00:00
21° | Nublado

PEC 148: promessa populista, impacto real

A PEC 148/2015 quer reduzir a jornada de trabalho no Brasil, mas especialistas alertam para os riscos econômicos da medida. (Foto: Pixabay)

Publicado em 14/04/2025

A PEC 148/2015, que prevê a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, avançou no Senado e foi debatida em audiência pública. A proposta prevê uma redução gradual, começando com 40 horas no primeiro ano. Segundo o autor, senador Paulo Paim, a medida traria mais qualidade de vida, saúde mental e geração de empregos. No entanto, também implicaria em custos operacionais para as empresas. A PEC ainda será analisada por uma comissão especial antes de seguir para votação no Congresso. Confira abaixo a opinião do economista João Victor da Silva.

"A PEC 148/2015, que propõe a redução da carga horária de trabalho, reflete uma abordagem populista que deve gerar impactos negativos na economia brasileira. A proposta foca em um sintoma — a elevada jornada de trabalho — sem atacar sua causa principal: a baixa produtividade do trabalhador brasileiro, que corresponde a apenas um sexto da produtividade de um trabalhador americano.

A alta carga horária no Brasil decorre de fatores estruturais, como os elevados custos trabalhistas e a rigidez do mercado de trabalho. Essas barreiras dificultam contratações e demissões, levando empresas a exigirem jornadas mais longas de seus funcionários. Sem medidas que promovam a produtividade — como investimentos em capital humano, infraestrutura, tecnologia, redução de encargos trabalhistas e melhoria do ambiente de negócios —, a redução da jornada de trabalho pode gerar efeitos contrários aos esperados.

Dois impactos negativos são previsíveis. Primeiro, a necessidade de contratar mais trabalhadores para manter a produção elevará os custos das empresas, pressionando suas margens de lucro. Esse aumento de custos tende a ser repassado aos consumidores, encarecendo produtos e serviços. Segundo, em um contexto de reconfiguração das cadeias globais de produção, a proposta eleva ainda mais os custos trabalhistas brasileiros, reduzindo a competitividade do país frente a nações vizinhas e outros emergentes.

Sociedades com menor carga horária são, em geral, as mais produtivas. Aumentar os custos trabalhistas sem ganhos de produtividade resultará em bens e serviços mais caros e desestímulo a investimentos no setor produtivo. Para que a redução da jornada seja viável, é essencial priorizar políticas que fortaleçam a eficiência econômica, garantindo benefícios reais tanto para trabalhadores quanto para a empresários".

 

Sobre o economista

João Victor da Silva é bacharel em Economia e Relações Internacionais pela Boston University, onde se formou com a distinção Summa Cum Laude; Mestre (com honras) em Relações Internacionais pela University of Chicago, com especialização em Economia Política Internacional, Desenvolvimento Econômico e Métodos de Pesquisa em Ciências Sociais e Mestre em Finanças pela University of Miami, também com distinção, aprofundando-se em áreas como finanças corporativas, gestão de patrimônio, mercados financeiros, fusões e aquisições.

 

 

 

Da redação

Para receber notícias, clique AQUI e faça parte do Grupo de WHATS do Imagem da Ilha.

Gostou deste conteúdo? Compartilhe utilizando um dos ícones abaixo!

Pode ser no seu Face, Twitter ou WhatsApp!

Para mais notícias, clique AQUI