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Segundo o Sistema Único de Saúde (SUS), a partir do Datasus, mais de 3,5 mil pessoas morrem em média no trânsito brasileiro a cada mês. Com a chegada das celebrações de final do ano, esse número sobe para quase 3,9 mil, 12% a mais, especialmente nos últimos dias de dezembro.

Segundo a Drª. Ingrid Luiza Neto, psicóloga e docente no Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), que atua no Laboratório de Psicologia do Trânsito da Instituição, por trás desses números, a principal causa dos sinistros de trânsito no Brasil, ainda é a falha humana. 

“Com a chegada do fim do ano, é comum que mais pessoas utilizem as vias públicas para pegar a estrada ou mesmo para se locomover até locais de festas, confraternizações e realização de compras. Diante disso, para que possamos nos deslocar com maior segurança, precisamos redobrar a atenção no ambiente de trânsito e adotar comportamentos seguros”, sugere a psicóloga do trânsito, que atua também na formação de profissionais da área de trânsito (psicólogos, gestores públicos, instrutores e diretores) e realiza ações de educação para o trânsito em escolas do DF e GO. Além disso, a professora Ingrid é membro da Câmara Temática de Educação e Saúde do CONTRAN, e representante da Associação Brasileira de Psicologia do Tráfego.

A especialista preparou algumas dicas acerca dos cuidados no trânsito neste final do ano. Confira:

Ingeri bebida alcóolica, e agora?

“O consumo de álcool costuma ser bem frequente durante as festas de final de ano, representando um perigo maior para quem utiliza o sistema de trânsito. Quem ingere bebida alcóolica e dirige o veículo aumenta a chance de se envolver em sinistros de trânsito, bem como a gravidade das lesões resultantes de colisões (OMS, 2004). Vale lembrar que pedestres e ciclistas também devem evitar ingerir bebida alcóolica antes de caminhar ou pedalar, pois o uso do álcool poderá afetar o processo de tomada de decisão e as habilidades psicomotoras (Eichelberger, McCartt, & Cicchino, 2018). Assim, caso tenha bebido, o ideal é que peça para alguém te conduzir durante a realização do seu trajeto”.

Como manter a atenção no ambiente de trânsito?

“Com o aumento da circulação de pessoas nas vias públicas, é importante redobrar a atenção aos estímulos presentes no ambiente de trânsito. Comportamentos como usar o celular ou fones de ouvido podem diminuir significativamente o nível de atenção ao dirigir, pedalar ou caminhar, representando um risco a todos os usuários do trânsito. Lembre-se de que sua atenção deve estar totalmente focada ao ambiente de trânsito, para que sua segurança seja preservada”.

E quanto ao veículo que irei utilizar? Devo providenciar alguma coisa?

“É sempre importante manter o veículo devidamente revisado, para garantir que problemas com o carro, a motocicleta ou a bicicleta sejam sanados. A manutenção das características do veículo deve ser feita de maneira preventiva, para que os sinistros de trânsito sejam evitados. Caso vá viajar de ônibus, é importante verificar com a empresa prestadora de serviços se a manutenção do veículo foi devidamente realizada”.

Estou me sentindo muito cansado (a), o que devo fazer?

“A correria do fim de ano costuma deixar as pessoas mais cansadas que o habitual, dormindo pouco e dedicando menos tempo ao descanso. Antes de dirigir, pedalar ou caminhar, é importante considerar que o sono e a fadiga podem trazer impactos tão negativos no ambiente de trânsito, quanto à ingestão de bebidas alcóolicas. O melhor é sempre repor as energias para que possa trafegar de forma segura”.

Como posso ser mais “consciente” no trânsito?

“Uma das formas mais eficientes para termos um trânsito mais seguro é agindo de maneira empática. Colocar-se no lugar do outro permite que as pessoas compreendam melhor as motivações dos outros e que a convivência seja mais harmônica no ambiente de trânsito. Antes de discutir, brigar ou xingar, é importante tentar entender o que levou o outro a ter aquele comportamento e pensar que talvez você também agiria daquela mesma forma, caso estivesse em seu lugar”, orienta a especialista.

Por fim, a psicóloga Drª. Ingrid Luiza Neto, avalia como as pessoas devem ter uma atenção a fim de prever determinados riscos. “Se todos pensassem que qualquer situação no trânsito pode ser perigosa, ou até fatal, certamente teriam um comportamento mais cuidadoso no trânsito. Ao perceber o risco, é possível pensar em como reduzir e manejar as situações potencialmente perigosas enfrentadas no ambiente de trânsito, sendo mais preventivo e defensivo”, enfatiza.

Da redação

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