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Descubra como as amizades na infância moldam um cérebro poderoso
A neurociência revela que conexões sociais na infância são vitais para o desenvolvimento do cérebro e da saúde mental ao longo da vida

Especialista enfatiza que investir em amizades saudáveis desde a infância é essencial para garantir que os jovens tenham a resiliência. (Foto: Freepik)

Publicado em 21/07/2024

O Dia do Amigo foi comemorado ontem, dia 20 de julho, em diversos países da América do Sul, como Brasil e Argentina, e está no calendário oficial de celebrações de algumas cidades como Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Essa data celebra a importância das amizades e reforça o papel essencial que elas desempenham em nossas vidas, desde a infância até a idade adulta.

Segundo Telma Abrahão, especialista em Educação Neuroconsciente, Traumas e Infância, e autora de best-sellers, as relações sociais são importantíssimas para um desenvolvimento saudável. “Somos mamíferos e seres sociáveis. O primeiro vínculo que temos é com a nossa mãe ou cuidador primário, mas por volta dos 4 anos de idade começamos a ter uma necessidade de nos relacionamentos com outras pessoas. Nos abrimos para o mundo e a socialização. A neurociência tem revelado insights fascinantes sobre a importância das amizades na infância e adolescência, mostrando como essas relações afetam o desenvolvimento neurológico, emocional e mental dos jovens”, afirma.

De acordo com a especialista, durante a infância, o cérebro está em pleno desenvolvimento, formando novas sinapses — as junções entre neurônios que permitem a transmissão de informações. “As experiências sociais são fundamentais nesse processo. Quando as crianças interagem com seus amigos, os estímulos sociais positivos potencializam a criação e fortalecimento dessas conexões sinápticas, desenvolvendo habilidades cognitivas e emocionais importantes para os relacionamentos ao longo da vida”, explica.

O processo de entender e empatizar com as intenções e emoções dos outros é intensamente ativado durante as interações sociais. Estudos revelam que a área temporo-parietal do cérebro (TPJ), responsável pela empatia, mostra maior atividade quando jovens observam e reagem aos sentimentos dos amigos. “Essa atividade cerebral é fundamental para o desenvolvimento da empatia e da compreensão social, habilidades essenciais para a vida adulta. Esse processo exige um esforço cognitivo significativo, especialmente ao lidar com pessoas desconhecidas, o que reforça a importância das amizades na formação dessas habilidades sociais complexas” ressalta Abrahão.

Amizades fortes e seguras também desempenham um papel vital na regulação do estresse. Pesquisas indicam que crianças e adolescentes com amizades sólidas apresentam menores níveis de cortisol, o hormônio do estresse. “Essas relações proporcionam um suporte emocional constante, ajudando os jovens a enfrentar desafios e reduzir sintomas de ansiedade e depressão. As interações sociais positivas atuam como um amortecedor emocional, protegendo a saúde mental e promovendo um ambiente onde o cérebro pode funcionar de maneira mais eficaz, por isso são tão importantes”, explica a especialista.

Já durante a adolescência, a necessidade de intimidade e apoio emocional em amizades se intensifica. Os jovens começam a se afastar gradualmente da dependência dos pais e a buscar mais apoio entre os pares. Estudos mostram que adolescentes com amizades saudáveis têm maior autoestima, melhor desempenho acadêmico e são mais capazes de enfrentar adversidades emocionais. “Essa fase da vida é marcada por uma intensa remodelação cerebral, onde as conexões sinápticas são refinadas e as amizades ajudam a moldar essas mudanças, influenciando o comportamento e a saúde mental dos adolescentes”, alerta Telma.

A especialista enfatiza que a qualidade das amizades é mais importante do que a quantidade. “Relações que oferecem segurança, confiança e pouca conflitualidade são associadas a uma melhor saúde mental. Adolescentes que conseguem cultivar amizades saudáveis tendem a ter uma vida emocional mais equilibrada e são menos propensos a vícios e comportamentos de risco. Essas relações de qualidade promovem um ambiente onde o cérebro pode se desenvolver de maneira saudável, fortalecendo as habilidades de resolução de problemas e resiliência emocional”, destaca.

Os insights da neurociência têm implicações práticas importantes. Telma Abrahão sugere que pais e educadores incentivem os jovens a desenvolver e manter amizades, oferecendo oportunidades para interações sociais positivas e intervenções quando necessário. Ela ressalta que investir na promoção de amizades saudáveis desde a infância é essencial para garantir que os jovens tenham a resiliência e o suporte necessários para enfrentar os desafios da vida adulta.

“As amizades são mais do que simples relações sociais: são componentes vitais para o bom desenvolvimento emocional das crianças e adolescentes. Compreender essa importância pode ajudar a criar ambientes ricos em conexões sociais, garantindo que eles desenvolvam as habilidades necessárias para uma vida emocionalmente e mentalmente saudável”, finaliza Abrahão.

 

 

Da redação

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