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Maio Verde: glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no mundo

Foto: Reprodução

Publicado em 26/05/2021

O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no mundo e deve afetar 111,8 milhões de pessoas em 2040, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). No entanto, quatro em cada dez brasileiros não sabem o que é a doença. O dado é da pesquisa “Um olhar para o glaucoma no Brasil”, divulgada pelo Ibope Inteligência no segundo semestre de 2020, e revela a necessidade de levar informação à população. E é para isso que foi criado o Maio Verde, no mês em que ocorre o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, 26 de maio.

“O principal fator associado à cegueira é o estágio da doença no momento do diagnóstico. Em países desenvolvidos, 50% das pessoas desconhecem que têm o problema. Em países subdesenvolvidos como o Brasil, esse índice cai para cerca de 20%. Isso atrasa a procura pelo oftalmologista e o diagnóstico. E quando a pessoa tem acesso ao médico, muitas vezes não são realizados na consulta exames que são fundamentais para a sua detecção. Informação, acesso ao oftalmologista e atendimento de qualidade são as condições que farão a diferença no combate ao glaucoma”, aponta o Dr. Ricardo Suzuki, Glaucomatólogo do Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem, empresa do Grupo Opty.

O que é, causas e sintomas

O glaucoma é uma doença degenerativa, normalmente bilateral (acomete os dois olhos), que afeta o nervo óptico. Se não diagnosticado de modo precoce e tratado de modo adequado, pode levar à cegueira. “A medida que ocorre a perda das fibras do nervo óptico, de modo progressivo e irreversível, gradativamente há a redução do campo visual. No entanto, os sintomas somente se tornam perceptíveis para a pessoa em uma fase muito mais avançada, quando há pouco a se fazer para o paciente e o comprometimento definitivo da visão já está na faixa de 40% a 50%”, afirma o Dr. Suzuki.

Conforme explica o especialista, não basta, portanto, fazer apenas o exame de grau para determinar o problema de refração e providenciar lentes corretivas para garantir a saúde ocular. “É preciso ao menos uma vez ao ano fazer um checkup oftalmológico, com a aferição da pressão ocular e o exame de fundo de olho, que indicará suspeitas em casos iniciais ou mesmo detectará casos moderados e avançados. Avaliações funcionais, relacionadas ao campo visual, e anatômicas (como retinografia e OCT, a tomografia de coerência ótica) também podem ser solicitadas, além da Gonioscopia, capaz de determinar o tipo de glaucoma que o paciente tem, o que vai dar direcionamento sobre o prognóstico e tratamento necessários”, explica.

A doença tem como principal fator de risco o aumento da pressão intraocular (dentro dos olhos, não confundir com pressão arterial), mas essa não é a única causa. “Estão mais suscetíveis ao glaucoma pessoas que apresentam uma ou mais das seguintes condições: idade a partir de 40 anos, histórico familiar, miopia (principalmente se elevada), diabetes e afrodescendentes”, comenta o especialista. No Brasil, de acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, a patologia atinge de 2% a 3% da população acima de 40 anos, o que corresponde a cerca de 1 milhão de pessoas. 

O oftalmologista também alerta para o uso indiscriminado de colírios corticoides, facilmente comprados sem receita médica. “As pessoas utilizam, sem acompanhamento médico, para tratar uma conjuntivite alérgica ou outro incômodo nos olhos, e, com o uso repetitivo, desenvolvem um glaucoma secundário”, conta.

Tipos de glaucoma

O Glaucoma Primário de Ângulo Aberto é o tipo mais comum da doença no Brasil e se caracteriza por ter uma evolução lenta, progressiva e frequentemente assintomática. De forma semelhante, embora mais raro, o Glaucoma de Pressão Normal também não apresenta sintomas – e pode ocorrer em pacientes portadores com problemas cardiovasculares. Já o Glaucoma de Ângulo Fechado pode causar dor ocular de forte intensidade e perda visual rápida, caso não seja instituído tratamento adequado em tempo hábil. Além disso, a patologia pode ocorrer secundariamente a traumatismos oculares, uso de medicações, lesões na retina ocasionadas por complicações do diabetes, inflamações ou tumores. 

A disfunção também pode ocorrer em crianças e seu diagnóstico pode ser feito ainda na maternidade, logo após o nascimento, por meio do Teste do Olhinho. Diferentemente do adulto, o recém-nascido com glaucoma apresenta muitos sintomas, como lacrimejamento, aversão à luz, aumento do tamanho do globo ocular, além da perda do brilho natural dos olhos. Esses sintomas também podem surgir em qualquer momento durante o primeiro ano de vida. No glaucoma congênito o tratamento é essencialmente cirúrgico, porém colírios também podem ser utilizados nos pacientes que apresentam a doença. 

Avanços no tratamento

Os progressos científicos e tecnológicos têm avançado em uma velocidade cada vez maior nos últimos anos, com o surgimento de novas modalidades terapêuticas. Embora não tenha cura, o glaucoma, normalmente, pode ser controlado com tratamento adequado e contínuo, fazendo com que a perda da visão seja interrompida. De acordo com o estágio da doença, pode-se optar pelo uso de colírios ou procedimentos a laser ou cirúrgicos. 

“De cinco anos para cá, há um leque maior de cirurgias, incluindo as minimamente invasivas, que ajudam no manejo de ocorrências de glaucoma e catarata ao mesmo tempo”, comenta Dr. Suzuki “Atualmente, também tem sido realizado o tratamento a laser cada vez mais cedo para ângulo aberto, na tentativa de diminuir o uso dos colírios – seja por afetar a qualidade de vida ou pela baixa adesão e uso correto de múltiplos colírios pelos pacientes. Tentamos, portanto, ser mais intervencionistas, no sentido de antecipar o laser, inclusive como primeira opção, antes do colírio, em alguns casos”, completa.

De acordo com o oftalmologista, há estudos animadores com células-tronco, contudo ainda demoram a ser realidade para os pacientes ao redor do mundo. “Esforços importantes têm sido feitos nos últimos 30 anos em tentativas de neuroproteção e neurorregeneração, para o auxílio no tratamento do glaucoma, assim como pesquisas no campo de regeneração do nervo óptico. Porém, são soluções que devem ser mais amplamente testadas e implementadas no longo prazo”, afirma.

Da redação

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