Cultura está de luto, morre Antonio Celso dos Santos
Celso descansou...
Esse é o filme que não queria ver. Nem contar.
Recebi há pouco a informação de que o criador do FAM (Florianópolis Audiovisual Mercosul), Antônio Celso dos Santos, faleceu. O velório será neste domingo, 22, das 9 às 12h, Cemitério Jardim da Paz, Capela Verde.
Os filmes antigos sempre terminavam com a palavra FIM. Mas o Celso não tem fim. Ele deixou uma semente linda que não para de crescer, o FAM, que este ano chegou a sua 27ª edição.
Este ano voltei a trabalhar no FAM. E pra comemorar o retorno, escrevi palavras de gratidão ao seu criador. E elas hoje merecem ser reprisadas...
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O FAM completa em 2023 27 anos e foi o sonho de um amigo contemporâneo de faculdade e de movimento estudantil. O Celso era um pouco mais velho e muito mais culto do que eu. Por onde andava, tinha sempre um livro debaixo do braço e uma gargalhada fantástica.
Certo dia, eu queimando a cabeça lendo Hegel no Centro de Convivência, ele se aproxima. Ao perceber que eu não estava conseguindo entender muito do que lia, ele solta um conselho que me marcou:
- Não estressa se não entendeu tudo. Não é fácil mesmo. Segue lendo. O que você conseguir guardar é o que está fazendo sentido pra você. A vida é assim também. Nem tudo a gente entende.
Depois do conselho, ele saiu do Convivência dando gargalhada.
Quase três décadas depois daquela conversa, nossos caminhos se reencontraram graças ao FAM.
No sábado passado, já eram os filhos do Celso que me chamavam para o FAM.
Eu disse SIM.
E agradeci.
Afinal, foi o FAM que me abriu as portas da divulgação cultural, que anos depois seria cristalizada com a Camerata Florianópolis.
Gratidão Celso, por tudo.
E segue o teu caminho, que um dia a gente se encontra.
Texto: Paulo Scarduelli