De Floripa para o mundo: Mustache revela os bastidores da fama
Com mais de 4 milhões de seguidores no TikTok, Mustache se consolidou como um dos influenciadores mais importantes do Brasil

Urbano Salles: Você pode ser considerado o mais influente criador de conteúdo digital de Florianópolis. Já foi até reconhecido por uma fã em Portugal! Atualizando os números: 4 milhões de seguidores no TikTok e cerca de 1 milhão no Instagram, mais 1,5 milhão de inscritos no teu canal no YouTube. Qual a sensação de ser famoso?
Mustache: Acho que desde pequeno tinha essa vontade de ser famoso. Sempre fui o cara mais comunicativo, o "palhaço" da sala". Desde pequenininho eu era engraçadinho no meio da rapaziada e também dos mais velhos quando jogava futebol com eles. Apesar de querer muito isso, de querer chamar a atenção, na adolescência acho que travava por causa de algumas barreiras, tinha um pouco de vergonha de fazer vídeos na época. Havia uma rede social chamada Vine, eu sempre tive vontade de fazer vídeos lá, mas pensava no que diriam meus amigos. Poderia ser zoado, e por causa disso não seguia com a criação. Poucos anos depois, eu meio que quebrei essa barreira e falei. E aí comecei a fazer os vídeos no YouTube, mesmo que aos trancos e barrancos. Meus primeiros vídeos acho que são de nove, 10 anos atrás... Mas voltando à pergunta do ser famoso. Eu acho que é uma sensação boa, né? Eu gosto assim, até porque sou um famoso tranquilo, não sou um superfamoso tipo, sei lá, um jogador de futebol, um ator global ou um youtuber muito grande tipo Whindersson Nunes e Felipe Neto. Esses não conseguem sair na rua! Mesmo assim, sou muito assediado. Às vezes, eu saio com alguns amigos que são muito famosos e aí tem essa coisa da invasão na privacidade. O cara nem te dá oi nem nada e já chega com o celular só para tirar uma foto e mostrar para alguém ou para postar para mostrar que estava contigo. Tem muito disso hoje em dia. Eu recebo muita marcação no Instagram de pessoas comendo, mas é bem tranquilo. Então, resumindo, é uma sensação muito boa, porque tu de alguma maneira teu trabalho impacta a vida das pessoas e consegue trazer momentos de alegria, de memórias.
Mustache durante viagem às Maldivas.
Urbano Salles: Como faz para receber uma visita do “Mustache”? Como funciona essa aproximação? Geralmente, a escolha é tua, espontânea, ou você é procurado?
Mustache: A gente está chegando num ponto que tem sido uma coisa muito mais espontânea, as gravações têm saído muito mais espontâneas. Em 2022 e 2023, tive bastante procura por clientes. O restaurante chegava via Instagram ou via e-mail, aí eu respondia e encaminhava para o meu comercial. Claro que tinha um crivo, isso é assim até hoje, porque preciso antes saber se vale a pena gravar no restaurante que quer me contratar, se é legal, se é bacana. Não vou botar meu nome em qualquer lugar. Lembro de dois episódios em que a gente acabou indo gravar e aí, no meio da gravação, eu vi que não era o que eu imaginava, a qualidade não era não era muito boa. Aconteceu num sushi e num negócio de risoto. Eu agradeci o pessoal ali e falei que tinha que que sair. Quando o restaurante não atende meu nível de expectativa, não tem como divulgar. Naqueles dois casos, a gente devolveu o dinheiro do cliente. Atualmente tenho viajado bastante, tenho feito muito mais conteúdo assim: escolho onde ir, vou atrás de coisas típicas, coisas regionais, como fiz em Belém, Manaus, Fortaleza. Viajando pelo Brasil consigo me conectar ainda mais com o meu público e também conhecer um pouco mais da cultura de cada cidade. Aqui em São Paulo, onde estou morando, tenho gravado agora muito mais nessa pegada espontânea.
Mustache e Cecinha a caminho das Maldivas.
Urbano Salles: Quando você pretende gravar novamente reviews em Florianópolis?
