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Destaque internacional
Quinta da Figueira conquista alta pontuação em guia chileno Descorchados

Produtor e enólogo catarinense Rogério Gomes e seus vinhos premiados (Foto: arquivo pessoal)

Publicado em 14/05/2019

Como uma vinícola de garagem em Florianópolis consegue ser a mais bem avaliada da serra catarinense, por um dos mais importantes guias de vinhos da América Latina, com vinhos chegando a 93 pontos? Para o enólogo e produtor Rogerio Gomes, proprietário da Quinta da Figueira Vinhos Disruptivos, o reconhecimento é resultado de um longo e constante trabalho investigativo sobre as uvas. 

A produção de vinhos de Rogério já foi matéria no Imagem da Ilha. Ele começou esse minucioso trabalho há mais de doze anos, inicialmente, para produzir seus próprios vinhos; depois, com o feedback de amigos, começou a pesquisar os detalhes da fermentação das uvas e a relação com os taninos e sua evolução, já pensando na comercialização por e-commerce. Em 2015 seu vinho Flor de Garapuvu foi eleito pelo Guia Adega Vinhos do Brasil como o melhor Chardonnay do País, junto com outros três rótulos. O Flor obteve 91 pontos no concurso. Portanto, desafio é o que move esse catarinense.
Em 2018 ele apresentou seus vinhos durante o lançamento do conceituado Guia de Vinhos Descorchados, em São Paulo, e surpreendeu até grandes produtores com os processos e resultados alcançados. Neste ano não foi diferente. A Quinta da Figueira mais uma vez teve seus vinhos premiados. Algumas uvas, originárias de vinhedos da vinícola Suzin, a 1.200 m de altitude, em São Joaquim, na serra de SC, foram colhidas um mês depois da data ideal para a colheita, para uma nova proposta que resultou no Escambau, Merlot 2018. Nesta safra, Rogério teve quatro de seus vinhos reconhecidos com a alta pontuação pelo Guia Descorchados.

Valorizando a cultura local

Gomes já participou de vários concursos com seus vinhos sempre em destaque, valorizando a cultura da Ilha. Foi assim com o rótulo que leva o nome de origem da vinícola e, neste ano, vieram os premiados Arrombassi, um Merlot 2018 (92 pontos); Escambau, Merlot 2018 (92 pontos); o  Istepô, Merlot 2018 (91 pontos); e o Miramar, um Merlot que recebeu 90 pontos no guia chileno.

Recentemente ele utilizou duas novas técnicas na produção de seus vinhos. Primeiro, durante a fermentação foi utilizado um misturador para criar uma maior interação entre o mosto das cascas e as sementes. Depois, foi mais além. Na pesquisa sobre taninos, Rogério descobriu que as sementes eram responsáveis por grande parte da sensação de maturação das uvas na boca (os taninos). Ele buscou na trituração das sementes uma referência para melhorar a relação dos taninos durante a fermentação. Tudo isso com o apoio de pesquisas de amostras de seus vinhos feitas nos Estados Unidos. Já o segredo dos detalhes da produção, por enquanto estão guardados a sete chaves, enquanto o produtor aguarda o registro do método pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). 

Degustando um dos premiados

O Escambau apresenta o aroma marcante de frutas vermelhas e negras. Por não ter contato com a madeira, o vinho de forte cor violácea tem nestas frutas sua característica mais envolvente, além de ser voluptuoso e macio na boca. A integração das sementes trituradas com o mosto suaviza os taninos mesmo tendo uma alta graduação alcoólica (15%). Um vinho perfeito para acompanhar um cordeiro como o que foi preparado para a degustação. É uma pena que a produção deste primeiro lote tenha sido de apenas 100 garrafas. Lembrando que os vinhos premiados podem ser adquiridos pelo site: www.quintadafigueira.com.br.

Por Hermann Byron