A ressignificação do luxo
Entenda como as mudanças do comportamento do consumidor de luxo brasileiro impactam na sua morada
Normalmente, o termo “luxo” está vinculado a um estilo de vida ou de consumo que implica que tudo tem que ser exclusivo, caro e extremamente único. Características que pedem uma experiência especial e genuinamente luxuosa. No entanto, atualmente, um novo grupo de pessoas tem mudado a forma de ver o luxo e vem impulsionando esse mercado. Estamos falando de um nicho que ganhou uma grande proporção no Brasil nos últimos anos de pandemia, uma vez que os consumidores passaram a gastar localmente o que gastariam fora. Os responsáveis por essa mudança são os Millennials.
Essa geração, que corresponde às pessoas nascidas entre 1981 e 1996, é responsável, atualmente, por 46% do mercado de luxo. Para perceber o que isso impacta nessa área, é necessário entender o perfil dessas pessoas. Elas são mais instruídas e informadas e buscam encontrar a si mesmos e viver experiências transformadoras. Por isso, valorizam mais as experiências do que os bens tangíveis do luxo. São elas que definem as tendências que serão imitadas.
Com um perfil diferente, esses novos consumidores substituem o exclusivo pelo único. Eles preferem a experiência e o bem-estar dos momentos vividos. Valorizam a singularidade, a excelência e a perfeição. Eles procuram por um luxo que possa conectá-los a eles próprios. Assim, rompendo paradigmas, o luxo, para essa nova geração, deixa de oferecer itens exclusivos, artesanais e personalizados para ofertar produtos únicos, artísticos e customizados. O luxo não mais segrega. Ao contrário, ele é sinônimo de inclusão.
Com todas essas mudanças na percepção dos novos consumidores de luxo, é preciso estar atento para suprir suas expectativas em vários setores desse mercado. Na arquitetura, por exemplo, a arquiteta Eduarda Correa, do escritório Eduarda Correa Arquitetos Associados, acredita que é importante saber interpretar todos esses aspectos para entregar um produto condizente com o desejo do proprietário.
“Um lar deve refletir a personalidade da pessoa que mora nele. É importante que, em cada ambiente, ele possa sentir a casa como uma extensão de si mesmo. É onde ele espera viver momentos e experiências únicas, e todos os locais da moradia devem estar preparados para isso. Desde o banheiro da suíte – para um momento mais individual – à área social”, afirma a arquiteta.
Para ilustrar a ideia, Eduarda Correa exemplifica com um projeto solicitado ao seu escritório. “Tivemos um cliente que é apaixonado por kart. Ele, inclusive, ganhou vários campeonatos. Na ocasião, queríamos evidenciar essa superação pessoal na sua própria morada. Para isso, fizemos algo realmente único. Um dos veículos dele foi parar na parede da sala de jantar, com os capacetes e os troféus. Tudo foi montado de forma a valorizar cada elemento e, claro, servir de mote para diversas conversas entre os amigos e os familiares em casa”, conta a arquiteta. Com isso, espera-se que a pessoa possa, realmente, consumir o que ela anseia: as experiências. Nesse caso, a casa se transformou em uma extensão da personalidade do proprietário além de causar um impacto único, afinal, quantas casas têm um kart pendurado na parede da área social?
Não é fácil entender este novo consumidor e oferecer o que ele deseja, principalmente quando há confronto de gerações, outros costumes, diferentes expectativas e conceitos. “Na hora de realizar um projeto, é preciso se despir das nossas concepções para ir ao ponto do que o cliente quer. Geralmente, são pessoas com muito conhecimento, bem-informadas e com 100% de certeza do que querem. Nosso desafio é materializar suas ideias com perfeição”, finaliza Eduarda Correa.
Da redação
Gostou deste conteúdo? Compartilhe utilizando um dos ícones abaixo!
Pode ser no seu Face, Twitter ou WhatsApp!