BEBIDAS - 1ª QUINZENA DE FEVEREIRO
Ainda dá tempo de se render aos vinhos brancos!
Sim, por incrível que pareça ainda temos um mercado dominado pelos tintos e ainda pior, por aqueles encorpados e alcoólicos. Agora, enquanto escrevo essa coluna, os termômetros marcam 34º em Florianópolis e um cliente acabou de sair da loja com uma caixa de Malbec e outra de Cabernet Sauvignon para beber em casa. Fico pasmo, tento falar sobre o assunto, mas vejo que pouco adianta.
Por isso aproveito essa edição de verão para tentar mostrar que temos clima e gastronomia perfeitos para apreciarmos os deliciosos e refrescantes vinhos brancos. Coisa que os amigos europeus acham que fazemos há muito tempo e se assustam quando falo da vantagem que os tintos levam por aqui.
Com esse clima tropical, uma costa enorme e ótima gastronomia baseada em peixes e frutos do mar, somados ao fato de sermos um país da cerveja “estupidamente gelada” e cá entre nós, aguada, surpreende o fato de não consumirmos vinhos refrescantes, de uma acidez deliciosa, aromas leves e o melhor, que é degustado geladinho. Já atendi cliente que tem até vergonha de falar que gosta de vinho branco, tamanha desinformação e preconceito sobre o assunto.
Talvez seja porque a maioria das pessoas acha que todo vinho branco é feito de Chardonnay e talvez outros com a uva Sauvignon Blanc, e só elas. Mas, assim como as tintas, as uvas brancas podem ser incrivelmente variadas e se encaixar na maior variedade de ocasiões, desde uma segunda-feira à noite, refrescando o calor do verão em casa e relaxando, até mesmo acompanhando uma imensa variedade de pratos, porque sim, o vinho branco é muito gastronômico. Isso sem falar numa garrafa geladinha de um leve Alvarinho na praia ou na beira da piscina. Se você acha que aquela cervejinha do supermercado refresca e mata a sede, não sabe o que está perdendo.
O Brasil, inclusive, faz uma grande quantidade de deliciosos e refrescantes brancos e com uma enorme variedade de preços. Abaixo de R$ 20 indico sempre o vinho Almadén Riesling produzido na Campanha Gaúcha, aliás, não só indico como frequentemente levo uma garrafa pra casa. Em São Joaquim é muito difícil errar quando escolhemos um Sauvignon Blanc, acho que o vinho que mais bebi nesse verão foi o Suzin Sauvignon Blanc, fica uma delícia com nossos frutos do mar como as ostras in natura.
Posso falar por experiência própria, depois de uma degustação extensa de vinhos tintos muita gente acha que ir pra casa e abrir um vinho é impossível, mas um branco cai muito bem e realmente mata a sede.
Pense nisso na próxima vez que for à praia, num restaurante pedir peixes e frutos do mar, ficar na beira da piscina com amigos ou em casa relaxando depois de um dia de trabalho. Um branco fresquinho pode ser tudo que você precisa!
Sobre o autor
Eduardo Machado Araujo
Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers
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