A Flip de Leminski, por Luzia Almeida
Colunista vai à feira literária de Paraty e traz pérolas

Quem nunca viveu a perspectiva de visitar uma feira literária, ainda viveu pouco, porque uma feira literária é como um casamento, ou como o Natal...
A 23ª Feira Internacional de Literatura de Paraty tem o adicional da sacação de Paulo Leminski e sua veia literária mais que humana e um tanto quanto inquietante. Esse olhar cheio de fraternidade que se observa no poema “Contranarciso” é uma marca que sempre e ainda pulsa e, contagia-nos gradativamente ao amor, à medida que caminhamos nas páginas do livro e descobrimos a visão do poeta. E o que o poeta via? Ele usou a mitologia para responder: “em mim / eu vejo / o outro / e outro / enfim dezenas / trens passando / vagões cheios de gente centenas / o outro / que há em mim é você / você / você / e você / assim como / eu estou em você / eu estou nele / em nós / e só quando / estamos em nós / estamos em paz / mesmo que estejamos a sós”. Esse humaníssimo poema já vale uma feira inteira, mesmo que seja uma feira de legumes porque ninguém vive sem comer, mas esse poema de Leminski vale a lembrança de que “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”. E tudo isso há na Flip: comida, diversão e arte
Além de Paulo Leminski (escritor homenageado) e de muitas celebridades como Rosa Montero, temos também alguns intelectuais da literatura contemporânea como o escritor baiano Adriano Monte Alegre e o escritor brasiliense Evandro Valentim que lança o livro “Contos em miniatura” (Editora Comala) na Casa Gueto. Para o Evandro Valentim, participar da Flip é um sonho que se realiza: “Quem já realizou algum sonho há muito almejado, conhece bem a sensação que experimento. Vir a Flip, respirar o ar de Paraty é incrível...”. E é verdade, a Flip é feita de sonhos: são palavras e textos que se misturam a toda gente que anda ávida por cultura. As palestras veiculam temas da atualidade e as sacolas coloridas com representações são verdadeiros troféus de participação. É uma feira, mas também é uma festa que consolidade arte, cultura e confraternização entre o povo brasileiro de todas as regiões, além de presenças de pessoas do exterior.
Uma feira literária como a Flip também nos proporciona encontros inesperados com pessoas carismáticas, simpáticas e inteligentes: estou me referindo ao encontro que tive com a mestra em Ciências Ambientais Clarice Peres Cavalcanti de Albuquerque e suas amigas Lígia, Sandra e Sheila: “estamos deslumbradas com esse ambiente propiciado pela leitura. Encontros deliciosos com escritores e autores a cada minuto”. Essa visão das amigas reflete em potencial a minha própria visão e a alegria do privilégio de andar pelas ruas de Paraty nestes dias de resistência.
A Flip de Leminski é uma constante. É uma força. É uma massa humana que confirma em nossos corações o livro físico, a sua presença, a sua cor, a sua capa que nos protege e, confirma também, o coração do escritor que invisível pulsa com a certeza de olhos que se entregam às páginas da poesia como se fosse riso: “teu riso / reflete no teu canto rima rica / raio de sol / em dente de ouro”.
Ouro de papel é página de poesia: uma realidade para quem já sabe o valor da leitura.
Texto e foto por Luzia Almeida
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Sobre o autor

Luzia Almeida
Luzia Almeida é professora, escritora e mestra em Comunicação
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