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Direto do Campo: por uma causa nobre
Direto do Campo da Beira-Mar Norte distribui alimentos gratuitamente para famílias carentes

Ações acontecem todos os sábados (Foto: HBN/Jornal Imagem da Ilha)

Publicado em 15/06/2020

Há mais de 10 anos o movimento intenso do Direto do Campo da Avenida Beira-Mar Norte vai além do horário comercial. Após o fechamento, voluntários se unem para servir à comunidade por uma causa nobre.

Todos os sábados, cerca de 15 voluntários se dispõem a auxiliar nos trabalhos de separação e distribuição de cerca de 2 mil kg de alimentos destinados de forma gratuita aos moradores do entorno que possuem dificuldades financeiras. Com a pandemia, o número de alimentos doados pelo Direto do Campo dobrou: foi para 4 mil kg. “Tenho prazer em servir a comunidade”, destaca o proprietário Elder Besen, que acompanha todas as ações.

A partir das 18h30, os voluntários começam a separação dos alimentos para a distribuição. Enquanto isso, a fila vai se formando e aumentando à medida que as horas passam. Nenhum voluntário tem horário fixo para ir embora e não se preocupam com isso. Ali o foco é ajudar os mais necessitados.

“Faça sol ou chuva estou aqui. Ajudar faz bem”, diz Valéria Silva Cerqueira, 22, moradora do Morro do Horácio. Ela é voluntária há 7 anos e não pensa em parar tão cedo. “Muitas famílias não podem comprar nem uma batata e encontram aqui a oportunidade de receber os alimentos de graça. E com essa crise, o movimento aumentou muito mais”, conta.

É com a mesma disposição de Valéria que, há 8 anos, Nevetino Rodrigues, 45, começou as atividades como voluntário na distribuição dos alimentos. Dois anos depois, sua generosidade rendeu bons frutos. Ele conseguiu um emprego fixo no Direto do Campo. “Aqui todos se ajudam. E, assim como todos são ajudados, eu também fui”, conta.

Como tudo começou

Há 25 anos, o casal de agricultores Regina e Elder Besen aproveitou o espaço criado pelo projeto Sacolão, do então prefeito Sérgio Grando, que buscava trazer frutas e legumes direto do produtor para a cidade e, com isso, oferecer alimentos a preços mais acessíveis ao consumidor. 

No início, eles chegavam de madrugada e montavam o seu espaço com caixotes no recuo da Avenida Beira-Mar Norte, onde hoje é o condomínio Country Club. O peso das mercadorias era feito em balanças com dois pratos, pesos de metal em um prato e as mercadorias no outro. Em lugar de saquinhos de plástico, os consumidores utilizavam sacolas e carrinhos de feira.

E este projeto, assim como é até hoje, foi uma via de mão dupla, já que trazer frutas e verduras produzidas na “vizinha” Antônio Carlos, para vender na capital catarinense, viabilizava o negócio da família e contribuía com o consumidor. "Foram dias difíceis. Todos os dias, acordávamos à 4h para preparar tudo e colocar no caminhão. Chegávamos na Beira-Mar às 5h e começávamos a preparar o cercadinho para abrir às 6 h. Mas trabalhávamos felizes. Com este projeto consegui alimentar minha família, trazer alimentos para a cidade a preços subsidiados para os consumidores. E hoje ainda consigo realizar esta doação de alimentos todos os sábados", conta Elder Besen.   

Da redação