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Com menos de 5% da produção exportada realmente não é fácil achar. Mas, até que temos uma boa presença de produtores dessa região no Brasil. Savoie (Savoá) fica entre Lyon e Turim, fazendo divisa com a Itália e os Alpes Suíços. Ela possui uma longa história de produção, com alguma influência grega confirmada em escritos de Plínio no Século I. Lá também era lar dos Celtas Allobroges que inclusive plantavam uma vinha ancestral chamada Vitis Allobrigica, antes da conquista Romana. Após fazer parte do Reino da Itália, foi anexado à França no Tratado de Turim em 1860.

Savoie é uma região muito interessante, porque apesar de ser pequena, com apenas 2.000 hectares em produção, possui mais de 20 Denominações Geográficas e 22 uvas autorizadas para cultivo, sendo algumas delas únicas que só encontramos por lá. A produção local é de 70% de vinhos brancos, justamente por ser um canto frio e com certa altitude.

No total são menos de 200 produtores e, como dito, apenas 5% da produção é exportada. Logicamente o consumo local é muito grande, pois a região é um grande destino turístico com seus resorts de Ski. Seu clima continental é altamente influenciado pelos Alpes, com pouca influência mediterrânea e os seus melhores vinhedos se encontram em encostas muito íngremes, em alguns terraços pedregosos, entre 300 e 650m de altitude, considerados de viticultura heroica.

O fator moderador climático dos lagos locais, como Bourget, Annecy e o Lac Léman, e esses vinhedos inclinados com excelente exposição Sul-Sudeste criam um microclima surpreendente mais quente que o esperado. Os solos têm influência glacial e da formação das montanhas, sendo que o calcário forma a maioria, mas temos também argila, sílex, xisto e quartzo. Dentro de Savoie temos as AOPs: Savoie - Roussette de Savoie, 100% produzido com a uva Altesse, Crémant de Savoie, que podem ser deliciosos e a pequena Seyssel, com menos de 60 hectares em produção.

Suas principais uvas são as brancas Jacquère, que é a mais plantada. Leve, floral, com alguma característica mineral. Altesse, conhecida como Roussette, faz vinhos mais intensos e com ótimo potencial de guarda. Um toque mais amendoado e textural. 

Temos também uma variedade do Rhône, a Roussanne, que aqui é conhecida como Bergeron e produz o chamado Chignin Bergeron. Temos muitas outras, como Chasselas, cultivada mais perto da Suíça, Chardonnay e até Aligoté e Marsanne, por exemplo.

Nas tintas as principais são as nativas Mondeuse, cultivada pelos Allobroges, descrita por Columella como a uva que amadurece entre a neve. Linda expressão em Arbin, bela acidez, taninos marcantes, fruta e algo terroso-animal. Tem ótimo potencial de guarda. A uva Persan é mais difícil de cultivar, precisa de um terroir mais quente. Pode ser dura e fechada na juventude, mas com ótima acidez e taninos mais marcantes, guarda bem.

Outras duas variedades muito importantes são Gamay e Pinot Noir que juntas cobrem quase 250 hectares por ali. Ah, eles também são famosos pelos seus Vermutes que fazem muito sucesso localmente.

Savoie é lar de diversos produtores familiares, pequenas produções normalmente orgânicas de vinhos com mínima intervenção e cheios de personalidade. Se despertou a curiosidade, temos ótimos produtores de lá no Brasil como os da família Berlioz e os fantásticos vinhos do Domaine des Ardoisières.

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