Experiência 'de dar gosto'
Concurso em Portugal teve programação intensa com a presença de profissionais respeitados de diversos países
Concursos. Já tratei desse assunto por aqui, de sua importância e de sua banalidade quando surgem centenas deles distribuindo medalhas e promovendo “o melhor vinho do mundo” daquela semana. Mas, quando concursos são respeitados, bem organizados e com um painel de vinhos e jurados completos, eles podem ser uma bela ferramenta para divulgar um país ou região, gerar conhecimento e ajudar a criar uma troca de ideias e informações entre produtores de todos os lugares.
No último mês tive a honra de ser convidado para julgar os vinhos do Concurso Vinhos de Portugal. Fui o único brasileiro (residente) no júri internacional que era composto por 24 profissionais de 15 países diferentes. Profissionais de alto gabarito e experiência, como Master of Wine e Master Sommeliers, que faziam parte das mesas julgadoras que tinham como presidentes enólogos e profissionais portugueses do setor, como Osvaldo Amado, Luís Sottomayor, Rui Cunha e Manuel Lobo, por exemplo.
Durante três dias, passamos horas avaliando as cerca de 1,8 mil amostras de todas as regiões portuguesas. A divisão por mesas avaliadoras permitia a troca de ideias e experiências entre os mais variados profissionais, alguns deles na primeira viagem a Portugal, e outros enólogos com mais de três décadas de experiência no país. Após as avaliações, tínhamos uma master class sobre os vinhos portugueses e suas características únicas, como as castas autóctones e suas vinhas velhas, por exemplo.
Dentre as diversas degustações ou na avaliação e nos jantares e master classes, a opinião era unânime: o vinho português está cada vez melhor, mais típico e com uma enorme relação de preço pelo que entrega. E, para isso, o concurso foi fantástico: poder reunir em uma semana representantes dos maiores mercados importadores e mostrar toda essa diversidade e qualidade, além de gerar uma experiência de visitas, aulas e jantares causando uma excelente impressão.
Após a avaliação inicial, os vinhos com as melhores pontuações passaram por uma avaliação final do Grande Júri para serem avaliados os ganhadores dos "Grande Ouro" e de cada categoria, incluindo os Vinhos do Ano. Todo o resultado foi divulgado num fantástico jantar no belíssimo Terminal de Cruzeiros dos Leixões, em Matosinhos, no Porto. Uma noite de celebração, descontração e de felicidade para os produtores que levaram as máximas premiações.
Das cerca de 1,8 mil amostras, apenas 29 levaram o prêmio de "Grande Ouro", distribuídos por quase todas as regiões, mas com destaque para o Douro. E os seis vencedores de Vinho do Ano em cada categoria foram:
- Melhor Espumante: Luiz Costa Pinot Noir & Chardonnay, 2015;
- Melhor Vinho Branco: Quinta Pedra Escrita Reserva Bio, 2017;
- Melhor Vinho Tinto: Quinta Vale D. Maria Vinha da Francisca, 2016 (Melhor do Ano);
- Melhor Varietal Tinto: Grande Rocim, 2015;
- Melhor Varietal Branco: Villa Oliveira Encruzado, 2016;
- Melhor Licoroso: Alambre Moscatel de Setúbal 20 Anos;
Ficam as notas de agradecimento e de parabenização a Vinportugal e a organização desse grandioso evento que ocorreu de maneira perfeita durante toda a semana de programação.
Sobre o autor
Eduardo Machado Araujo
Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers
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