Um brinde à pesquisa
Fapesc investe R$ 1 milhão em novos estudos para produção de vinho e uva em SC
Se o vinho tem a fama de ajudar quem produz conhecimento, chegou a hora da situação inverter. A ciência vai agora contribuir para a melhoria na produção de vinho e uvas. É o que a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) pretende com investimento de R$ 1 milhão em pesquisa aplicada na área.
O edital 36/2021 vai contemplar até cinco projetos de pesquisa com R$ 200 mil cada. Podem se inscrever pesquisadores doutores vinculados a instituições de ciência e tecnologia de Santa Catarina. O prazo encerra já em 1 de outubro.
Essa chamada pública vem contemplar uma das áreas em que Santa Catarina é destaque nacional e internacional. Segundo informações do Sindicato da Indústria do Vinho de Santa Catarina (Sindivinho), o Estado foi responsável pela produção de 60 mil toneladas de uva e 35 milhões de litros de vinho em 2019.
“Santa Catarina tem se destacado primordialmente, no setor vitivinícola, por profissionais capacitados e inúmeros vinhos originários de valorosas pesquisas e que estão aí demonstrando a qualidade e a tipicidade dos produtos da região, proporcionando maior competitividade ao Estado de Santa Catarina”, destaca o presidente do Sindivinho, Everson Fernando Suzin.
A produção de uvas e vinho abrange ainda uma área de cultivo de cerca de 6 mil hectares em diferentes regiões. Só de vinícolas, são 95 empresas registradas no Estado.
A pesquisa pode ser uma aliada para ampliar esse setor produtivo e tornar Santa Catarina um expoente. Suzin destaca que, entre as melhorias possíveis, estão o desenvolvimento de variedades resistentes a doenças e porta-enxertos e clones mais adaptados à região.
Foto: Reprodução
Segundo o presidente da Fapesc, Fábio Zabot Holthausen, Santa Catarina é destaque nacional e internacional na produção de vinho e que a fundação está atenta a este movimento. Por isso, lançou essa nova chamada pública. “A ideia é que os pesquisadores desenvolvam projetos conectados com empresas dentro dessas áreas temáticas e, com isso, fortaleçam a geração de novos produtos, o desenvolvimento de novas tecnologias, novos processos e novas metodologias que impactem nesse tema tão relevante para o Estado”, comenta.
A gerente de Ciência e Pesquisa, Deborah Bernett, também enfatiza os objetivos do edital. “Promete o trabalho colaborativo em redes de pesquisa, de conhecimento avançado, contribui muito para os programas e políticas públicas dentro do Estado. Também reforça a cadeia produtiva do vinho e incentiva a instalação de unidades de pesquisa e inovação em parceria com todo o ecossistema empresarial de Santa Catarina", completa.
Referência em vinhos de altitude
Quando se fala em vinho catarinense, vem logo a imagem dos vinhos finos de altitude. Esses vinhos são produzidos em áreas entre 900 a 1,4 mil metros acima do nível do mar, especialmente na Serra catarinense. Mas outras regiões também têm se destacado, especialmente em premiações nacionais e internacionais.
Um exemplo é o Barone Pequenas Produções, feito pela vinícola San Michele, da cidade de Rodeio, no Vale do Itajaí. Feito com uvas Nebbiolo, o vinho levou medalha no Gran Ouro por três anos seguidos - de 2016 a 2018 - no Concurs Mondial Bruxeles, um dos mais tradicionais do mundo. Já a D’Alture, de São Joaquim, levou em 2019 seis ouros de uma única vez no Wine South America.
Foto: Makito / Arquivo / Santur
Santa Catarina produz em média 1,5 milhões de garrafas de vinhos finos por ano. A meta da Associação de Vinhos de Altitude de Santa Catarina é quadruplicar esse montante nos próximos anos. “Quem investe em vinhos finos de altitude em Santa Catarina, não é só para fazer vinho fino de qualidade, mas para moldar uma região”, explica o presidente da associação, Humberto Conti.
Esses investimentos têm mudado uma cultura local que agora se desenvolve em torno do enoturismo e da enogastronomia. Fatores geográficos também são determinantes para que o setor tenha esse “boom” na produção de vinhos. A condição climática catarinense permite ter mais horas de frio e amplitude térmica. Com isso, a maturação é lenta e o vinho tem condições específicas, como acidez, equilíbrio e complexidade.
Conhecimentos avançados tem permitido usar os fatores naturais e garantir uma bebida de alta qualidade. “Estamos iniciando uma tradição com toda uma tecnologia disponível”, reforça Conti.
Da redação
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