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Reservatório da Casan: conheça as divergências entre o projeto e a execução da obra

“Se o processo executivo seguisse o projeto não teríamos esse fato”, disse o engenheiro civil responsável pela elaboração do projeto estrutural do reservatório, Paulo Henrique Wagner, da empresa TOPOSOLO Arquitetura, Engenharia e Topografia.(Foto: Bruno Collaço / Agência AL) **Clique para ampliar

Publicado em 08/11/2023

Nessa terça-feira, 07, a Comissão Mista da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), criada para apurar o rompimento do reservatório de água da Casan, no Monte Cristo, em Florianópolis, recebeu o engenheiro civil, responsável pela elaboração do projeto estrutural do reservatório, Paulo Henrique Wagner, da empresa TOPOSOLO Arquitetura, Engenharia e Topografia.

Além de ser o relator da Comissão, o deputado estadual Mário Motta (PSD) também presidiu a reunião e realizou diversos questionamentos sobre o projeto, elaborado em 2010. Ao analisar todos os diários de obras entre 2014 e 2022, que remetem ao período de execução da obra, além de outros documentos, como o relatório de análise de acidentes elaborado pela Casan, a equipe do parlamentar apresentou três principais divergências na estrutura projetada pela empresa de arquitetura e o que foi executado:

- estribos com diâmetro divergentes do projeto: o projeto estrutural previa estribos de 10 mm de diâmetro posicionados a cada 20 cm na região intermediária do pilar. No entanto, os estribos encontrados no local eram de 5,0 mm de diâmetro espaçados em 20 cm. O parlamentar, relator da Comissão, ainda neste ponto, frisou que, apesar do diâmetro executado ter sido a metade do projetado, na prática, a resistência da estrutura correspondia a apenas 1/4 da projetada, pois esta é aferida pela área do aço aplicado. Estribos são estruturas de metal que formam as bases internas dos pilares.

- barras do pilar inadequadamente posicionadas: o projeto estrutural previa 13 barras de 25 mm a serem posicionadas na face externa do pilar, na região de intersecção entre o pilar e a parede. No local do colapso constatou-se que as barras não estavam posicionadas conforme indicado no projeto;

- armadura adicional de ligação pilar-parede ausente: não foram encontrados indícios de execução de armadura adicional de diâmetro de 16 mm espaçada a cada 15 cm.

Logo após o rompimento, o engenheiro afirmou que esteve quatro vezes no local para fazer uma confrontação entre o projetado e executado e identificou um total de sete itens divergentes. Essas diferenças totalizam 10 toneladas de aço a menos do que foi projetado, o que, para Paulo Henrique, culminou no desastre.

“Se o processo executivo seguisse o projeto não teríamos esse fato. Na minha opinião começa pelas armaduras dos estribos porque tinham 20% da estrutura necessária, e isso representa uma quantidade menor de área de aço. A ruptura começa ali. Nada acontece por um fato. Uma série de fatores causou a ruptura”, enfatizou o engenheiro.

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Na sequência, o deputado Antídio Lunelli (MDB) perguntou se a TOPOSOLO não deveria acompanhar e fiscalizar a execução do projeto, ao que o convidado respondeu que o contrato da empresa com a Casan não previa este tipo de serviço.

Ainda de acordo com o engenheiro, após o acidente, os cálculos do projeto foram refeitos em outros softwares. Além disso, foi contratado profissional independente para analisar os cálculos e também não encontrou problemas. “Na minha visão, ele está correto", garantiu Paulo Henrique Wagner.

Para o deputado Mário Motta, a reunião foi muito importante, especialmente para coletar informações que, futuramente, servirão de base para questionamentos a outros convidados. “Fiscais da Casan devem participar da reunião, já na próxima terça-feira e, então, poderemos dirimir dúvidas que surgiram a partir das respostas dadas pelo responsável pelo projeto estrutural”.

Próximas reuniões

Também estava prevista para essa terça-feira, a presença de profissionais da Construtora Gomes & Gomes Ltda., responsável pela obra do reservatório, mas os convidados comunicaram, via email, a impossibilidade de participação nesta semana e manifestaram interesse em contribuir em reunião com data a ser definida pela Comissão.

Na próxima terça-feira no dia 14 de novembro, devem ser ouvidos engenheiros sanitarista, ambiental, e civil, da Casan, responsáveis pela coordenação e fiscalização da obra do reservatório R4, além de servidor da Caixa Econômica Federal, designado como fiscal do Contrato n. 0966/2022.

Na terça-feira seguinte, 21 de novembro, devem comparecer representantes da Polícia Científica em Florianópolis e da Agência de Regulação de Serviços Públicos de Santa Catarina (Aresc). A participação da Polícia Científica e da Aresc é fundamental, pois os órgãos elaboraram relatórios sobre o rompimento e as informações contribuirão para a apuração da Comissão Mista.

Encerrando as oitivas, no dia 28 de novembro, o diretor-presidente da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), Edson Moritz Martins da Silva, será novamente convidado a comparecer para prestar os últimos esclarecimentos.

A primeira reunião com oitivas ocorreu em 31 de outubro, quando a Comissão ouviu os esclarecimentos do presidente da Casan, Edson Moritz Martins da Silva, e do líder comunitário do Monte Cristo, Fernando César de Azevedo.

A Comissão

Criada no dia 11 de outubro, a Comissão Mista é composta pelos deputados Ivan Naatz (PL), presidente; Marquito (Psol), vice-presidente; Mário Motta (PSD), relator; e pelos deputados Maurício Peixer (PL) e Lunelli (MDB) como membros. 

A Comissão é formada por parlamentares da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público e da Comissão de Turismo e Meio Ambiente e tem um prazo oficial de 60 dias para concluir os trabalhos.

Da redação

 

 

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