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Férias, comida e afeto: onde está o problema?
Especialista em comportamento alimentar defende que férias são um convite à leveza, inclusive à mesa

Férias, comida e afeto: onde está o problema?
Durante o mês de julho, o consumo de alimentos cresce, especialmente em lares com crianças. Para especialistas, esse pode ser um ótimo momento para rever crenças e fortalecer vínculos com a comida. (Foto: Freepik)

Publicado em 11/07/2025

Julho chega e, com ele, o recesso escolar e uma série de hábitos afetivos que giram em torno da mesa: chocolate quente, fondue, pão de queijo, massas, doces caseiros. Para muitas famílias, esses momentos são sinônimo de união, mas também de culpa e desconforto. Afinal, boa parte das pessoas cresceu ouvindo que “comida de férias” é um excesso que precisa ser compensado depois. Para a nutricionista franco-brasileira, pesquisadora em Neurociência do comportamento alimentar e doutora pela USP, Sophie Deram, esse tipo de pensamento revela um problema cultural: o prazer de comer foi demonizado e transformado em motivo de punição.

“Comer com prazer virou sinônimo de fraqueza, especialmente para as mulheres. Mas proibir alimentos só aumenta a obsessão por eles. Férias não deveriam ser um gatilho de sofrimento e sim uma oportunidade de criar boas memórias em torno da comida”, afirma Sophie.

Sophie explica que o exagero não está na comida em si, mas na maneira rígida como fomos ensinados a lidar com ela: em ciclos de proibição e descontrole, onde ou tudo é permitido ou tudo é condenado. Sophie reforça que a simples escolha de mais comida fresca e caseira e menos industrializada já traz uma melhora da qualidade mesmo que seja chocolate quente ou bolos etc… são alimentos nutritivos e interessantes quando consumidos em paz

Para a nutricionista, o caminho mais saudável para uma relação equilibrada com a comida começa na infância e passa pela escuta corporal, pelo prazer e pela autonomia. Ao invés de listas de “proibidos”, ela propõe que os adultos ensinem as crianças a fazer escolhas a partir da consciência, e não da culpa. Isso inclui convidá-las para participar do preparo dos alimentos, entender os sinais de fome e saciedade, reconhecer os alimentos que dão prazer e acolher o fato de que comer é também um ato social e emocional.

“Férias significam pausa. Pausa para descansar, para brincar e também para aproveitar os sabores da estação. Não é o chocolate quente que causa problemas, mas a crença de que ele é um erro”, diz. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 340 milhões de crianças e adolescentes vivem com sobrepeso ou obesidade no mundo, e o excesso de controle alimentar, somado ao estigma do corpo, é apontado como fator de risco para transtornos alimentares.

O mês de julho, portanto, pode ser um momento potente para rever crenças e mudar narrativas. Comida não precisa ser motivo de ansiedade, e sim de vínculo, conexão e afeto. Comer bem também é comer com leveza e isso inclui o que se serve à mesa nas férias.

 

 

 

 

Da redação

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