Quando o Brasil era Moderno, por Karin Verzbickas
Lançado no Festival É Tudo Verdade, documentário mistura arte, memória e crítica em uma narrativa impactante

É arquitetura, é cinema, é arte; e é também política. O documentário dirigido por Fabiano Maciel, lançado do Festival É Tudo Verdade, e que recebeu a menção honrosa do júri por sua extensa e profunda pesquisa, é um verdadeiro mergulho na leitura da história brasileira. O trabalho tem a arquitetura como o fio condutor e mostra como as inúmeras disputas políticas e estéticas foram travadas no nosso país no século passado.
A produção é de uma empresa que nasceu em Santa Catarina, no ano 2000: a Ocean Films, fundada por João Roni Garcia, importante personagem do ecossistema do audiovisual no país. A Ocean está nesse momento lançando, ou em vias de lançar no mercado, nada menos do que mais quatro longas, e comemora essa excelente fase da produção do cinema nacional de alta qualidade. Mas isso é assunto para uma outra coluna, que o João Roni nos garantiu trazer todos os detalhes.
Voltando ao documentário de Maciel – aliás, diretor jovem e talentoso que precisamos todos prestar atenção e que já tem na sua filmografia o brilhante trabalho sobre Oscar Niemeyer, “A Vida é um Sopro” – é importante dizer que, apesar de estar nichado em Arquitetura, a obra perpassa e transpassa muitos outros temas brasileiros. Com uma pesquisa primorosa, traz à tona relatos e análises de importantes players e escancara a discussão de como um estilo arquitetônico no Brasil significou a escolha de um projeto para o país. Hoje, a arquitetura moderna brasileira é considerada uma das mais revolucionárias e ousadas do período, tendo influenciado gerações de arquitetos no mundo todo. E, no entanto, o documentário mostra como o Brasil se perdeu nesse caminho, abrindo mão de um projeto de vanguarda para se acomodar na escuridão do passado.
Importante destacar o desfile de históricas e belíssimas imagens de obras modernistas brasileiras que permeiam todo o documentário, assim como fotos e antigos filmes da época da construção de Brasília.
Pensada e tecida a partir do livro “Moderno e Brasileiro”, de Lauro Cavalcanti, com um roteiro de fôlego assinado por Guilherme Vasconcelos, pelo próprio Cavalcanti e pelo diretor do filme, Fabiano Maciel, podemos afirmar que esta é uma obra densa, complexa, inundada de informações e referências e que exige máxima atenção e concentração de quem a assiste. Não é pra ver comendo pipoca ou zapeando redes sociais. É um conjunto muitíssimo rico e bem estruturado da nossa história recente, encadeada num raciocínio lógico e cruel e que nos leva ao seguinte questionamento e provocação: quando foi que o Brasil desistiu de ser moderno?
Cartaz filme "Quando o Brasil era Moderno".
Quer assistir? Pra quem não abre mão da telona, por ora vai precisar viajar. O documentário permanece em cartaz em São Paulo (Espaço Petrobras), no Rio (Belas Artes Botafogo) e também em Niterói (Reserva Cultural). A boa notícia? Bastidores indicam que o filme pode estrear em Floripa, no Paradigma Cine Arte, nas próximas semanas. E talvez com a presença do próprio diretor, Fabiano Maciel. Vamos torcer!
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Sobre o autor

Karin Verzbickas
Jornalista conhecida por suas resenhas de filmes no Jornal Imagem da Ilha
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