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Será que estamos muito reativos, sobrecarregados, gastando o tempo “onde” não deveríamos, ou todas essas opções? Eu explico.

Neste momento você está lendo isto. Com sorte irá ultrapassar algumas linhas antes de concluir que está perdendo tempo. Continue, eu insisto. Pelo menos irá refletir em algo, assim espero.

Como está lendo? Com os ombros contraídos? Apertando os dentes uns contra os outros? Deitado ou sentado de maneira aceitável, ou todo “torto” e de qualquer jeito? Não, este não é um texto sobre postura. Nem sobre ergonomia. É sobre a tensão que todos estão carregando, ou sobrecarregando. E pra onde ela está indo? Ou pra onde estamos dispensando-a?

Minha pergunta inicial: estamos muito reativos? Você acha que, de uns tempos para cá - inclusive em tempos de redes sociais -, todos estão mais reativos que o normal? Será que realmente precisamos ter opinião formada sobre tudo? Tomar lados, emitir opinião calorosa, mesmo quando ninguém perguntar?

Receio que não. Creio que, se não temos ferramentas e conhecimento suficiente, devemos fazer como um médico que encaminha para o colega especialista: não emitir opinião. Emitir um sonoro "acho que não tenho conhecimento ou embasamento suficiente para dar uma opinião" e sair.

Estamos sobrecarregados? Assumindo mais funções do que deveríamos, mais horas do que precisaríamos trabalhar, mais compromissos do que precisaríamos assumir? Estamos apertando os dentes nesse momento?

Bruxismo? Provavelmente. Nesses tempos pós pandemia, desvalorização de moeda (você vai ao mercado e pouco rende o dindim), frustrações profissionais ou pessoais de alguns, sim, muitos – e digo muuuuuuuitos -, desenvolveram esse hábito parafuncional que chamamos de bruxismo. Com ele, vem a dor de cabeça, os dentes desgastados, dentes quebrando ou lascando, dores na cervical, fadiga muscular... etc, etc e etc (e vários etc porque são vários sinais e sintomas que o bruxismo pode acarretar em sua vida).

Estamos gastando o tempo "onde" não deveríamos? Pense com você mesmo, sem colocar em voz alta: quais são os tempos que você precisa gastar: comer, dormir, trabalhar ou desenvolver uma atividade, família, prazer, amigos. Quanto tempo ficou conectado de rede em rede, sendo que, no final, não ganhou absolutamente nada? Há quanto tempo não faz algo que realmente te dá uma sensação de felicidade e relaxamento? Há quanto tempo?

Quem sabe todos só possamos estar menos “inflamados”, com menos certezas. Ao invés de emitir um julgamento ou opinião árdua sobre algo ou alguém, podíamos soltar um “depende”, “não sei sobre esse assunto”, “vou me informar para saber e depois eu digo o que acho”. Lembre-se do médico que encaminha o paciente e, de vez em quando, lembre-se de encaminhar o assunto, para o além, para depois, ou para nunca mais.

Quem sabe, ao invés de ficar on-line por muito tempo, coloque um objetivo na navegação virtual: vou ficar x tempo on-line, vou buscar tal assunto, vou ler sobre tal notícia, mas não vou divagar pelas redes. Vou usar esse tempo para assistir a um filme, a uma série ou para pegar aquele livro na estante - que há tanto tempo quero ler - e ler. Finalmente. Talvez sobre isso eu também consiga dar uma mãozinha: temos um clube do livro em Floripa há 8 anos e, para isso, bem, você precisa, primeiro de tudo, ler.

Quem sabe no início você estava mesmo apertando os dentes e percebeu que passou boa parte do dia assim. E que ontem e no dia anterior também acordou com uma dor de cabeça. E que talvez sua queixa seja uma dor na cervical de tempos em tempos. Nisso creio que possa te ajudar, podemos controlar seu bruxismo e evitar que seus dentes sejam apertados e todos esses sintomas apareçam.

Quem sabe você conclua que hoje já passou muito tempo conectado - e que (ufa!) você, minha mãe e umas duas amigas concluíram e leram esse texto até o final -, e tenha decidido e refletido que passou mesmo tempo demais on-line, e que, por isso, vai fazer algo off-line: falar com quem está na sua casa, ler, assistir a um filme, mandar uma mensagem para alguém, cozinhar ou dormir.

Bom, se optar por dormir, é também uma opção válida.

Sem te sobrecarregar com mais uma informação, vou poupá-lo (a) disso e só pedirei que você escove os dentes antes de dormir. OK, OK, OK, você vai dizer: “óbvio que eu escovarei os dentes antes”. Foi o que eu imaginei.

Mas, assim como o que escrevi aqui, não foi novidade, esse final, esse pedido de escovar os dentes também não.

Afinal, o óbvio precisa ser dito.

Dra Amanda Lima. 
@dentistaamandalima

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