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Dragão feito de sucata ganha vida em Floripa
Com seis metros de comprimento e cerca de 500 kg, escultura mistura arte, memória e crítica social

A escultura 'Dragão', feita com sucatas e fragmentos de obras do artista Loro Lima, estreia no jardim da Fundação Cultural BADESC na abertura da mostra 'Criadas Criaturas', no dia 15 de maio. (Foto: Juliano Zanotelli)

Publicado em 12/05/2025

O trabalho ‘Dragão’ do artista Loro Lima, que começou a ser confeccionado em 2022, integra a exposição “Criadas Criaturas”, que abre na quinta-feira, dia 15 de maio, a partir das 19h no Jardim da Fundação Cultural BADESC, em Florianópolis. A curadoria é de Thami Luz e a entrada é gratuita.

Com cerca de meia tonelada, a obra de seis metros de comprimento foi produzida com sucatas e objetos coletados pelo artista nas ruas e praias da região Sul da Ilha de SC e misturados com instalações e obras que integraram o acervo artístico do Loro. Além do emaranhado de vidros, tecidos, calotas, fios e detalhes que podem ser vistos durante a visita, o ‘Dragão’, chama a atenção por ter uma única pata.

Loro conta que foi depois de avistar a ‘pata’ no quintal de casa, no Rio Tavares, que começou a construir a escultura que se transformaria num bicho. “O tronco da árvore, que é base do trabalho, foi ganhando ainda mais sentido quando escavei um pouco na terra e pude ver que as raízes faziam dela uma garra, tal qual as dos dragões”, compartilha Loro.

O ritual de mudança do habitat íntimo para o jardim foi realizado no dia 5 de maio. Nessa data, o artista reuniu amigos para ajudarem na missão de fazer o ‘Dragão’ sair de casa e fazer uma excursão temporária no Centro da Capital. "O ritual de retirar o animal do espaço dele dá uma ausência de espaço, ainda mais porque ele foi construído aqui. Mas, em breve ele volta pra casa”, diz o artista.

A obra, que conta ainda com um suporte de metal que o artista encontrou na rua para sustentação, é, segundo a curadora, um monumento em formato de criatura e que está presente na memória das pessoas.

“Conhecida como bicho ou dragão, quando nasceu tinha o nome de sucata no sentido da vida sucateada. Num reflexo de uma sociedade obcecada por consumir, retirar, sugar, esvaziar o produzir. Entretanto tudo o que foi consumido um dia volta. Não mais novo e brilhando, ilustrado lustrado, mas usado, partido, fragmentado. Toda criatura abandonada rejeitada foi algum dia batizada. Por isso é bem melhor vê-la de fora”, salienta Thami.

A curadora, que é doutora em Sociologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e vem trabalhando com o artista Loro fazendo uso das técnicas etnográficas como entrevistas em profundidade, observação afetada e cumplicidade não esperada, explica ainda que o corpo é algo presente em todas as criações do artista.

“Corpo é movimento, e esse processo está nos tamanhos das telas, nas texturas das pinceladas. Ao piscar e voltar abrir os olhos sua obra já manifesta uma nova criatura. Loro em sua generosidade nos presenteia a mutação da experiência enquanto carbono que somos; e que voltaremos a ser. Como no ritual de passagem, da casa do artista para o jardim da Fundação, quando o corpo da criatura foi carregado”, completa.

A exposição “Criadas Criaturas” ficará em exposição até 14 de agosto no jardim da Fundação Cultural BADESC, que fica na Rua Visconde de Ouro Preto, 216, no Centro de Florianópolis. A visitação pode ser feita de segunda a sexta, das 13h às 19h e aos sábados (até 26 de julho), das 10h às 16h. 

 

 

 

Da redação

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