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Alunos distraídos e sem memória: saiba o que fazer

Neurocientista e neuropsicólogo explica como a produção de hormônio neurotransmissor pode ser viciante e quais seus efeitos para o cérebro a longo prazo (Foto: Reprodução)

Publicado em 05/05/2021

Um dos grandes problemas que a educação enfrenta hoje está relacionado à falta de atenção dos alunos. Os educadores precisam, além de transmitir o conhecimento, disputar a atenção dos estudantes com os jogos, aplicativos, redes sociais e com todo um complexo de atrativos que, a longo prazo, criam uma dependência emocional nas crianças, além de um bloqueio na memorização. 

“Tudo isso ocorre com excesso de liberação de um hormônio neurotransmissor chamado dopamina. Geralmente, esse hormônio está associado à recompensa, ou seja, é estimulado e liberado quando conquistamos alguma coisa, quando realizamos uma tarefa ou concluímos algo”, explica o pesquisador, neurocientista e neuropsicólogo Fabiano de Abreu.

Segundo o Fabiano, que possui uma teoria aprovada por comitê científico e publicado na Revista científica Brazilian Journal of Development sobre o tema, afirma que na internet, tudo está disponível facilmente. “As respostas estão prontas, as equações solucionadas. Não há dificuldades como antigamente, em que, para achar uma resposta, era preciso horas de pesquisa em livros e enciclopédias. Hoje, em um clique, tudo está lá, a resposta e a recompensa que se busca”, afirma.

Ainda segundo o pesquisador, com o uso excessivo da internet e a liberação da dopamina, nosso cérebro fica como um viciado. E, assim como acontece com um dependente químico, sem a droga, tem-se a abstinência, no caso do cérebro, tem-se a ansiedade, que por sua vez, aumenta e estimula a produção de dopamina. “Cria-se um ciclo vicioso de demanda e produção. Vale ressaltar, porém, que a dopamina é fundamental para nossa sobrevivência. Sem ela, perderíamos nosso ímpeto de fazer novas coisas e acabaríamos por ficar sem motivação e estagnados”, salienta.

Ainda quando se fala de falta de atenção, de acordo com Fabiano,  deve-se correlacioná-la à dificuldade para a memorização. “Antes da pandemia, criar um foco atencional dos alunos já era tarefa fácil. Mesmo com as aulas presenciais, um aparato de distrações roubavam o foco do professor e levavam as mentes dos alunos a outros locais. Hoje, com advento das aulas online, torna-se ainda mais penoso executar tal tarefa”, pontua. “É claro que antes isso já era um problema, vide as questões de ensino a distância, mas atualmente, a carga está ainda mais pesada quando consideramos isolamento social, notícias preocupantes e desoladoras, calamidade pública, etc.”, completa.

Existem meios para melhorar a situação? Segundo o especialista, sim. “Para jovens e adultos, evitar o consumo de álcool e outras drogas. Estimular a produção de dopamina através de leituras, meditação, exercícios físicos e outras atividades que demandem esforços compensatórios. Dormir pelo menos 8 horas por noite, incluindo crianças. Estudar e revisar o que aprendeu no dia pelo menos 1 hora além do horário de escola. Evitar uso de celulares, tablets, computadores e televisão antes de dormir. Procurar esvaziar a cabeça antes de dormir e só começar a pensar nos problemas após o café da manhã”, indica.

Por fim, o pesquisador afirma que atitudes se tornam práticas. Práticas viram hábitos, e hábitos viram rotina. Assim como se vicia em dopamina de uma maneira ruim para o cérebro, é possível, com esforço e dedicação, condicioná-lo a coisas boas e eficientes.

Da redação

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