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Artista manezinho une arte urbana com cerâmica

(Foto: Divulgação)

Publicado em 17/04/2018

O artista manezinho Thiago Valdi encontrou uma maneira de reinventar a sua arte, geralmente vista em muros espalhados por toda Florianópolis. Valdi, que já é conhecido na Ilha pelas suas obras em prédios, muros, fachadas de empreendimentos e até mesmo em tela, aposta agora numa nova mídia para expressar a sua arte: a cerâmica. Muito conhecida e tradicional, a cerâmica trazida para Santa Catarina em meados do século XVIII pelos açorianos, a princípio era utilizada especialmente na confecção de artefatos de uso doméstico, como moringas, potes, panelas e vasos. Com o tempo, a cultura ceramista foi sendo encaminhada para o toque artístico, com a criação de esculturas e painéis de decoração.

Com o objetivo de reinventar a cultura e também a sua maneira de fazer arte, Valdi decidiu unir o street art, que é a sua identidade, a essa tradição tão forte da cerâmica na cultura local. E assim surgiu a parceria do artista com o Estúdio 1080, do ceramista Fabiano Adames, que trabalha há 12 anos com produção de peças em cerâmica no bairro Santo Antonio de Lisboa em Florianópolis, que é referência na cidade no quesito arte da cultura manezinha. Trabalhos de outros artistas, assim como os de Samuel Casal que utiliza técnicas da xilogravura, também podem ser encontrados no local.

Segundo Valdi, a ideia é fazer parte de uma nova geração da cerâmica apostando na modernidade do conceito. “Já conhecia o incrível trabalho do Fabiano, que também tem a parceria com o Samuel Casal, grande artista de xilogravura, e eu já tinha um conhecimento técnico de moldar esculturas em barro, mas nunca havia trabalhado com a arte nesse sentido. Conversei com o Fabiano e ele gostou muito da ideia e colocou o estúdio à disposição para eu criar essas peças. A partir daí vi a oportunidade de abrir a cabeça das pessoas para o novo, dar uma visão diferente à cerâmica e ao mesmo tempo manter a identidade das minhas obras. E até hoje não vi nenhum artista trabalhar dessa maneira, com a street art e cerâmica juntas, é um conceito completamente novo”, relata.



Para Fabiano, essa maneira de fazer arte eleva ainda mais o patamar da cerâmica, pois reinventa uma cultura existente há muito tempo.“Conheço as obras do Thiago e a princípio até achei inviável unir as duas coisas por conta dele fazer trabalhos grandiosos, como em muros, mas um dia ele veio no estúdio e mostrou que consegue transmitir na cerâmica a sua forma de fazer arte. São utilizados materiais diferentes, tipos de tintas diferentes, como os corantes cerâmicos, mas ele soube adequar muito bem essas diferenças na produção das peças e dar uma nova cara à cerâmica”, diz Fabiano.

Para que essas peças tomem forma, é preciso um processo delicado que envolve moldagem, pintura e queima em forno que dá o aspecto visual e também de resistência a uma peça. “O trabalho inicia com o Thiago modelando o barro para dar imagem à peça, depois é feita uma secagem para passar pela primeira queima em 1080 °C. Após isso, o Thiago faz a pintura, ou seja, a esmaltação da peça para por fim passar pela segunda queima que fará a fusão da tinta que dá um aspecto de vitrificarão e brilho à obra”, explica.

A ideia ainda está tomando forma, mas Valdi já produziu algumas peças como painéis, que lembram azulejos, e também imagens em escultura e pratos. Em breve, o artista ainda abrirá uma galeria na cidade onde irá expor e comercializar suas obras muralistas em tela, e agora também, as esculturas e peças feitas em cerâmica. “É o início de um novo trabalho que em breve será apresentado em Florianópolis. Acho que estamos encaminhando para um novo conceito de arte que vai agradar a todos”, finaliza.

 

 

Da Redação