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Felicidade Interna Bruta, por Denise Evangelista Vieira

Assim como na yoga, onde o equilíbrio é fundamental, a sociedade também precisa de boas referências para construir um futuro mais próspero e feliz. (Foto: Pixabay)

Publicado em 02/03/2025

Existe uma posição na yoga para exercitar o equilíbrio. Em pé dobramos uma das pernas e seguramos com a mão, do mesmo lado, a ponta do pé atrás.

Enquanto tentamos, numa perna só alguma estabilidade, olhamos para algum ponto em frente; esse “ponto” pode ser a chama de uma vela. O mundo anda sacolejante e é nesses momentos que necessitamos mais do que sempre de boas referências — luzinhas que brilham no escuro e nos ajudam a nos mantermos em pé.

Foi pensando nisso que me lembrei do livro "Sete dias no Butão”, da jornalista e escritora Natália Fontes Garcia, um relato da experiência dela num país que, surpreendentemente, não ostenta o ideal “carbono neutro”, índice considerado utópico para muitos especialistas. O Butão vai além, é um país “carbono negativo”.

O Butão, vizinho da China, localizado entre as montanhas geladas do Himalaia, é o criador do FIB. Diferente do PIB (Produto Interno Bruto) que é a soma de todos os bens e serviços em um país, durante determinado período, funcionando como um indicador da atividade econômica, o FIB mede a felicidade interna bruta.

Adotado em 1944 depois da Conferência de Bretton Woods e compartilhado entre os países para medir o desenvolvimento, o PIB foi importante, como nos diz a autora, pois projetava reaquecer a economia de um mundo destruído pelas duas grandes guerras. Entretanto, o PIB não indica dimensões importantes da vida, além do crescimento da quantidade de bens e serviços produzidos num país. O PIB não mede, por exemplo, a qualidade e a relevância desses bens e serviços. Já o FIB, índice que mede a felicidade interna bruta, foi se aperfeiçoando ao longo de algumas décadas até que se tornasse um indicador com nove dimensões. Entre elas, estão o bem-estar psicológico, uso do tempo, vitalidade comunitária, educação, cultura, meio ambiente e padrão de vida. Hoje está em discussão na Divisão de Estatística das Nações Unidas (UNSD), em conjunto com diversos países e organizações internacionais, ampliar o PIB, incluindo os patrimônios água e floresta, considerando que não pode haver desenvolvimento sustentável sem equilíbrio ambiental. A mesma divisão, através de um comitê de especialistas, desenvolveu o Sistema de Contas Ambientais como padrão estatístico internacional, para que os países possam fazer cálculos e nortear as próprias políticas públicas.

Nesse sentido, também, e no mesmo período de enorme turbulência, a humanidade escreveu aquela que é ainda a principal referência capaz de nos servir de guia, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada em 10 de dezembro de 1948. Esse documento reconhece a dignidade inerente a todos os membros da família humana, o que confere a todos, os mesmos direitos, sem nenhuma distinção. A observância desses direitos torna viável os fundamentos da liberdade, da justiça e da paz no mundo.

Todos nós fazemos escolhas diárias e podemos nos alimentar de boas referências que potencializem o que há de melhor em cada um de nós. Assim como na prática da yoga, uma chama luminosa nos ajuda a manter o equilíbrio, boas referências podem nos sustentar na construção de realidades mais estáveis, seguras e fraternas.

 

 

 

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Sobre o autor

Denise Evangelista Vieira

Psicóloga formada pela UFSC e em Artes Cênicas pela Udesc. Escreve sobre o universo humano. Quem somos e em quem podemos nos tornar? CRP 12/05019.


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