O que a menopausa, o câncer de mama e a obesidade têm em comum?
Hormônios em desequilíbrio inflamam o corpo, aceleram o envelhecimento e aumentam o risco de doenças graves

A maioria das mulheres não faz ideia, mas a menopausa, a obesidade e o câncer de mama estão profundamente interligados por uma sequência silenciosa de desequilíbrios hormonais e inflamações que podem começar muito antes da última menstruação.
Durante o climatério, a fase de transição que antecede a menopausa, o corpo feminino passa por uma desaceleração progressiva da produção de estrogênio pelos ovários. É quando o tecido de gordura começa a assumir esse papel, tornando-se uma espécie de fábrica hormonal. Quanto maior o acúmulo de gordura, mais intensa é essa produção alternativa, que resulta na predominância de um tipo mais fraco de estrogênio chamado estrona.
“Essa estrona, que domina o organismo na menopausa, pode ser convertida localmente em outros tipos de estrogênio em tecidos sensíveis, como a mama. E, combinada ao estado inflamatório provocado pela obesidade, cria um ambiente que favorece o surgimento de células anormais, inclusive o câncer de mama”, explica a ginecologista e pesquisadora Fabiane Berta.
Segundo diretrizes internacionais da North American Menopause Society (NAMS) e da International Menopause Society (IMS), o risco de câncer de mama pode aumentar de 20% a 40% em mulheres com obesidade após a menopausa. Cada 5 kg/m² a mais no IMC representa um acréscimo de 12% nesse risco. Por outro lado, a perda de peso pode reverter esse cenário, reduzindo significativamente as chances de desenvolver a doença.
“Não é só uma questão estética. A gordura em excesso atua diretamente na produção hormonal e desencadeia processos inflamatórios persistentes, que afetam o metabolismo, a imunidade e dificultam até o tratamento de doenças. O corpo adoece em silêncio”, reforça Fabiane.
De acordo com a especialista, mais preocupante ainda é o desconhecimento sobre os sintomas que antecedem a menopausa. Ondas de calor, insônia, lapsos de memória, irritabilidade, ansiedade e perda de libido são normalizados e, por isso, ignorados. “Esse silêncio impede o diagnóstico precoce e a chance de cuidar do corpo com antecedência. A mulher começa a sofrer antes mesmo de saber o que está acontecendo”, alerta.
Para Fabiane, a menopausa não é uma doença, mas adoece, e, por isso, o acompanhamento médico precisa começar antes dos sintomas. “O ginecologista deve orientar e iniciar uma ‘menopausa preventiva’ a partir dos 40 anos. Isso permite prever riscos, cuidar do metabolismo, prevenir doenças cardiovasculares e, principalmente, enfrentar o nosso maior desafio: a obesidade na maturidade feminina”, resume Fabiane.
Mamografia, avaliação hormonal, exames metabólicos e consultas regulares devem entrar na rotina ainda durante o climatério. “Hoje a ciência já comprovou que com o manejo certo, que pode incluir terapia hormonal, nutrição oligoelementos, atividade física e controle de peso, é possível reduzir de forma significativa o risco de câncer de mama e doenças metabólicas. A menopausa pode ser um ponto de virada. Mas ela exige consciência, escuta e atitude”, finaliza Berta.
Da redação
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