em telas e timelines, algumas histórias merecem ser contadas com calma — e reverência. Scarduelli não apenas acompanhou as transformações do jornalismo: fez parte delas. E fez disso uma missão — contar boas histórias, com ética e profundidade.
Na carreira e na família, ele soube transformar desafios em legado. Hoje, à frente da própria agência, segue conectando marcas e pessoas com histórias que fazem sentido. (Foto: Fernando Willadino)
Do início como repórter esportivo no recém-lançado Diário Catarinense — o primeiro jornal totalmente digitalizado do Brasil — às investigações que provocaram CPIs e quedas de secretários de Estado, Scarduelli soube transformar o cotidiano em matéria jornalística de impacto. “Essa primeira experiência foi muito importante, porque é aquela primeira realização do seu trabalho”, lembra ele, com gratidão. Foi também quando consolidou o que viria a ser sua marca: o compromisso com o texto bem feito, claro e preciso.
Ainda nos anos 1990, sentiu que precisava ir além da prática. Mergulhou na vida acadêmica, cursando mestrado em Comunicação na USP. Foi ali que afinou sua visão crítica e descobriu a potência do estudo aprofundado. “Passei mais tempo na biblioteca do que nos bares”, conta, rindo. “Foram tempos de muito estudo. Aprendi a entrevistar qualquer pessoa sem preconceito e a pensar a sociedade com mais profundidade.”
Essa busca por conhecimento o levou, anos depois, às salas de aula como professor. Entre os anos 2000 e 2010, formou mais de 300 jornalistas, muitos deles hoje em posições de destaque na mídia. Mas foi também nessa época que a vida pessoal apresentou novos desafios — e aprendizados.
Ao encerrar o casamento e se ver responsável pela criação de três filhos pequenos, Scarduelli precisou se reinventar. “Não escolhi essa experiência, ela simplesmente aconteceu. Mas foi o momento mais enriquecedor da minha vida”, afirma. Com os filhos de 5, 7 e 9 anos, ele encarou a tarefa de conciliar criação dos filhos e trabalho — antes mesmo de o home office ser comum.
Paulo Scarduelli assumiu a criação dos três filhos ainda pequenos, em um momento de grandes mudanças pessoais e profissionais. (Foto: Hermínio Nunes)
“Trabalhava enquanto eles estavam na escola e priorizei estar presente. Tive que abdicar de eventos, lançamentos, viagens. Mas não me arrependo. Essa escolha você não se arrepende nunca.” Dessa vivência nasceu o livro "Mais Aprendi que Ensinei", publicado em 2020, durante a pandemia. Uma obra rara, especialmente por ser escrita por um homem que assumiu, com plena consciência, o papel de pai. “Me reinventei. Fiz papel de mãe em alguns momentos, mas sempre quis ser o pai. Essa é a mensagem mais importante do livro: os homens podem — e devem — criar os filhos também.”
Sara, a mais velha (sentada), Davi (o do meio) e Catarina (caçula), juntos com o pai.
Hoje, Paulo lidera a Scarduelli Comunicação, agência que reflete os valores construídos desde a infância: ética, compromisso e respeito. Ele acredita que uma comunicação bem feita é ponte entre as pessoas e o mundo — e é isso que oferece aos seus clientes, sejam eles da saúde, da gastronomia, da cultura ou do esporte. Um dos projetos recentes que encheu seus olhos foi a divulgação do espetáculo que uniu a Camerata Florianópolis e o Bolshoi Brasil — uma síntese de arte, técnica e emoção que levou o público ao delírio. “Poder colaborar com algo tão grandioso e sensível é um privilégio. A comunicação também é isso: amplificar o que tem valor.”
Paulo e o maestro Jeferson Della Rocca no dia do show "Arte na Beira-Mar" da Camerata e Bolshoi.
Mais do que empreender, ele busca fortalecer a identidade cultural catarinense. “A comunicação tem esse papel fundamental. Não se trata só de promover eventos culturais, mas de contar nossas histórias, valorizar nossa origem e mostrar quem somos com orgulho.”
Apesar de toda a transformação das mídias nas últimas décadas, algumas coisas, para ele, não mudaram — e nunca vão mudar. “A ética, o respeito ao público, o comprometimento com a informação correta. Isso é inegociável. Sempre acreditei que uma comunicação clara, objetiva e criativa é o único caminho para criar conexão com as pessoas.”
Ao olhar para trás, Paulo Scarduelli enxerga sua vida como uma construção paciente, “tijolinho por tijolinho”. E ao olhar para frente, mantém a certeza de que boas histórias — bem contadas — continuam sendo a chave para transformar o mundo.
Paulo e sua namorada Rosana.
Texto: Carolina Beux
Da redação
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