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Com a ascensão dos métodos direcionados para a preservação do meio ambiente, há um novo interesse em compostagem de restos de comida em casa como uma solução para a redução do volume de lixo que é encaminhado para aterros e lixões todos os dias. De acordo com a Prefeitura de Florianópolis, anualmente, a capital envia cerca 93% de todo o resíduo coletado para o aterro. Desse montante, 65 mil toneladas, o equivalente a 37% do resíduo produzido, corresponde à fração orgânica. 

No início do mês foi sancionada na capital, a Lei da Compostagem para reciclagem de resíduos sólidos orgânicos. Em seu primeiro artigo, a lei 10.501, que é direcionada a estabelecimentos que produzem matéria orgânica, como restaurantes, padarias, supermercados e afins,  institui “a obrigatoriedade da destinação ambientalmente adequada de Resíduos sólidos orgânicos por meio dos processos de reciclagem e compostagem”. 

Segundo dados do IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o material orgânico corresponde a cerca de 52% do volume total de resíduos produzidos no Brasil e tudo isso vai parar em aterros sanitários, onde são depositados com os demais e não recebem nenhum tipo de tratamento específico. De acordo com a Prefeitura de Florianópolis, anualmente cerca de 93% de todo o resíduo coletado na capital vai para o aterro, uma boa parte disso em decorrência da falta de separação correta do lixo. Esse montante corresponde a 65 mil toneladas, o equivalente a 37% do resíduo produzido. Apesar disso, dez toneladas de lixo orgânico são recolhidas pela Comcap diariamente através da coleta seletiva nas moradias ou entregues em pontos de coleta, e direcionadas para compostagem.

Por que compostar?

Para despertar a consciência da população de Florianópolis para o descarte adequado de resíduos orgânicos, a Comcap realiza oficinas de capacitação para compostagem, aos sábados, no Jardim Botânico da Capital, abertas ao público e com acesso gratuito. O objetivo é ensinar a prática para as famílias aplicarem em suas casas e apartamentos. "Quanto mais nós compostarmos e reaproveitarmos, mais nós economizaremos nos custos de transporte e de uso do próprio aterro, e esse recurso poderá ser investido em outras áreas", alerta o diretor presidente da Comcap, Márcio Luiz Alves.

A compostagem traz muitas vantagens para o meio ambiente e para a saúde pública, seja aplicada no ambiente urbano (domésticos ou industriais) ou rural. A maior vantagem é que, no processo de decomposição, ocorre somente a formação de dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2), água (H2O) e biomassa (húmus). Por se tratar de um processo de fermentação que ocorre na presença de oxigênio (aeróbico), permite que não ocorra a formação de gás metano (CH4), gerado nos aterros por ocasião da decomposição destes resíduos, que é altamente nocivo ao meio ambiente. "A compostagem promove a valorização de um insumo natural e ambientalmente seguro que é o adubo orgânico", destaca Alves.

A capital catarinense é a única cidade brasileira que realiza o ciclo completo do lixo orgânico, que consiste em coleta, compostagem e distribuição gratuita do húmus para hortas comunitárias, jardins e parques da cidade e também para quem tiver interesse e quiser retirar no local. O processo leva cerca de seis meses para ficar pronto e é realizado em sua maior parte em leiras, que são as pilhas com toneladas de resíduos que ficam descansando por cerca de seis meses até partir para a fase final, em que se transforma em húmus. Todo o material resultante de podas de árvores realizadas pela Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram) também é levado ao local e transformado por uma máquina em cepilho, que serve como base e cobertura para o lixo orgânico. Para finalizar, cada leira recebe um acabamento com grama, também entregue pela Floram, e que funciona como um selador do processo, inibindo a presença de odores.

Faça você mesmo

Após tentar vários métodos de compostagem sem sucesso, o casal Aline Mafra e Ari Boehme foi atrás de algo que pudesse ser prático de ser realizado no apartamento onde moram, no centro de Florianópolis. Através de amigos, conheceram o método Bokashi, bastante utilizado em outros países, principalmente na Coréia do Sul, mas ainda pouco conhecido no Brasil. Foi há cerca de um ano que eles testaram o processo. Deu tão certo que atualmente eles realizam workshops sobre o assunto e produzem e vendem os kits para compostagem.

Bokashi é um termo japonês que significa "matéria orgânica fermentada". Refere-se a um método de compostagem que usa microrganismos benéficos para fermentar rapidamente resíduos de alimentos, incluindo frutas, legumes, carnes, laticínios, pães e frutos do mar. Esses micróbios estão presentes no farelo Bokashi, que é polvilhado sobre as camadas de alimentos dispostas nos baldes próprios para o processo. A diferença deste para outros métodos é que os resíduos viram adubo mais rapidamente, em cerca de um mês.

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Por Gabriela Morateli