Skincare em excesso pode virar armadilha

Dermatologista vê aumento de casos de danos cutâneos causados por rotinas populares nas redes sociais

Com a força das redes sociais, vídeos com rotinas de skincare altamente elaboradas e promessas de “pele perfeita” viralizam com facilidade, principalmente entre adolescentes e jovens adultos. Mas por trás da estética polida e da linguagem empacotada, dermatologistas apontam um alerta: muitas dessas práticas expõem a pele a riscos reais.

Ativos potentes como retinol, ácido salicílico e ácido glicólico — comumente recomendados para casos específicos e sob orientação médica — vêm sendo aplicados de forma indiscriminada, misturados a outros produtos e usados em peles jovens, ainda em formação.

A dermatologista Dra. Carla Vidal, com mais de 15 anos de atuação clínica, observa um aumento expressivo na procura por atendimento após reações causadas por tendências seguidas nas redes: “Temos atendido cada vez mais adolescentes com barreiras cutâneas danificadas, vermelhidão persistente, sensibilidade extrema e até queimaduras químicas. O uso sem critério e a sobreposição de ativos potentes podem comprometer a saúde da pele a longo prazo.”

Além dos danos físicos, há também o impacto emocional: a pressão estética exercida pelas redes contribui para uma relação disfuncional com a própria imagem, onde qualquer imperfeição é tratada como falha e não como parte natural da pele viva.

“A estética passou a ser medida por filtros e algoritmos. Mas pele saudável não tem textura uniforme o tempo todo, nem brilho exagerado ou poros invisíveis. Quando o parâmetro é irreal, a frustração é inevitável e perigosa”, afirma a especialista.

Outro ponto crítico é o uso precoce de produtos antienvelhecimento por adolescentes, o que pode interromper processos naturais de autorregulação da pele. “A pele jovem, muitas vezes, precisa de limpeza suave, proteção solar e orientação — não de uma rotina de 10 passos com ingredientes ácidos e sensibilizantes. Menos pode ser mais, especialmente quando se trata de cuidado.”

Para a Dra. Carla, informação e orientação são os maiores aliados da beleza com saúde. “O consultório é o lugar do cuidado individualizado. As redes podem inspirar, sim — mas não devem substituir a escuta, o diagnóstico e a singularidade de cada pele. Saúde é sempre o ponto de partida.”

Da redação

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