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Por dentro do método de Moacir Pereira, o biógrafo de SC
De Luiz Henrique a Petrelli, suas obras revelam os bastidores da política e da elite catarinense

Moacir revela bastidores inéditos de figuras públicas de Santa Catarina, documentando o presente para as futuras gerações. (Fotos: Acerto pessoal) ***CLIQUE PARA AMPLIAR

Publicado em 30/05/2025

Moacir Pereira é referência no jornalismo catarinense e mestre das biografias. Natural de Florianópolis, nascido em 10 de agosto de 1945, ele é jornalista, professor, escritor e um verdadeiro guardião da memória de Santa Catarina. Fundador do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), também ocupou o cargo de diretor da instituição e foi o primeiro catarinense a receber o Prêmio Nacional de Comunicação Luiz Beltrão. Autor de mais de 60 obras publicadas, sua dedicação à história e à cultura do estado é amplamente reconhecida.

 

 

Moacir palestrando nos 171 anos da Biblioteca Pública do Estado sobre Santa Catarina de Alexandria.

 

 

Imagem da Ilha: O que te leva a escolher determinada personalidade para biografar? É sempre uma escolha pessoal ou às vezes parte de uma encomenda?

MOACIR PEREIRA: A escolha de um personagem para escrever relatos jornalísticos com conteúdo biográfico depende de vários fatores. Em primeiro lugar, sua posição de destaque na vida pública, empresarial ou social de Santa Catarina.  Isto explica minha preferência inicial por ex-governadores. Motivação: resgatar a história dos governantes e dos principais personagens.

É sabido que Santa Catarina tem uma pobre memória política. Nomes de expressão nos meios culturais e literários também foram priorizados, como o livro sobre Rodrigo de Haro, o maior erudito da história catarinense.  E há casos em que familiares de personagens também sugerem obras especiais.

 

Imagem da Ilha: Como é o processo de preparação para mergulhar na vida de alguém? Você tem algum ritual ou metodologia própria antes de começar a escrever?

MOACIR: Procuro seguir os ensinamentos da Metodologia Científica. Tento definir um sumário prévio com todos os aspectos previsíveis.  Na sequência, faço todas as pesquisas de documentos, livros, discursos, enfim, material que reflita a vida política ou profissional do biografado.   Se for vivo, completo com longas entrevistas para tomada de depoimentos, vídeos, fotos, relato de histórias, fatos, etc.

Definido o roteiro, começo a escrever com os textos já conhecidos.

 

 

Lançamento do livro de Mario Petrelli em Curitiba, Moacir e o senador Sergio Moro.

 

 

Imagem da Ilha: De todas as biografias que escreveu, qual foi a mais emocionante — e qual a mais difícil de concluir? Por quê?

MOACIR: O livro sobre Rodrigo de Haro exigiu 10 anos de conversas, pesquisas, estudos, visitas, entrevistas e audiências. Exigiu-me muito esforço, mas muito gratificante pelo seu nível cultural.  A obra sobre o empresário Mário Petrelli foi o maior desafio entre todas as biografias, eis que o personagem é extremamente rico, exigindo uma concentração de quase três anos para condensar o fartíssimo material obtido.

 

Imagem da Ilha: O que mais te marcou ao contar a história de Luiz Henrique da Silveira? E o que foi mais desafiador ou especial na biografia recente de Mário Petrelli?

MOACIR: O livro sobre Luiz Henrique da Silveira permitiu resgatar fatos relacionados com a história de Santa Catarina, pouco conhecidos, ou que não eram de domínio público. E possibilitou mostrar um político diferente, articulado, lutador e visionário.  Muitas histórias de bastidores de Santa Catarina e de Brasília só são encontradas naquela obra.

O maior desafio no livro do Dr. Mário foi a dimensão nacional do personagem, a necessidade de resumir mais de 2.000 páginas de entrevistas, depoimentos, relatos sobre sua produtiva e excepcional atividade empresarial e política. Sobretudo, mostrar a face mais humana e rica do personagem: sua extraordinária generosidade. Ele buscava relacionamentos para ajudar as pessoas, era amigo dos amigos e se realizava em fazer o bem.  

 

Imagem da Ilha: Você já tem em mente quem será a próxima personalidade a ganhar uma biografia sua? Pode nos dar alguma pista?

MOACIR: O próximo livro tem por título “Cesar Martorano, o revolucionário que salvou o Rei do Brasil em Santa Catarina”. Está em fase de produção com o editor Valmor Fritsche. Trabalho, também, em obra inédita sobre a história da Associação dos Delegados de Polícia de Santa Catarina-Adepol. E, no radar, estão Celso Ramos, o maior governador na história catarinense, José Acácio Santana, Esperidião Amin e Jorge Bornhausen.

 

 

Com familiares na Páscoa do Costão.

 

 

Imagem da Ilha: Qual é a principal motivação por trás do ato de biografar? É mais um compromisso com a memória, com a verdade, ou com a inspiração que essas trajetórias oferecem?

MOACIR: Escrevo livros como forma de retribuir ao povo catarinense que me conferiu audiência durante 60 anos de jornalismo. Foi o jornalismo que me permitiu conviver com grandes personagens, grandes líderes, testemunhar fatos históricos e acontecimentos políticos. Sinto-me no dever de compartilhar essas experiências.

A trajetória dos personagens e a relevância dos fatos históricos também pesam na seleção.

 

Imagem da Ilha: Você já se deparou com histórias que preferiu não contar em uma biografia? Como lida com a ética do que incluir ou silenciar ao narrar a vida de alguém?

MOACIR: Em todas as biografias, se tivesse plena liberdade os textos seriam muito mais polêmicos. Como as obras também pretendem homenagear os personagens e suas famílias,  é evidente que a ética impõe limites. Nunca tive dúvidas em suprimir históricas comprometedoras que não enriquecem o trabalho.

Entrevista: Carolina Beux

Direção e conceito: Hermann Byron

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