Logística em uma feira de vinhos
Na última semana estive visitando novamente a Expovinis, maior feira de vinhos da América Latina, e observando as novidades e tendências do mercado. A feira já é tradicional e faz parte do calendário como um dos mais importantes eventos do setor, sendo uma parada obrigatória para fazer novos negócios, descobertas, rever os amigos de outras cidades ligadas ao vinho e também conhecer novidades.
Mas, visitar uma feira dessas não é tarefa fácil, são mais de 400 expositores e milhares de vinhos para serem degustados, além dos eventos paralelos de degustação e aulas. Aliás, os dias que antecedem a Expovinis são cheios de eventos em outros locais de São Paulo, onde importadoras e associações aproveitam a concentração de pessoas ligadas ao setor para realizar encontros de degustação e apresentação de portfólio.
Bom, mas estava falando de como é complicado montar uma logística para visitar uma feira desse porte, onde os estandes são espalhados sem uma ordem lógica, exceção aos montados em conjuntos por associações nacionais como Acavitis, Ibravin e internacionais como a Wines of Chile e Viniportugal, que conseguem agrupar diversos produtores de cada região, facilitando o trabalho. O restante da feira é dividido em grandes empresas importadoras e vinícolas nacionais, deixando o visitante de primeira viagem um pouco confuso e tendo que dar diversas voltas.
Como meu trabalho exige o conhecimento técnico de diferentes vinhos, minha intenção na feira é conhecer coisas novas e provar muito vinho. Por isso, procuro sempre saber com antecedência quem são os expositores e tentar montar um esquema de visitação, no qual eu consiga provar os vinhos de uma maneira mais racional e buscando sempre o que ainda não conheço.
São três dias, então, pode-se dizer que geralmente divido os dias começando com vinhos brancos e tintos mais leves e, por isso no primeiro dia passei um bom tempo nos estandes da França, principalmente Vale do Loire. No final do dia já evoluímos pros vinhos mais estruturados, indo para o canto da Itália, onde provei vinhos deliciosos da Sardegna ao Piemonte. Esse primeiro dia reservo para degustar tudo que não conheço e que não tem importador no Brasil.
No segundo dia, geralmente vou atrás de dicas de amigos que provaram algo bom em algum estande que ainda não fui, começo também a degustar novidades de produtores já conhecidos, ou novas safras, como fiz no estande da Miolo, com o lançamento do novo Testardi Syrah e do Quinta do Seival Cabernet Sauvignon 2011.
É bom reservar uma hora para assistir alguma “master class” de interesse que, no meu caso, foi uma palestra com o crítico Rui Falcão sobre a região do Alentejo. É fundamental provar os vinhos com uma orientação de quem conhece profundamente a região e seus estilos.
E finalmente, ao fim do segundo dia se ainda tivermos tempo, e também no terceiro, abrimos espaço para o de sempre, para voltar a algum produtor ou estande que gostamos e pra relaxar um pouco mais. São nesses períodos que o consumidor final, sem conexão profissional com o mercado, tem a chance de visitar a feira. Sempre lembrando que nesses eventos é extremamente desagradável beber grandes quantidades de vinho e acabar ficando embriagado, por isso a degustação é técnica e o vinho em sua grande maioria é descartado. Não tem coisa pior do que atender pessoas alteradas em meio a um evento profissional.
Sobre o autor
Eduardo Machado Araujo
Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers
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