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Cozinhar, a arte da conquista

Aplausos para a arte da conquista! Na foto, Tournedos Rossini. (Foto: Divulgação)

Publicado em 01/08/2024

Aplausos para a arte da conquista!!!

Muitas vezes me perguntaram: “Por que você resolveu cozinhar??”

Simples, porque tinha fome!!!

Fome de “coisa boa” que viviam em cardápios de bons restaurantes!

Quando lembro das poucas vezes que íamos às cantinas italianas na minha infância, a massa fresca me encantava na sua forma mais trivial: Molho de tomate, manjericão, e mozzarela de búfala no centro do prato, fresca como uma burrata!

Quando sai de casa, comer essa maravilha no Gigetto ou Giovanni Bruno, restaurantes italianos no centro de SP, era quase o valor do meu salário…

Pesquisando em livros de receitas, descobri que massa fresca era uma simples mistura de farinha e ovo... o molho de tomates era tomate, folhas de manjericão, azeite e alho... E a mozarela era fácil de encontrar no mercadão abdicando de um almoço na semana!!!

Tudo parecia simples… E para mim se tornou!

Talvez tenha nascido deste fato a minha vida futura de cozinheiro!!

Pronto... Fui cozinhar!

Principalmente porque as patacas que tinha não podiam pagar as patacas que cobravam no restaurante, mas eram o suficiente para eu mesmo fazer!

E com minhas incursões culinárias, descobri também que esse era o caminho mais curto e certeiro para uma noite festiva, passava pelo estômago das cocotas, como eram conhecidas as gatinhas na minha juventude!

O xaveco culinário nunca falhava!

Era a comida que garantia a comida... Se é que me entendem!

Fui me aprimorando e cada vez mais fazendo com que minha arte na cozinha garantisse a minha arte de conquista… Afinal, o amor pode acabar, mas a fome não acaba nunca!!!

Talvez por isso tenha aprendido a cozinhar o que agrada ao paladar dos outros, não ficando preso somente ao que aprecio no prato!

Não sou um grande apreciador de carne bovina, e nem ovinos e caprinos, no entanto, alguns dos meus pratos mais festejados nos anos de Bistrô era o carré d’agneu, o entrecot e alguns ragouts de carnes mais fortes, como o boeuf bourguignon!

Cozinhar para os outros, muitas vezes, é um ato narcisista: os elogios alimentam o ego do cozinheiro e o desejo de fazer cada vez melhor!

E quem trabalha com gastronomia e discorda dessa afirmação, mude de profissão… não é cozinheiro!

Cozinheiro é um ser que vive para criar sabores e receber elogios!!!

Cozinhar é um ato de socialização… Ninguém cozinha só para si… Precisa de plateia, de degustadores, precisa de aplausos, precisa conquistar paladares.

Antoine Carême não criou o Tournedos Rossini unindo um robusto corte de filé mignon encimado por um escalope de foie gras e finalizado com untuoso molho de vinho e trufas para apreciar sentado solitário na sua varanda vendo o pôr do sol!

Criou para agradar não só o compositor de óperas Gioachino Rossini, autor do famoso ‘O Barbeiro de Sevilha’, mas principalmente para impressionar os apreciadores da boa gastronomia!

No Brasil, Rodrigo Oliveira, lê-se Restaurante Mocotó em São Paulo, criou os dadinhos de tapioca não para guardar a receita à sete chaves, criou sim para entrar no cardápio de todas cozinhas autenticamente brasileiras e também entrar para história da nossa gastronomia.

Já o petit gâteau tem sua paternidade disputada pelos chefs Michel Bras, e também ao chef Jean-Georges Vongetrichten, e até ao chef franco-brasileiros Erick Jacquin, mas é certo afirmar que nenhum deles pensou criar essa sobremesa para ser apreciada solitária vendo a sessão da tarde… Queriam aplausos, queriam elogios, queriam finalizar uma refeição com um sabor inesquecível.

Enfim, cozinhar é a arte de agradar, e o chef, o cozinheiro, é o maestro dessa arte, sempre à espera de aplausos e até um grito de “bravo” vindo da plateia ao final de sua apresentação: o seu prato, a sua receita!

Aplausos aos bons cozinheiros e suas criações!!!

Aplausos a boa gastronomia!

Texto por André Vasconcelos

 

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Sobre o autor

André Vasconcelos

Cozinheiro raiz e autodidata, hoje no comando de sua Cozinha Singular Eventos e d'O Vilarejo Hospedaria e Gastronomia, onde insumos e técnicas são a base de cardápios originais e exclusivos... e aprendiz de escritor também!


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