Bebendo com Consciência: Bebidas funcionais já estão na mira da Geração Z

A indústria do vinho enfrenta enormes desafios. Como já mencionei em colunas anteriores, o consumo global caiu para 221 milhões de hectolitros em 2023 e para 214 milhões em 2024, uma redução de 2,6% e 3,3% respectivamente, o menor nível em quase 30 anos, devido a preocupações com saúde, questões econômicas e mudanças de preferências, especialmente entre a Geração Z. Representando apenas 7% dos consumidores de vinho nos Estados Unidos, contra 36% dos Boomers, essa geração é crucial para o futuro do setor. Nesse contexto, os vinhos funcionais — com ingredientes voltados para o bem-estar, como CBD, adaptógenos ou probióticos — surgem como uma resposta inovadora, alinhando-se à busca por autenticidade e saúde que já explorei em textos sobre vinhos naturais e de baixo teor alcoólico.
Os vinhos funcionais vão além dos vinhos lo/no (low or no alcohol) que discuti anteriormente, combinando a essência do vinho com ingredientes que promovem saúde. Algumas marcas adicionam CBD, oferecendo relaxamento, enquanto a DrinkWell, lançada na Irlanda em 2025, apresenta vinhos com 30% menos calorias. Na Espanha, brancos com probióticos trazem benefícios intestinais, mantendo a acidez vibrante. Esses produtos conectam-se com os 67% da Geração Z que tem uma cultura clara de redução no consumo de álcool, influenciados pelo movimento “quase sóbrio” muito compartilhado nas redes sociais. Diferentemente dos vinhos tradicionais, vistos como formais, os funcionais são acessíveis, promovidos como “bebidas com propósito”, complementando a autenticidade dos vinhos de terroir e pequenos produtores que a Geração Z valoriza.
Como já abordei, a queda no consumo de vinho, especialmente entre os jovens, reflete a preferência por bebidas alternativas, como os Ready to Drink (RTDs). As vendas globais de vinhos de baixo custo caíram 27% entre 2021 e 2023, mas a Geração Z está disposta a investir em opções premium, onde apesar da queda em volume o valor médio têm subido, principalmente na faixa acima de 20 dólares, consumo vindo de gerações mais jovens. Os vinhos funcionais, posicionados como premium, capitalizam essa tendência de “menos, mas melhor”, oferecendo benefícios à saúde — como estudos que associam o consumo moderado de vinho a menores riscos cardiovasculares — e competindo com kombuchas e RTDs que atraem os jovens.
A sustentabilidade, um valor importante para 75% da Geração Z, como destaquei ao falar de vinhos naturais, também é forte nos vinhos funcionais. Marcas como a Zeronimo, da Áustria, combinam baixo teor alcoólico com práticas regenerativas, usando latas leves ou garrafas compostáveis. Isso ajuda a enfrentar a queda de 24% no consumo europeu de vinho (2010–2020), oferecendo produtos alinhados aos ideais ecológicos dos jovens.
Como em outras colunas sobre a busca por autenticidade, a Geração Z valoriza experiências e histórias. Os vinhos funcionais entregam narrativas envolventes, como “rosé com CBD para relaxar” ou “vinho probiótico para saúde intestinal”. Influenciadores promovem esses vinhos nas redes, destacando sua “personalidade” e até mesmo degustações virtuais com realidade aumentada tornam o vinho mais acessível, transformando-o em um momento compartilhável, sem sair de casa, perfeito para essa nova geração.
Para reconquistar a Geração Z e impulsionar a indústria, as vinícolas devem ser transparentes sobre os benefícios dos ingredientes, usando certificações para gerar confiança. Embalagens diferentes, como latas e parcerias com influenciadores aumentam o alcance. Os vinhos funcionais talvez não resolvam sozinhos essa tendência do declínio do consumo, mas, como disse um influencer, “atendam ao desejo da Geração Z por vinhos que fazem bem e têm propósito”. Pode ser um caminho para o futuro do setor.
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Sobre o autor

Eduardo Machado Araujo
Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers
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