Mustache: Normalmente, a parada quando venho para Floripa é para tirar um tempinho off. Como eu fico gravando muito aqui em São Paulo, quando eu volto para Floripa quero ficar um pouco de boa na casa da mamãe, comendo a comida da mamãe, que é a melhor comida do mundo. Mesmo assim, no finalzinho do ano passado eu gravei no Rocca lá em Jurerê. O restaurante, muito bom, é de dois amigos meus, o Arthur Vieira e o Tiago Rosa. É uma das melhores novidades da cena gastronômica da cidade. Pretendo buscar novos lugares quando estiver em Floripa, mas sempre assim, sem pressão.
Urbano Salles: Isaac Azar, o “restaurateur” das celebridades, afirmou que o teu trabalho hoje têm muito mais relevância do que a crítica gastronômica tradicional, que eram muito temidos e podiam arruinar a reputação de uma casa. Você gravaria um review apontando defeitos de um restaurante ou isso não combina com teu trabalho?
Mustache: O Isaac Azar é gente finíssima, inclusive nesse momento estou mandando uma mensagem para ele. Nunca foi meu objetivo principal apontar defeitos. Hoje em dia eu vejo o tamanho da repercussão que tem um vídeo negativo ou um comentário. Às vezes, a gente tá falando no restaurante, e a responsabilidade não é só com o dono do restaurante, tem também 10, 20, 40, 50 funcionários, cada um deles tem uma família. É por isso que dei aquele exemplo dos dois restaurantes que eu fui, não gostei e preferi não postar. Posso fazer um vídeo e ajudar a arruinar todo um negócio... Teve um caso aí em Floripa que é um sushi, eu não fui ainda, mas os meus amigos do rock comentaram que nele não pode pet, não pode criança, não pode isso, não pode aquilo. Um comentário no X viralizou negativamente e aí muita gente começou a a dar nota zero. Por sorte, os caras já estão estabelecidos, já tem uma clientela, mas imagina se é um restaurante que ainda está crescendo. Isso pode acabar destruindo sonhos! Algumas vezes em que eu estou gravando vem uma comida que eu não gosto. Eu não gravo aquela comida, peço outra, e essa outra pode me agradar muito. Então, resumindo, é isso: eu prefiro sempre exaltar. Falar sobre a parte negativa não é legal, porque o mundo está com muita negatividade. Antigamente, as pessoas aguardavam sair na crítica tradicional, nas revistas, nos jornais, para ler e ver o que que o crítico achou do restaurante e só então ir. Hoje em dia, essa dinâmica migrou para as redes sociais.
Mustache com o amigo, também influenciador, Gaba durante o podcast na Flow.
Urbano Salles: Você lançou o “Bonde do Mustache”, uma lista de transmissão no WhatsApp. É para ser um canal de comunicação mais direto com os fãs, correto?
Mustache: O Bonde do Mustache é um grupo dentro do Insta. O insta criou essa funcionalidade lá para você ter um contato mais próximo com seus seguidores. Basicamente, ele vem abrir um canal de comunicação mais direto no qual a gente pode trocar ideias com os fãs. Quando os vídeos saem, já informa lá, às vezes também tem algum sorteio, alguma coisinha assim…
Urbano Salles: Tem gente que acha que as redes sociais, muitas vezes, passam uma imagem “falsa” da pessoa. No olhar do público, você parece ser extremamente feliz com o que faz. Essa percepção está certa? Tua vida é mesmo “boa demais”? O que deixa o “Mustache” de mau humor?
Mustache: Tem gente que acha que as redes sociais muitas vezes passam ao público uma imagem falsa da pessoa. Acho que não é o meu caso. Agora, há, com certeza, muito criador de conteúdo que é personagem. Na frente das câmeras é coisa e por trás delas, é outra. Eu acredito que consigo ser o mesmo! O Mustache que está nas câmeras é o Mustache que está por trás delas também. Não tenho facetas diferentes ou duas personalidades. O Mustache é o Bernardo e o Bernardo é o Mustache, eu diria. Só mudo o nome, mas tento exatamente ser o mesmo pra não ser algo pesado. Não é algo que eu precise me preparar ou algo assim... é algo que flui fácil, é simples e leve. Por isso, eu também sempre busco inserir nos vídeos de alguma maneira um pouco da minha vida, faço brincadeiras, porque sou assim na vida real! Eu considero realmente a minha vida boa demais e meu trabalho muito bom. Eu como bem, me divirto e ainda sou bem pago. Na música "Vivendo Avançado", do Filipe Ret, que é um rapper que eu curto muito, tem numa das partes algo que diz tipo assim. "eu tenho trabalho, eu tenho o estilo de vida que quero, o salário que todo homem pediu a Deus". Como pode ter sempre mau humor, cara? É muito difícil acontecer comigo. A última vez em que fiquei de baixo astral foi por causa de uma lesão no ligamento cruzado anterior do joelho e no menisco, durante um jogo de basquete. Tive que fazer cirurgia, e um ano de recuperação. Eu estava a 15 dias para ir uma viagem na neve. Eu gosto demais de esquiar. E aí, fui para viagem, mas não pude fazer o que eu gosto mais na neve: fazer os esportes.
