Sob a batuta de Jeferson Della Rocca: o maestro das multidões
Concerto após concerto, Jeferson Della Rocca foi se consolidando como um nome essencial no cenário artístico catarinense à frente da Camerata Florianópolis. Hoje ele é o maestro das multidões, capaz de reunir milhares para ouvir clássicos da música erudita e popular. Em entrevista exclusiva ao Imagem da Ilha, Della Rocca faz uma declaração de amor por Florianópolis. Destaca a importância da valorização da música autoral catarinense - e indica canções para uma playlist com artistas de Santa Catarina. Aproveite para incluir na agenda: o maestro antecipa onde a Camerata se apresentará no período natalino.
Imagem da Ilha: Estão sendo lançados este mês 10 clipes inéditos da orquestra com artistas de Santa Catarina, feitos em parceria com a produtora 30 Por Segundo e o estúdio Magic Place. Você afirmou recentemente que considera este um dos projetos mais bonitos em 30 anos de Camerata. Como foi a escolha dos artistas convidados? A música autoral catarinense é, de maneira geral, pouco conhecida pelos catarinenses?
Maestro Della Rocca: A Camerata Florianópolis, em toda sua trajetória, sempre reservou um espaço de destaque para a composição erudita e popular, justamente por considerar que a criação deve ser permanentemente incentivada. A nova música só poderá existir se espaços forem criados para dar visibilidade, sustentabilidade e valorização. Neste sentido, sempre considerei como um dever meu e da orquestra criar diversas oportunidades para promover a composição contemporânea. Já executamos em concertos e gravamos diversas obras. Os trabalhos recentes com o coletivo "Elas & Camerata" e o "Nossa Música SC” provam que a música produzida hoje em Santa Catarina está entre as melhores do cenário nacional. Trabalhos originais, excelência artística e técnica, intérpretes de alto nível e o público local que já percebeu que a música produzida aqui não perde em nada para a feita em outros centros do Brasil. O interesse recente de diversos veículos de comunicação em divulgar estes artistas, mostra que estamos pouco a pouco evoluindo no sentido de garantir ao artista bases mais sólidas para consolidar seu trabalho autoral.
Imagem da Ilha: O funk carioca venceu recentemente, pela segunda vez consecutiva, o prêmio de melhor clipe latino do ano com um hit da cantora Anitta. Como você reage ao sucesso em escala global do polêmico gênero nascido nos morros do Rio? Algum dia teremos um “Tributo a Anitta”?
Eu costumo ter bastante cuidado para não emitir julgamentos em relação ao trabalho de colegas de diversos segmentos da música. Posso, pessoalmente, gostar ou não! No caso do funk, não é um estilo que me atrai, mas certamente muitas qualidades a Anitta deve ter para ter conseguido conquistar um grande público e tantos prêmios.
Imagem da Ilha: Vamos atualizar uma pergunta feita pelo Imagem da Ilha numa entrevista anterior: o que você mais tem ouvido nos últimos tempos? Quem são os compositores eruditos contemporâneos que você ouve e recomenda?
Gosto de ouvir Philip Glass, Igor Stravinski, Richard Strauss, Alberto Ginastera, mas também ainda dedico bastante tempo para ouvir a música do final do século XIX e música de compositores menos conhecidos dos séculos anteriores.
Imagem da Ilha: Em tempos digitais, lançamos um desafio: monte uma playlist com cinco músicas que todo mundo deveria ouvir na sua plataforma de streaming.
Vou aproveitar o momento para divulgar a música de excelente qualidade feita aqui em Santa Catarina! Recomendo Blues de Breque (Marcoliva e Claudio Schuster), Doutor Pedroca (Grillo e os Mosquitos), Fazer as Pazes (Semserteza), Glaciar (Luiz Gustavo Zago), Telepatia (David Toledo), Overcome (Lídia Piermartiri), Desdentado (Parafuso Silvestre), Não é Poesia (Stella Folks), Águas Dessa Rua (Outros Bárbaros), Caso Quebrado (Joana Castanheira), Ultimar (Tatiana Cobbett). Pretas Yabás (Dandara Manoela) e Senhora do Ouro (Ana Paula da Silva)
Imagem da Ilha: Beatles, Queen, Pink Floyd ou Led Zeppelin? Qual você considera a maior banda de rock de todos os tempos?
Afirmar que uma banda de rock é melhor que outra é uma atitude que requer cuidados (e coragem!), ainda mais sabendo que uma boa parte do nosso público é aficionada por este estilo musical. Todas as mencionadas são excelentes, músicos competentes, criativos e conseguiram conquistar multidões. Eu pessoalmente tive uma fase de minha vida que ouvi muito rock and roll, principalmente Led Zeppelin, Queen, Yes, Jethro Tull, Pink Floyd, Rush, Black Sabbath, Deep Purple e The Beatles (nesta ordem). Mas isso não significa nada, apenas gosto pessoal mesmo, cada um vai ter a sua playlist predileta!
O Maestro Jeferson Della Rocca, além do talento como regente, encanta pelo carisma nas apresentações (fotos: Tóia Oliveira)
Imagem da Ilha: A chegada do fim de ano traz de volta a tradição da música natalina. O que a Camerata reserva ao público para celebrar o Natal? E o Réveillon?
A Camerata Florianópolis tem previstos 2 shows abertos para celebração do Natal em Florianópolis: O já tradicional "Sinfonia WOA de Natal" na praça Getúlio Vargas no dia 19 de novembro e o Concerto de Natal da Prefeitura de Florianópolis e empresas parceiras no dia 22 de dezembro na Avenida Beira-mar Norte de Florianópolis. Faremos todo o possível para transformar esses momentos em algo muito especial!
Imagem da Ilha: Você deve se sentir muito feliz por proporcionar alegria e beleza num mundo tão conturbado. Como você se sente tendo esse “poder” sobre as multidões?
Sou muito feliz por poder trabalhar com aquilo que mais gosto, por sentir que nossa arte faz diferença na vida das pessoas, de sentir que conseguimos contribuir com nossa parcela nesta grande construção cultural em nosso Estado! Sobre a afirmação de ter algum “poder" sobre as multidões, não acredito que tenha qualquer grande influência em relação a ninguém. Liderar um grupo, como uma orquestra por exemplo, ao meu ver passa principalmente pela habilidade de extrair de cada componente aquilo que tem ele tem de melhor, motivar o crescimento e não ofuscar sua luz própria.
Imagem da Ilha: Você já se imaginou longe da Camerata Florianópolis, regendo outras orquestras? Já recebeu propostas quase irrecusáveis?
Estou na Camerata Florianópolis desde o princípio, é um projeto que me dediquei integralmente durante uma grande parte de minha vida, muito difícil me imaginar longe de tudo isso.
Durante esses anos todos recebi muitos convites para reger como convidado outras orquestras, alguns aceitei, como também recebi excelentes propostas diversas, mas nunca cogitei deixar a Camerata. Também porque amo viver em Florianópolis, as pessoas daqui, o carinho e energia de nosso público. Sigo feliz neste caminho da arte!
Por Urbano Salles
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