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Glúten: evitá-lo é uma solução ou apenas modismo?

Rótulos devem informar sobre a presença da substância (Crédito: Reprodução)

Publicado em 08/09/2016

Pacientes com sensibilidade ao glúten, portadores de doença celíaca e seguidores de dietas restritivas – estes três públicos são os mais prováveis a serem flagrados em supermercados lendo rótulos de alimentos em busca de informações sobre a presença da substância encontrada em cereais como o trigo, a cevada e a aveia. Dietas da moda, como a Dukan e a Atkins, pregam o extermínio do glúten e dos demais carboidratos dos cardápios como forma de emagrecimento rápido e certeiro. Mas quando cortar o glúten da rotina alimentar diária faz sentido e quando é desnecessário?

De acordo com a nutricionista Thalita S. Soares, muitos pacientes chegam ao seu consultório com dúvidas sobre alimentos alergênicos, como lactose e glúten, e seus efeitos na dieta. “Quando a pessoa chega com claros sintomas de doença celíaca, eu já recomendo que procure um médico gastroenteorologista para que ela possa fazer os exames corretos”, revela a profissional. No Brasil, estima-se que de 6% a 8% das crianças com menos de 6 anos de idade sofram de algum tipo de alergia, de acordo com a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Já dados da FENACELBRA (Federação Nacional das Associações de Celíacos no Brasil) revelam que a doença celíaca afeta 1% da população mundial.

A engenheira de alimentos do Sincabima (Sindicato das Indústrias de Cacau e Balas, Massas Alimentícias e Biscoitos, de Doces e Conservas Alimentícias do Estado do Paraná), Patrícia Amarante, lembra que, desde 2003, a Lei 10.674 define que a indústria de alimentos e bebidas precisa informar obrigatoriamente em seus rótulos se determinado produto contém ou não glúten. Além disso, desde o dia 3 de julho, os rótulos deverão informar, por decisão da ANVISA, por meio da RDC 26 de 2015, a existência de vários outros alimentos alergênicos: crustáceos, ovos, peixes, amendoim, soja, leite de todos os mamíferos e castanhas estão entre eles. “A ideia é garantir que os consumidores possam ter o maior número de informações sobre o que estão ingerindo, de forma a evitar problemas relacionados a alergias alimentares”, explica a engenheira.

Modismo?

Mas e quando o glúten não causa nenhum tipo de alergia ou sensibilidade no paciente – é necessário cortá-lo totalmente da dieta?  De acordo com Thalita, não é bem por aí. “O ideal é que, antes de começar uma dieta, a pessoa que deseja emagrecer busque ajuda de um profissional”. Isto porque, segundo a nutricionista, o mesmo protocolo não é aplicável a todos os pacientes. “Vemos casos de pessoas que consomem o glúten em todas as refeições, o que é um exagero – em alguns casos, apenas moderar o consumo já pode apresentar melhoras na saúde e possíveis sintomas apresentados pela paciente”, afirma a profissional, que defende uma alimentação de qualidade. “Variar é muito importante. O pão francês do sanduíche da tarde pode ser substituído por mandioca, batata doce ou inhame, não tem por que limitar tanto o cardápio”, conclui.

Da redação