Jantando com a equipe de trabalho em NYC.
Urbano Salles: Você e a Cecinha planejam ter um filho ou o trabalho é prioridade absoluta?
Mustache: Você aceita não ter filho. Minha prioridade absoluta no momento é o trabalho. Se vier um filho, problema nenhum. A gente já fica feliz da vida, né? Mas hoje no nosso planejamento... A gente ainda tem muitas coisas de trabalho para fazer junto. Além disso, a dois temos mais liberdade para algumas viagens. A gente ainda quer morar fora um tempo, ter experiência de morar fora, quero ter experiência de morar, não necessariamente um ano, mas uns três ou quatro meses na Europa, em Paris em Barcelona. Daqui a uns dois aninhos, quem sabe?
Urbano Salles: Dinheiro ou fama: o que é mais importante? Você já chegou aos 7 dígitos com suas reviews? Nestes anos, já deu para ficar rico ou algo próximo a isso?
Mustache: Não é legal ficar refém da fama. Tu está sempre buscando algo que nunca encontra. O cara fica famoso e para continuar a ser famoso tem que estar sempre fazendo algo novo. Também na internet, a meta é ser famoso pela vida inteira! Se a pessoa ficar cega pela fama, fica ali buscando sempre isso, acho que ela nunca vai estar satisfeita e feliz. No fim das contas, ter fama e dinheiro é muito bom, mas tem muita gente também que fica famoso, ganha muito dinheiro, gasta e perde tudo. E aí depois não tem fama nem dinheiro. Eu estou bem financeiramente, já consegui chegar aos sete dígitos, o suficiente para comprar um carro, um apartamento, um relógio, uma joia. Acho que hoje é, claro, que eu ainda não posso comprar um jatinho, mas está entre as minhas vontades.
Divulgação do futebol americano com imagens da grande final, o Rose Bowl.
Urbano Salles: Qual o lugar imperdível no mundo? E quantos países já foram visitados?
Mustache: Ótima pergunta! Fazendo as contas aqui, espero não ter esquecido de nada...Foram 26 países visitados até o momento. É coisa, mas ainda tem muito lugar no mundo para visitar Uma coisa que eu fiz no ano passado foi o projeto do "Em dobro". Lancei em Manaus, Belém, Fortaleza, BH e Vitória. Conheci parte do Brasil, principalmente no norte, fui a cidades que eu muito provavelmente não teria ido não fosse o trabalho. Foi incrível conhecer a culinária e a cultura de cada um desses lugares; Viajar pelo Brasil também é bem bacana. Às vezes a gente pensa: não tenho que viajar para fora porque nosso país é tão cheio de de cultura e de paisagens e de lugares incríveis, e a gente não necessariamente aproveita tanto, né? As Maldivas são mesmo um lugar paradisíaco. No resort, você acorda e tem uma escada que dá para pra água, que é um espelho transparente... você mergulha logo de manhã vendo o sol nascendo na frente do teu bangalô! A praia, o restaurante, acho uma experiência incrível realmente. Mas eu acho que também vai variar muito do gosto de cada um. O Japão, por exemplo, é um país que achei sensacional. Gosto muito da neve! Meu programa favorito na França é ir para uma cidade de 1500 habitantes, tipo literalmente no meio das montanhas, onde quando neve, neva. E aí tu acorda e está sol no dia seguinte, parece que está numa cena de filme, aí tu fala: "Meu Deus do céu, que lugar absurdo!".
Entrevista por Urbano Salles
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