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Um clique para a mudança
Ensaios fotográficos ajudam mulheres a recuperar o amor próprio

Tânia: história pessoal de superação após traumas de infância (Foto: Daniela Coelho)

Publicado em 20/04/2019

Medos, anseios, traumas, doenças, dificuldade de aceitar o próprio corpo. Muitas mulheres passam por situações que parecem fugir de seu controle e que causam sofrimento e dor por muito tempo. Para elas retomarem as rédeas de suas vidas, precisam se redescobrir, recuperar um bem precioso e poderoso: sua autoestima. Para estimular o público feminino a acreditar em todo o seu potencial, fotógrafas da cidade lançaram projetos que estão fazendo a diferença em muitas vidas.

"Inicialmente era apenas um projeto fotográfico, mas com a exposição resolvemos fazer algo maior. Queríamos ouvi-las, conhecer suas histórias e com isso inspirar outras mulheres", conta Dani Coelho, idealizadora do projeto Descubra-se, que iniciou em 2015, quando ela começou a fotografar mulheres, e este ano virou exposição em um shopping da Grande Florianópolis. "Meu objetivo sempre foi fazer com que as mulheres se (re)descobrissem lindas, poderosas e sensuais", lembra.

Ao todo, 25 mulheres foram fotografadas e contaram suas histórias pessoais de superação. “Aos 65 anos me senti completamente livre, sem qualquer amarra do passado. Senti que tudo que passei me fez crescer e vencer", conta Tânia D'Aquino. Mulata e filha de uma empregada doméstica, Tânia vivenciou muito preconceito desde pequena por conta de sua cor e origem humilde. Porém, sempre acreditou em seus sonhos: "Apesar de sempre me dizerem que eu  não seria nada na vida, realizei muitos dos meus sonhos. Virei bancária, casei, tive três filhas, todas receberam a educação que não tive e fizeram faculdade, me deram netos lindos - a mais nova está grávida pela primeira vez, estou vibrando", diz.

Desde pequena Kauana Pereira foi ensinada que seu corpo não era socialmente aceito. “Tu tens um rosto tão lindo, se emagrecer, vai ficar mais linda ainda", ela lembra o que as pessoas ao seu redor falavam. As cobranças excessivas para que fizesse dieta deixavam-a ainda mais frustada, o que fazia ela comer ainda mais. "As pessoas não têm noção de que isso não é um estímulo. Elas não fazem ideia de que isso não faz ninguém ter vontade de mudar, só ajuda a dar mais vontade de comer", lembra. Com o passar dos anos, cuidar da saúde virou sua prioridade e a perda de peso foi consequência disso. "Eu sempre vivi escondida, insegura, com vergonha do meu corpo. Isso me trouxe reflexos bastante ruins. Me redescobrir foi o maior desafio da minha vida", conta. 

Mulheres conectadas

A fotógrafa Natalia Brasil levou em consideração as discussões sobre amor próprio e aceitação do corpo para criar uma marca de fotografia que incentiva não apenas um olhar sobre si mesma e sobre o quanto cada mulher é única em sua beleza natural, mas que alimenta a sororidade. "Sempre quis fotografar mulheres, mas eu ainda não havia encontrado o meu propósito e o meu objetivo com isso. Em 2016, após fotografar trinta mulheres em um projeto autoral, percebi o quão importante havia sido pra elas e o quanto também mexeu comigo", conta. Após os relatos de melhora na autoestima dessas mulheres, ela criou a Cura Fotografia Feminina, iniciando um propósito de empoderamento feminino. 

Para celebrar o seu trabalho, Natalia convidou um grupo de mulheres para um ensaio em grupo na praia, para ela, uma maneira de conxeão e identificação umas com as outras e com suas histórias. "Precisamos nos acolher, olhar com leveza e carinho, compreender que nosso poder está na união e conexão com essa potência criadora feminina", relata Samara Bernardino, que fez parte do grupo, assim como Amanda Nascimento: "somos todas diferentes umas das outras e em algum momento de nossas vidas nos vimos em confronto com o nosso corpo. Cada uma com sua trajetória está aprendendo a ser mais gentil consigo e encontrar o apoio em outras mulheres nos faz mais fortes”, conta Amanda. O ensaio faz parte da exposição Ode ao Feminino, que segue até o dia 08 de maio, no Nacasa Ateliê Coletivo, que fica no bairro Trindade.

Gabriela Morateli