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Fabrício Garcia e suas “Redes do Invisível”
Artista visual propõe uma percepção aguçada dos sentidos em mostra na Capital

Fabrício Garcia iniciou a sua trajetória artística na caricatura e participou de importantes concursos nacionais e internacionais (Fotos: Divulgação) **Clique para ampliar

Publicado em 14/09/2022

Através de recortes e fragmentos, o artista visual Fabrício Garcia, 37, propõe-se uma reflexão sobre o universo pesqueiro de Garopaba, município do litoral sul de Santa Catarina. As obras, pintadas em óleo sobre tela, revelam uma intimidade afetiva, aspectos do cotidiano familiar e da cidade. Assim é a mostra “Redes do Invisível”, que está em cartaz no Espaço Cultural BRDE Governador Celso Ramos, em Florianópolis. As pinturas, que retratam peixes e as mãos que trabalham no manejo da pesca e no preparo do alimento, causam impacto por serem tão realistas.

De acordo com o curador da mostra, Marcello Carpes, “é possível trilhar um caminho a partir do não visto, pois as obras têm força suficiente para instaurar uma rede de sentidos”. Para ele, Fabrício Garcia impregna suas telas de referências visuais para muito além da ideia cristalizada da cultura litorânea.

Os detalhes do corte e da limpeza do peixe estão na tela “Amor de Mãe”, na qual a mãe do artista, Ana Maria Rodrigues Garcia, manuseia as ovas. O emocional e os sentimentos ganham nome no retrato do avô, Alcides Adair Rodrigues (1935-2018).  O impacto maior pode acontecer ao visualizar a tela “A Quarentena”, onde “uma mosca sinaliza a angústia sobre um tempo que obrigou a refletir sobre o estar aqui, olhar a própria realidade e perceber que as minúcias é que transformam o cotidiano e o ser”, ressalta o artista visual Fabrício Garcia.


As pinturas de Fabrício impactam por serem tão realistas

 

Mas por quê Garopaba?

Fabrício é neto de pescador e morador de Garopaba. Através de seu talento, ele pode potencializar os atributos artísticos com um forte engajamento comunitário. Além de retratar a paisagem e as cenas, sobretudo da região do centro histórico onde vive com a família, ele coloca a sua arte e crença em favor do desenvolvimento cultural da cidade.

Em Garopaba, ele criou e promoveu o Encontro de Pintura ao Ar Livre, em 2017. Em três edições, a segunda em 2019, e a última de modo virtual, em 2021, atraiu artistas de diferentes Estados brasileiros e, inclusive, de Portugal e da Argentina.

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A história do artista

Fabrício Garcia começou a sua trajetória artística na caricatura, como Manohead, participando de importantes concursos nacionais e internacionais, nos quais conquistou mais de 40 prêmios.

Nos últimos anos, seu trabalho ganhou novas camadas ao utilizar diferentes técnicas, das mais tradicionais, como o desenho à xilogravura, até as mais contemporâneas como a pintura digital. Os óleos sobre tela, reunidos pela primeira vez no BRDE, num primeiro momento, chamam a atenção, para a representação que se insere na chamada figuração contemporânea, em que pinturas e esculturas apresentam temas com uma exatidão de detalhes extremamente minuciosos.

Mais do que enaltecer práticas e hábitos comportamentais de indivíduos que vivem diante do mar, em zona pesqueira, o conceito curatorial mostra estabelece um diálogo entre o tempo e a memória, a partir do pensamento de Henri Bergson (1859-1941), que entende o tempo como um movimento que possibilita criar proximidades com a memória.


“Amor de Mãe” representa a mãe do artista manuseando as ovas do peixe


Memórias invisíveis

O novo projeto de Fabrício Garcia já está em andamento. “Memórias Invisíveis” propõe um museu a céu aberto em casas do centro histórico de Garopaba, em que aproxima duas linguagens, a da cerâmica e a digital. De acordo com o artista, isso será realizado através de instalações sonoras em que os interessados poderão ouvir depoimentos acessados por meio de QR Codes fixos em paredes e que, para associar como um espaço de escuta, estarão sinalizados por uma peça de cerâmica em forma de orelha.

“Com o smartphone e esses dispositivos sonoros, descobre-se fragmentos de memórias da cidade enunciados pelos moradores que reverberam o sotaque local e dão novos sentidos para pequenas narrativas de pessoas comuns”, explica Fabrício Garcia.  

Visite a exposição “Redes do Invisível”, de Fabrício Garcia, no Espaço Cultural BRDE, av. Hercílio Luz, 617, Centro, Florianópolis, de segunda a sexta, das 13h às 19h. O acesso é gratuito.

Da redação

 

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