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Os mitos da armazenagem de vinhos

(Foto: Divulgação)

Publicado em 28/06/2018

Mais um mito que envolve a cultura do vinho cai por terra. Ano após ano temos novidades, na sua maioria descobertas através de pesquisas científicas de empresas e universidades ao redor do mundo, que derrubam velhos conceitos que sempre foram dados como fundamentais. Dessa vez foi uma pesquisa Australiana publicada no Australian Journal of Grape and Wine Research que foi de encontro com a pesquisa realizada pela Amorim, maior empresa produtora de rolhas do mundo, afirmando que a posição que se guarda uma garrafa não se comporta da forma como fomos ensinados e que guardar uma garrafa na horizontal poderia até mesmo acelerar a deterioração da rolha.

Mas, muito antes disso, Émile Peynaud foi responsável por quebrar diversos paradigmas da enologia. Ele é considerado o pai da enologia moderna e muitos torceram o nariz na época em que ele advogava para seleção de frutos, controle de temperatura e fermentação separada de diferentes parcelas. Tudo isso hoje é muito comum, práticas normais, mas um dia foram ideias novas contra o que estava sendo utilizado como padrão.

No caso específico das pesquisas citadas, as conclusões foram contra o velho hábito de manter as garrafas deitadas na horizontal e em ambientes úmidos. Os pesquisadores australianos estavam testando diferentes vedações e posições de guarda para dois vinhos brancos, que ficaram cinco anos sendo avaliados e não observaram mudanças significantes quando os vinhos foram armazenados na vertical em relação aos armazenados na horizontal.

Essa mesma pesquisa percebeu mudanças mínimas (aromas redutivos) nos vinhos com rolha natural, mudanças de aromas redutivos (falta de oxigênio) nos vinhos com screw-cap e maior oxidação nos vinhos vedados com rolha sintética. Já na pesquisa da Amorim seu diretor Dr. Miguel Cabral afirma que a umidade no pequeno espaço de ar entre o vinho e a rolha dentro da garrafa é de quase 100% e de que a umidade externa à garrafa não influencia nesse fator. Essa afirmação derruba o mito de que as garrafas devem ser colocadas na vertical para manter contato com a rolha.

E a pesquisa foi ainda mais longe afirmando que manter os vinhos na vertical pode umedecer demais as rolhas, causando uma deterioração prematura, a redução do seu tamanho e acelerando a debilitação celular da estrutura da rolha.

Se pensarmos em outro fator, vemos também que na posição horizontal a faixa de ar tem maior superfície de contato com o vinho se comparado com o pequeno contato no gargalo quando a garrafa esta na vertical, podendo auxiliar na oxidação. São muitos detalhes que precisam ser observados e tem muita gente boa pesquisando, estudando e buscando respostas científicas para as nossas velhas verdades.


Sobre o autor

Eduardo Machado Araujo

Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers


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