00:00
21° | Nublado

Dispareunia expõe impacto da dor sexual na saúde física e mental
Quebrar o silêncio é o primeiro passo para interromper o ciclo da dor

Dor na relação sexual ainda é um tabu que atrasa diagnósticos e tratamentos. Especialistas reforçam que nenhuma dor íntima deve ser considerada normal. (Foto: Divulgação)

Publicado em 05/09/2025

Falar sobre dor durante a relação sexual ainda é um tabu para muitas mulheres, o que atrasa o diagnóstico e o tratamento. A dispareunia, termo médico para dor na relação, pode ocorrer em qualquer idade e se manifestar de forma superficial ou profunda. Embora seja relativamente comum, não é normal sentir dor: é sinal de que algo precisa de avaliação e cuidado.

A dor superficial costuma localizar-se na vulva, na entrada e ao redor do meato urinário. É típica no início da penetração, ao colocar absorvente interno, no toque ou mesmo durante exames ginecológicos. Pode vir acompanhada de ardor e sensibilidade aumentada. Já a dor profunda é percebida no fundo da vagina, baixo ventre e pelve, surgindo durante movimentos mais profundos, em posições específicas ou após a relação, às vezes como cólicas.

A dispareunia pode aparecer:

No início da vida sexual: Com a ansiedade, lubrificação insuficiente, alterações do hímen e hipertonias do assoalho pélvico;

Ao longo da idade reprodutiva: Com infecções vaginais, ISTs, vulvodínia, vestibulodínia, endometriose, alterações dermatológicas como líquen plano vulvar e cicatrizes pós-cirúrgicas;

No pós-parto e lactação: Com a queda de estrogênio com ressecamento e sensibilidade;

Na peri e pós-menopausa: Com o ressecamento vaginal e atrofia vaginal;

Após procedimentos ginecológicos: Como a radioterapia pélvica ou uso de medicações que reduzem a lubrificação.

Menopausa transforma vida sexual e exige atenção

“É essencial quebrarmos o tabu em torno da dor na relação sexual. Nenhuma dor é “normal”: ela pode ser superficial, na entrada da vagina, com ardência e sensibilidade, ou profunda, como uma pontada no baixo ventre. Em ambos os casos, há possibilidades de tratamento. O primeiro passo é buscar ajuda e falar abertamente sobre o que sente”, afirma a ginecologista Loreta Canivilo.

Além do desconforto físico, a dispareunia impacta a saúde mental: pode gerar ansiedade, queda da autoestima, medo de relações futuras e tensão antecipatória que aumenta ainda mais a dor, criando um ciclo difícil de romper. 

Causas e quando suspeitar

Além dos sintomas já citados, a ardência ao urinar após o sexo é um sintoma e pode ocorrer por irritação da mucosa; que se repetir e for intenso ou vier com urgência urinária e febre, é importante investigar infecção urinária.

“Quando a paciente entende onde dói e relata quando a dor aparece, no início, com movimentos profundos ou após a relação, conseguimos direcionar melhor a investigação. Medo de urinar por causa da dor não é frescura, é um sinal de alerta que merece avaliação. Com diagnóstico correto, o prognóstico costuma ser muito bom”, explica Canivilo.

Avaliação e tratamentos

A avaliação inclui um histórico detalhado, exame ginecológico com mapeamento da dor e, quando necessário, exames laboratoriais e de imagem. O plano personalizado pode combinar ajustes de lubrificação, terapia hormonal, quando indicada, tratamento de infecções e condições dermatológicas específicas, fisioterapia do assoalho pélvico, apoio psicológico, terapia sexual para quebrar o ciclo de dor devida a ansiedade e tensão, educação sexual e adaptações e revisão de medicações que possam reduzir a lubrificação, quando pertinente.

“Cuidado integral é a chave. Com tratamento multidisciplinar, vemos melhora relevante dos sintomas físicos e da relação da paciente com o próprio corpo e a sexualidade. Dor na relação é comum, mas não é normal, não ignore, procure ajuda”, conclui Loreta Canivilo.

 

 

 

 

Da redação

Para receber notícias, clique AQUI e faça parte do Grupo de WHATS do Imagem da Ilha.

Gostou deste conteúdo? Compartilhe utilizando um dos ícones abaixo!

Pode ser no seu Face, Twitter ou WhatsApp!

Para mais notícias, clique AQUI