Vinhos alemães: do Mosel ao mundo, um retorno à excelência
Tradicional região vinícola alemã revisita a reputação com destaque para o renomado Egon Müller
Você sabia que na virada do Século XX os vinhos da região do Mosel, na Alemanha, eram alguns dos mais famosos do mundo e valiam muito mais que os Premier Grand Cru de Bordeaux e vinhos como o famoso e caro Château d’Yquem?
A Alemanha tem uma história longa e muito rica de produção de vinhos, com alguns vinhedos datando do Século XII e produzindo até hoje e claro que a proximidade com a França e a presença de longos rios fez com que as regiões fossem facilmente desenvolvidas e o terroir perfeito para a produção de algumas uvas, principalmente Riesling e Pinot Noir. Aliás, na Alemanha se produzem os melhores Riesling do mundo e já falei sobre eles na coluna "Tudo acontece por um Reisling".
Vinhedos como o Schonfels, no Saar, tributário do Mosel é um desses e sempre foi sinônimo de cobiça e qualidade. Hoje produtores como Peter Lauer cultivam vinhedos de mais de 100 anos naquela linda colina e ainda produzem vinhos icônicos.
Mas, isso não se manteve eternamente. Após as devastações das pragas como Filoxera e Míldio e claro, das grandes guerras a Alemanha e toda Europa, se viram numa crise e na grande necessidade de reconstrução e muito da produção agrícola foi pensada para quantidade no lugar de qualidade. Inclusive as leis alemãs criadas em 1971 fomentaram isso.
O cenário mudou muito e por um período uvas mais simples como a híbrida Müller-Thurgau, criada pela cruza de Riesling e Madeleine Royale em 1882 na Suíça, dominaram o cenário e lá pela década de 1980 vimos um fenômeno que também chegou ao Brasil e praticamente destruiu a reputação dos vinhos alemães. A criação de um estilo que representou quase 60% de toda a venda de vinhos alemães chamado Liebfraumilch e sua famigerada garrafa azul.
A criação de uma associação de produtores de vinho de qualidade com requisitos de qualidade extremos, chamado VDP (Verband Deutscher Prädikatsweingüter) e a consolidação de uma das principais faculdades de enologia do mundo no Rheingau, a Geisenheim, fez com que o nível de qualidade alto fosse novamente buscado pelos produtores locais e isso foi auxiliado pelos consumidores que procuram cada vez mais vinhos melhores.
De um país conhecido por produzir vinhos simples, baratos e doces para um que é reconhecido por produzir alguns dos mais espetaculares vinhos brancos do mundo, inclusive doces naturais que podem durar mais de um século, a Alemanha está na moda e na ponta da língua dos principais Sommeliers do mundo.
E auxiliada pela moda da Pinot Noir na Borgonha e seus preços cada vez mais altos, a Alemanha também se destaca de forma incrível na produção de Pinot Noir, ou como eles chamam localmente: Spätburgunder.
Hoje em dia é impossível falar de vinhos clássicos e de alta qualidade sem mencionar Alemanha e nos lembramos disso cada vez que a lista dos 10 vinhos mais caros do mundo é divulgada. O produtor mais famoso e icônico da Alemanha, Egon Müller está sempre por lá com seu raro e cobiçado Trockenbeerauslese.
A boa notícia é que os vinhos da Alemanha de qualidade estão voltando com tudo ao Brasil e até mesmo Egon Müller temos o privilégio de comprar por aqui. Hoje uma carta de vinho de qualidade deve ter vinhos da Alemanha.
Cellar Educa: Alemanha
O colunista do Imagem da Ilha, Eduardo Araujo, ministrará uma experiência enogastronômica em Florianópolis, no evento “Cellar Educa: Alemanha”. A atividade ocorre no dia 5 de novembro, das 19h às 22h30, no Rancho Açoriano, em Coqueiros. Com a proposta de explorar a cultura vinícola alemã, o evento inclui uma aula sobre a história e hierarquia dos vinhos da Alemanha, abordando variedades como Riesling, Weissburgunder e Spätburgunder, além das regiões produtoras Mosel, Rheingau, Baden, Pfalz e Ahr.
Durante a experiência, os participantes poderão degustar nove rótulos exclusivos selecionados pela Cellar, entre eles, os vinhos do Egon Müller, citados anteriormente. Para os sócios do Clube Cellar Selections, o valor da inscrição é de R$ 450; para não sócios, R$ 550. Além disso, o jantar terá um custo adicional de R$ 175 por pessoa, pago diretamente ao restaurante, incluindo entrada e prato principal.
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Sobre o autor
Eduardo Machado Araujo
Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers
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