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Caoa Montadora: tombo nas vendas e falta de produtos
Participação da marca Caoa Chery caiu dois terços em um ano

A Caoa Montadora argumenta que o drástico recuo das vendas no primeiro quadrimestre deveu-se à renovação do portfólio de produtos (Fotos: Auto Indústria/ Reprodução) **Clique para ampliar

Publicado em 09/05/2023

A fábrica da Caoa Montadora completa 16 anos este mês. Inaugurada em 2007, fruto de investimento inicial de R$ 1,2 bilhão, a planta de Anápolis (GO), tem capacidade instalada para montar até 150 mil veículos por ano, entre automóveis, SUVs e caminhões leves das marcas Hyundai e Chery.

O ritmo de produção consolidado nesse período, entretanto, passa muito longe disso. No acumulado até dezembro de 2022, segundo a Anfavea, foram produzidos na planta goiana 414 mil veículos, média próxima de 26 mil unidades anuais, com recorde histórico estabelecido em 2021, quando 46,7 mil deixaram as linhas de montagem.

Também pelo ponto de vista comercial, as comemorações do 16º aniversário não são cercadas de muito boas notícias para o conglomerado criado por Carlos Alberto de Oliveira Andrade, falecido em 2021, e que desde dezembro do ano passado é comandado por seu filho.

Neste curto período de seis meses, coincidência ou não, deixaram a empresa executivos experientes, como Márcio Alfonso, presidente da montadora, e Mauro Correia, CEO do grupo, que engloba ainda rede de revendas e as importadoras dos veículos Subaru e Hyundai.

New Tucson e HR “sumiram” 

As vendas acumuladas dos produtos fabricados em Anápolis despencaram no primeiro quadrimestre de 2023. No caso dos modelos da Hyundai, o SUV New Tucson e os caminhões HR e HD80, praticamente cessaram. De acordo com a Fenabrave, do leve HR, produto pioneiro da planta goiana, foram licenciadas somente 5 (cinco) unidades nos quatro primeiros meses do ano e outras 121 do HD80.

HR importado?

Já quanto ao New Tucson, o mistério é maior. O modelo tornou-se produto raro nas revendas desde o ano passado e a empresa dizia se tratar de questão pontual e que a pouca oferta se devia à necessidade de “atualizações com a mudança de legislação (Proconve)”.


HR: apenas 5 unidades fabricadas este ano

Em março, teoricamente, o problema deveria teria sido contornado com a chegada do SUV modernizado estética e mecanicamente, conforme foi apresentado à imprensa. Nesses dois meses, porém, os licenciamentos ainda não foram suficientes nem mesmo para colocá-lo entre os 40 SUVs mais vendidos reliacionados pela Fenabrave.

No ano, informa consultoria especializada, os emplacamentos estariam na casa das seis dezenas apenas, mas de unidades fabricadas ainda no ano passado ou antes.

De fato, consultadas por AutoIndústria, três concessionárias asseguraram que não receberam o New Tucson atualizado e que não têm previsão disso. Mais ainda, uma delas afirmou que aguarda o retorno do HR, mas importado!, assim como outros modelos prometidos pela Caoa, como o crossover Kona.

Curiosamente, em março a montadora exibiu versão 4×4 do caminhãozinho, mas não informou muitos detalhes técnicos ou preço, apenas prometeu sua chegada “para as próximas semanas”.

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Fosse apenas essa quase inatividade dos modelos da Hyundai montados sob licença, o quadro da Caoa Montadora não seria dos mais preocupantes. Mas a grande aposta do grupo nos últimos anos, a marca Caoa Chery — e seus utilitários esportivos nacionalizados —, também tem sofrido muito além do razoável em 2023.

Os licenciamentos, neste caso, limitaram-se a 5.866 unidades dos SUVs Tiggo 5X, Tiggo 7 e Tiggo 8, uma robusta queda de 55% na comparação entre os primeiros quadrimestres de 2023 e 2022, quando a marca negociou 12,9 mil veículos. Isso em um mercado de automóveis de passeio que avançou mais de 13%.

caoa chery
Anápolis produziu metade do planejado para 2022
 

A Caoa Chery pode até argumentar que passou a oferecer seus veículos com motorização híbrida a partir da metade de 2022, o que eleva custos e preços, mas o resultado prático é que, em doze meses, a participação em automóveis passou dos 3,1% para 1,3%, ou seja, um terço do que detinha.

Longe da produção esperada

É a menor fatia registrada em um primeiro quadrimestre desde 2019. No ranking das marcas mais vendidas, já aparece atrás da Peugeot, na 12ª colocação, também a pior colocação nos últimos quatro anos. Há apenas um ano, a Caoa Chery ocupava a 9ª posição e a marca francesa, a 11ª.

Fonte: Anfavea

 

Trata-se de reversão da curva ascendente de participação e vendas que a marca iniciou a partir de 2017, quando o Grupo Caoa assinou acordo de cooperação com a chinesa Chery, assumiu as operações comerciais e industriais, e começou a produzir os SUVs em Goiás.

Simultanemente, manteve a produção do sedã Arrizo 6 e do utilitário esportivo compacto Tiggo 2 e depois Tiggo 3X em Jacareí, SP. Porém, a fábrica paulista, investimento isolado da montadora chinesa e inaugurada em 2014, foi oficialmente fechada em maio de 2022, após pelo menos dois meses sem produção.

A argumentação era — e ainda é — de que a planta será totalmente remodelada para produzir veículos elétricos e eletrificados a partir de 2025.

Com isso, o Tiggo 3X, que fora lançado apenas um ano antes e era o veículo de maior volume em Jacareí, saiu de linha e o sedã Arrizo 6 passou a ser importado.

O SUV compacto figurava como o automóvel mais barato da marca e, mesmo com a produção interrompida nos primeiros meses, acumulou 3,6 mil emplacamentos no ano passado.

Quando do anúncio do fechamento de Jacareí, a Caoa Montadora assegurou que Anápolis aceleraria suas linhas para que a empresa chegasse aos planejados 60 mil veículos fabricados em 2022, um novo recorde histórico. Ficou pouca coisa além da metade da meta: 33,3 mil, segundo aponta a Anfavea.

Montadora responde

Procurada por AutoIndústria, a Caoa Montadora argumenta que o drástico recuo das vendas no primeiro quadrimestre deveu-se à renovação do portfólio de produtos. “No primeiro quadrimestre do ano passado vendíamos  Tiggo2, Tiggo3X, Arrizo 5 e Arrizo 6 GSX, que não estavam mais presentes no portfólio da marca no primeiro quadrimestre de 2023”.

A eletrificação da linha de veículos e a exclusão dos modelos mais baratos, acrescenta a empresa, também implicou em preços médios mais elevados, acima de R$ 150 mil. “Importante reforçar que, mesmo diante do cenário atual da indústria, a Caoa Chery continua crescendo, registrando na média diária de vendas evolução de 18,9% quando comparados março e abril deste ano”, prossegue a empresa, que negou que o HR  será importado, mas admite que as vendas dos modelos Hyundai praticamente cessaram nos primeiros quatro meses de 2023. E justificou:

”Nos primeiros meses do ano a Caoa Hyundai estava em período de transição para dar início à produção do New Tucson, assim como o HR que passou a contar com a versão 4WD. Da mesma forma, o início das vendas do Ioniq se dará a partir deste mês. Com relação ao Kona, a previsão é de comercialização a partir do segundo semestre”.

Fonte: Auto Indústria

Da redação

 

 

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