85 baleias avistadas e uma missão: proteger

A temporada 2025 de avistamento de baleias-francas no Litoral Sul de Santa Catarina começou com números animadores. O primeiro sobrevoo realizado neste ano registrou cerca de 85 animais, incluindo 38 duplas formadas por fêmeas e seus filhotes — os chamados Fefis — além de oito adultos e um subadulto. A contagem, feita na última sexta-feira (11), ainda está em fase de revisão e faz parte de um programa contínuo que combina ciência, preservação e operação portuária sustentável.

A observação aérea faz parte do Programa de Monitoramento das Baleias-francas da SCPAR Porto de Imbituba, que vai de 1º de julho a 30 de novembro. As ações são conduzidas por uma força-tarefa envolvendo o ProFRANCA/Instituto Australis, a Acquaplan Tecnologia e Consultoria Ambiental e o próprio Porto de Imbituba. Além dos sobrevoos, equipes de campo também realizam observações diárias a partir de pontos fixos nas praias de Porto e Ribanceira.

A operação desta sexta teve como objetivo cobrir toda a Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca, entre Florianópolis e Balneário Rincão. No entanto, o forte nevoeiro na região de Jaguaruna impediu a conclusão do percurso, interrompendo o sobrevoo na altura de Balneário Arroio Corrente.

As praias de Imbituba, entre o Rosa e Itapirubá Norte, lideraram em número de avistagens, com 21 pares de fêmeas e filhotes e cinco adultos. A praia de Ibiraquera concentrou a maior quantidade de grupos. Já em Garopaba, o destaque foi a praia do Siriú, com seis mães acompanhadas de seus filhotes, incluindo um raro exemplar semi albino.

Segundo Karina Groch, diretora de Pesquisa do ProFRANCA, a equipe já previa esse cenário otimista. “A temporada começou mais cedo neste ano, ainda no final de maio, e desde então temos observado uma presença significativa de baleias. O resultado do primeiro sobrevoo apenas confirmou essa tendência”, comentou.

O monitoramento vai além da ciência: ele também orienta ações operacionais no Porto de Imbituba. De acordo com a oceanógrafa Camila Amorim, da SCPAR Porto de Imbituba, os dados coletados ajudam a mapear áreas de uso frequente pelas baleias, permitindo a criação de protocolos que conciliam as operações portuárias com a segurança da espécie. “Com essas informações, conseguimos entender os padrões de uso da área pelas baleias e desenvolver procedimentos de proteção sem comprometer as atividades do porto”, explica.

O diretor-presidente do Porto de Imbituba, Christiano Lopes, destaca que o compromisso com a sustentabilidade é um pilar estratégico da atuação portuária. “É com grande satisfação que iniciamos mais uma temporada de monitoramento. Essa é uma ação essencial para alinharmos nosso desenvolvimento com a preservação da biodiversidade marinha”, afirma.

As baleias-francas já foram intensamente caçadas ao longo da costa brasileira, e por anos deixaram de ser vistas em Santa Catarina. Hoje, estima-se que a população da espécie esteja próxima de 800 indivíduos, com crescimento anual de 4,8%, fruto de duas décadas de pesquisa e proteção.

Para Paulo Márcio de Souza, gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente do Porto de Imbituba, as ações de hoje ajudam a compensar erros do passado. “Imbituba foi a última armação baleeira a encerrar suas atividades no estado. Cuidar dessas baleias é também uma forma de reconhecer e reparar essa história. O trabalho é feito com zelo e respeito por esses animais extraordinários”, conclui.

Monitoramento aéreo e terrestre fortalece preservação e adapta operações portuárias em Imbituba. Confira o vídeo!

Da redação

Fonte: Secom

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